Crianças devem consumir no máximo 25g de açúcar por dia
Essa recomendação vale para meninos e meninas com idades entre 2 e 18 anos.
Sódio, gordura trans, gordura saturada… Todos esses elementos já estiveram na mira da ciência por estarem presentes em excesso em itens industrializados, colocando a saúde de crianças e adolescentes em risco. Agora, o foco está em outro vilão: o açúcar. Especialistas do mundo inteiro estão atentos a esse ingrediente, que costuma aparecer em abundância não só em doces, mas também em sucos, refrigerantes e nos alimentos prontos.
Além de diminuir as taxas de açúcar nos produtos industrializados, os esforços de pesquisadores e das principais entidades de saúde têm se concentrado em reduzir o consumo dessa substância pelos pequenos, que podem desenvolver doenças sérias no curto e no longo prazo em razão dos abusos cometidos à mesa. Daí porque a Associação Americana do Coração, uma das mais respeitadas instituições do globo, divulgou, nesta segunda-feira (22), novas recomendações para a ingestão de açúcar entre as crianças.
De acordo com o documento, publicado na revista científica Circulation, meninos e meninas com idades entre 2 e 18 anos não devem comer nem beber mais do que 25 gramas de açúcar por dia – o equivalente a 6 colheres de chá. “Para a maior parte das crianças, essa quantidade é saudável e uma meta fácil de atingir”, assegura Miriam Vos, principal autora do artigo e professora de Pediatria da Escola de Medicina da Universidade Emory, nos Estados Unidos.
A orientação se refere ao açúcar de adição, que é aquele incluído no preparo ou no processamento de comidas e bebidas. Para os baixinhos que ainda não completaram o segundo aniversário, a entidade americana prescreve que não seja dado nenhum produto ou refeição com açúcar adicionado – e isso vale tanto para o tipo refinado quanto para o mel e a frutose, por exemplo. “Até os 2 anos, a melhor forma de evitar os açúcares de adição é oferecer alimentos nutritivos, como as frutas, os vegetais, os grãos integrais, os lácteos, as carnes magras e limitar itens com pouco valor nutricional”, aconselha Vos.
Segundo a Associação Americana do Coração, nos dois primeiros anos de vida, a necessidade diária de calorias é menor do que a de crianças maiores e dos adultos. Então, nessa faixa etária, todo o cardápio dos pequenos deve ser ocupado com ingredientes que vão contribuir, de fato, para o desenvolvimento infantil. Além disso, ofertar alimentos in natura e com temperos naturais é a melhor forma de fazer com que a criançada goste, desde cedo, daquilo que é saudável. Dar somente gostosuras adocicadas para o seu filhote vai agradar – e muito – o paladar dele; só não vai fazer com que ele cresça forte e cheio de saúde.
A recomendação é urgente
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O documento da entidade americana foi feito a partir de uma extensa revisão científica de estudos que investigaram os efeitos do consumo de açúcar na saúde das crianças. “Há uma falta de clareza e consenso sobre a quantidade de açúcar considerada segura para os pequenos, então esse ingrediente continua a ser adicionado em comidas e bebidas e a ser ingerido em excesso na infância”, explica Miriam Vos.
Abusar na doçura pode custar caro à meninada: obesidade, hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares são algumas das consequências de tomar muito refrigerante e suco industrializado, por exemplo, e de devorar biscoitos recheados, cereais com açúcar e bolos além da conta. “Crianças que se alimentam de itens com muito açúcar de adição tendem a comer menos comidas saudáveis que são boas para o coração”, destaca a pesquisadora.
Metas
A partir de julho de 2018, todos os rótulos de produtos industrializados vendidos nos Estados Unidos deverão listar a quantidade de açúcar adicionado, para que as pessoas consigam seguir a recomendação da Associação Americana do Coração. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o açúcar de adição não deve representar mais do que 10% do total de calorias consumidas num dia. Para se ter uma ideia, uma criança de 2 anos de idade precisa de 1 mil calorias diariamente. Então, desses, no máximo 100 deveriam vir da substância doce – e é exatamente o que contêm as 6 colheres de chá recomendadas pela associação dos EUA.
E os adoçantes?
A entidade americana não divulgou um posicionamento sobre o consumo de aspartame, sacarina, sucralose e afins pelas crianças. Segundo os experts, não há evidências científicas suficientes para ser a favor ou contra a presença dessas substâncias na dieta infantil.