Quantidade de espermatozoides nos homens vem reduzindo, diz estudo
A pesquisa analisou dados de 57 mil indivíduos, de 53 países, ao longo dos anos. Ainda não se sabe qual a causa por trás disso
Diferentemente da mulher, as causas de infertilidade masculina em geral se relacionam à manutenção de hábitos nocivos à saúde. Durante uma análise sobre a fertilidade humana, pesquisadores de diversos países descobriram que o ambiente e o estilo de vida modernos podem, inclusive, ter a capacidade de declinar a contagem de espermatozoides dos homens.
A meta-análise (publicada em 15 de novembro na revista Human Reproduction Update e liderada pelo professor Hagai Levine, da Universidade Hebraica de Jerusalém) revisou 223 estudos com base em amostras de sêmen de 1973 a 2018, totalizando mais de 57 mil homens, de 53 países.
A pesquisa complementa resultados obtidos em 2017. Os dados atuais revelam que homens da América do Sul, Ásia e África também apresentam declínio significativo na concentração de gametas masculinos, fenômeno antes observado em pacientes da América do Norte, Europa e Austrália.
“Estamos vendo um declínio mundial significativo na contagem de espermatozoides. Mais de 50% nos últimos 46 anos, uma redução que se acelerou de tempos para cá”, comentou o professor Levine em nota à universidade. Os cientistas também descobriram que, além de afetar a fertilidade, isso pode ter ligação com o desenvolvimento de anomalias no sistema reprodutor masculino.
“O preocupante declínio em mais de 1% a cada ano, conforme relatado em nosso artigo, é consistente com outros resultados que avaliam câncer testicular, interrupção hormonal e defeitos congênitos genitais. Isso claramente não pode continuar sem controle”, afirmou Shanna Swan, pesquisadora da Escola de Medicina Icahn em Mount Sinai, Nova York.
O estudo não identificou as causas exatas do declínio na contagem de espermatozoides. No entanto, de acordo com Levine, o estilo de vida e o uso exagerado de produtos químicos no ambiente afetam cada vez mais o desenvolvimento fetal, e distúrbios na formação do trato reprodutivo ainda dentro do útero podem comprometer a fertilidade ao longo da vida, além de levar a disfunções reprodutivas.
“O tempo está se esgotando. Temos um problema sério em mãos que, se não for mitigado, pode ameaçar a sobrevivência da humanidade. Pedimos urgentemente uma ação global para promover ambientes mais saudáveis para todas as espécies e reduzir as exposições e comportamentos que ameaçam nossa saúde reprodutiva”, alertou o professor.