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Risco de obesidade infantil aumenta durante quarentena, saiba o que fazer

As mudanças bruscas na rotina afetaram a saúde dos pequenos, e podem levar a consequências de longo prazo no desenvolvimento infantil.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 12 jun 2020, 17h01 - Publicado em 12 jun 2020, 17h01

Apesar de ainda não haverem grandes estudos sobre o tema, é consenso entre os especialistas que a quarentena, apesar de necessária para conter a Covid-19, pode elevar o risco de sobrepeso e obesidade nas crianças. Mudanças na rotina e o impacto psicológico do confinamento são apontadas como as principais causas do problema.

Uma das primeiras pesquisas a avaliar o assunto na prática, publicada no periódico Obesity, acompanhou 41 crianças italianas com obesidade durante cerca de um mês. 

Ao comparar o comportamento do grupo em relação ao mesmo período do ano passado, os cientistas descobriram que elas comiam em média uma refeição a mais por dia e aumentaram “dramaticamente” o consumo de bebidas açucaradas e alimentos ultraprocessados, como bolachas, salgadinhos e outros. 

A endocrinologista pediátrica Luciana Cristante Izar, do Sabará Hospital Infantil, em São Paulo/SP, enxerga cenário semelhante no Brasil e destaca alguns motivos para isso. “Os horários para a refeição estão mais confusos, aumentando as chances de beliscar entre as refeições”, comenta a médica. 

Fora que, com os pais mais sobrecarregados do que nunca, é natural que não haja tempo para planejar as refeições. “Assim, muitas vezes os adultos deixam de cozinhar e optam por pratos práticos, como congelados, fast-foods e petiscos que são ricos em sódio, açúcar e gordura”, continua Luciana.

Ainda nesta seara, como as idas ao supermercado ficaram mais escassas, itens frescos e naturais, como frutas, legumes e verduras, tendem a acabar mais cedo em casa. 

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Prejuízos na saúde 

Se antes havia uma impressão de que o isolamento era algo temporário, onde regras poderiam ser quebradas, hoje, no terceiro mês em casa, está mais claro que tantas “exceções” têm potencial efeito negativo na saúde infantil. 

“O ganho de peso infantil pode não ser tão facilmente revertido depois, e contribuir com o risco de obesidade na vida adulta”, destacou em comunicado à imprensa Myles Faith, psicólogo da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, co-autor da pesquisa com as crianças italianas. Neste cenário, há maior probabilidade de desenvolver no futuro doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e males cardiovasculares. 

Fatores emocionais e comportamentais podem favorecer ganho de peso

Estresse, tédio, medo e ansiedade, sentimentos tão comuns durante esse período, influenciam nos hábitos alimentares. “A criança, assim como os adultos, pode usar a comida como válvula de escape, para preencher o vazio deixado pela escola, pelo convívio com os amigos e a família”, comenta Gabriela Kapim, nutricionista e autora do livro Socorro! Meu filho come mal (Editora Leya, 2014).  

Por fim, o aumento do uso de telas tem dois efeitos no ganho do peso. O primeiro é direto, pois a tendência é passar mais tempo sentado do que se mexendo. “O sedentarismo reduz o metabolismo e o gasto energético, o que contribui para o ganho de peso”, destaca Luciana. O segundo, mais indireto, é que elas podem bagunçar o sono dos pequenos.

“Esse sono prejudicado aumenta o apetite e contribui para o ganho excessivo de peso”, completa Luciana. 

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Como saber se o ganho de peso é excessivo? 

Por se tratar de uma situação super atípica, é natural que hajam flutuações no peso de crianças e adultos. Mas vale acompanhar a situação para detectar cedo aumentos relevantes, que ameacem a saúde infantil. Um jeito de fazer isso é monitorando o índice de massa corpórea (IMC) dos pequenos, que leva em conta peso e altura. 

“Em caso de sobrepeso e, principalmente de obesidade, é importante que a criança seja avaliada pelo pediatra, endocrinologista ou nutricionista para realizar ajustes na alimentação, mesmo que com o auxílio da telemedicina”, destaca Luciana. O site do Hospital Sabará oferece uma calculadora de IMC infantil que facilita o cálculo, basta ter balança e fita métrica em casa.   

Dicas para prevenir a obesidade infantil durante a quarentena 

Como qualquer hábito alimentar estabelecido na primeira infância tende a se perpetuar, o ideal é agir logo e garantir, desde cedo, uma relação equilibrada com o prato. Veja algumas estratégias para melhorar esse relacionamento:

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