1. O surgimento das brelfies
As brelfies ou breastfieding selfies (selfies de amamentação) começaram a ganhar adeptas depois que, em 2013, Gisele Bündchen resolveu postar a seguinte foto no Instagram:
Reprodução / Instagram
Aí a ideia caiu no gosto de outras mamães, como a top Miranda Kerr, a atriz Alyssa Milano e a cantora Gwen Stefani.
A onda das brelfies vem dividindo opiniões desde então. Há quem considere a exposição desnecessária, há quem acredite que essa é uma forma de protesto e há quem apenas veja essas fotos como imagens sensíveis de um momento corriqueiro em que mãe e filho trocam afeto. E é aí que surgem os paradoxos: como pode ser revolucionário um ato tão instintivo e natural quanto a alimentação de um recém-nascido? Como pode ser vulgar a troca de carinho entre uma mãe e seu filho, na forma como é feita desde o início dos tempos? Há realmente o que censurar nessas imagens?
2. Seio X erotização
O que torna o seio feminino ofensivo e o masculino não? A cultura do pudor é tão ancestral e já está aí há tanto tempo que paramos de tentar compreender o porquê dela. Essa é uma das principais pautas de diversos grupos feministas ao longo de décadas e deu origem ao movimento Free The Nipple (“liberte o mamilo”), em Nova York.
Muito já foi feito na luta contra a opressão exercida sobre as mulheres, mas há muito ainda por fazer. Não soa paradoxal ver que o seio feminino, cuja funcionalidade original é alimentar um bebê, veio a ser massivamente erotizado e hostilizado dessa maneira?
3. Mas afinal, quando pode?
Nos EUA, a discussão ganhou destaque no início de 2014 quando uma mãe foi advertida a não amamentar dentro de uma loja da grife Victoria’s Secret, no Texas. Aí virou piada pronta, lógico. Somos bombardeadas pela objetificação do corpo feminino por todos os lados e, justo na hora de amamentar, o seio é censurado. Segundo o movimento Free The Nipple, 32 estados americanos proíbem a exibição pública do mamilo feminino, inclusive para fins de aleitamento materno.
Aqui no Brasil os relatos de constrangimento público também estão por toda a parte. A revolta de mães paulistanas chegou à Câmara de Vereadores depois que uma mulher foi impedida de amamentar no Sesc Belenzinho, na capital paulista. O caso motivou um “mamaço” como forma de protesto e resultou em um projeto de lei criado pelos vereadores Aurélio Nomura (PSDB), Patrícia Bezerra (PSDB) e Edir Sales (PSB). Sancionada pelo prefeito Fernando Haddad (PT) em abril de 2015, a lei prevê multa para estabelecimentos que impeçam o aleitamento em público.
4. Nem o papa vê problema
No início de 2015, o papa Francisco surpreendeu a todos quando, durante um batismo, disse às mães que elas eram bem-vindas a amamentar seus pequenos na Capela Sistina. Não importa a religião que você siga, mas quando o líder da Igreja Católica passa a ser mais tolerante do que o senso comum, é de se pensar a respeito.
5. Não estou disposta!
Que o leite materno é o alimento mais completo para as crianças de colo, disso ninguém mais duvida. Mas o que fazer quando você sabe que seu filho sentirá fome durante um passeio no shopping ou em meio a um ônibus lotado? Nenhuma mãe deveria ter de carregar aparatos plásticos para evitar o constrangimento alheio. A natureza encarregou-se de desenvolver a mais perfeita das mamadeiras e ela está ali, à disposição dentro de cada sutiã. É direito nosso amamentar de peito aberto.