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Quais são as chances da criança ter miocardite após a vacina da Covid-19?

Especialistas explicam que a incidência da inflamação no coração é 16 vezes maior pela infecção pelo coronavírus do que pela imunização.

Por Alice Arnoldi
18 jan 2022, 17h00
 (Carol Yepes/Getty Images)
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O dia 5 de janeiro foi marcado pela inclusão de crianças de cinco a 11 anos no Plano Nacional de Operacionalização contra Covid-19, com a orientação do Ministério da Saúde para que os pais procurem pelo pediatra dos filhos antes da imunização e, assim, sejam instruídos sobre os possíveis efeitos colaterais da vacina, especialmente a miocardite. Com esta ressalva do órgão federal de saúde, é inevitável não se deparar com a dúvida: quais são os verdadeiros riscos dos pequenos desenvolverem esta condição após serem vacinados?

O cardiologista pediátrico Gustavo Foronda, do Departamento de Cardiologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), explica que a miocardite é a inflamação do músculo cardíaco, sendo ocasionada por infecções por vírus, bactérias, fungos e parasitas. “Na infância, as causas virais são muito frequentes, em geral por enterovirus (aqueles que se replicam principalmente no trato intestinal, causando sintomas como febre, vômito e dor de garganta)”, completa o especialista.

Pela inflamação cardíaca se desenvolver principalmente por infecções, o que a comunidade médica enfatiza é que crianças pequenas têm mais chances de apresentarem miocardite caso sejam contaminadas pela Covid-19 do que ao serem imunizadas contra a doença pandêmica.

“Nas crianças de cinco a 11 anos, a ocorrência da miocardite associada à vacina da Pfizer/BioNTech foi 16 vezes menor do que a causada pela Covid-19. Foram casos raros e não teve nenhuma morte associada, ou seja, todos foram de boa evolução clínica e sem sequelas”, esclarece Mônica Levi, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A infectopediatra Euzanete Maria Coser, membro do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), ainda completa que as análises liberadas pela farmacêutica indicaram que a miocardite após a vacina foi mais observada em adolescentes e adultos jovens do que em crianças dentro da faixa etária indicada para a imunização. Além disso, a doença pandêmica pode causar 15% a mais de inflamação no coração do que a vacina em si, como informa a especialista. 

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Então, por que é preciso alertar sobre a miocardite?

Ainda que os números da condição no público infantil não sejam alarmantes, é preciso que sempre haja transparência sobre os dados da vacina pediátrica, inclusive a respeito de suas reações adversas. “Todos os efeitos colaterais encontrados devem ser divulgados”, pontua Euzanete.

Só é preciso ter em mente que a relação feita entre a inflamação cardíaca e imunização não é um cenário exclusivo da proteção contra o coronavírus. “A miocardite está documentada como uma possível reação de quase todas as vacinas. Inclusive, há maior chance de desenvolver a condição por um vírus – como o da Influenza – do que pela imunização”, explica a cardiologista Nicolle Queiroz, intensivista na UTI COVID nos hospitais São Luiz e São Camilo.

Assim, a orientação da especialista é que os pais estejam em contato com o pediatra do pequeno para que ele possa acompanhar o período após a vacina. Mas a partir do momento que ela foi liberada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e recomendada pelo Ministério da Saúde, significa que sua segurança foi comprovada.

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“Tivemos um número relevante de hospitalização de crianças, longos períodos até sem vagas em acomodações de internação para elas. Portanto, não há como ignorarmos que elas têm um potencial de risco de vida e precisam ser vacinadas”, finaliza a especialista.

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