Menos fios, mais carinho: novos sensores para UTI neonatal vêm aí
Pesquisadores dos Estados Unidos desenvolvem tecnologia que promete diminuir o isolamento dos recém-nascidos que precisam ficar internados
Um sensor para monitorar bebês internados na UTI neonatal sem fio, discreto e que permite aos pais ter mais contato físico com os filhos. A invenção foi apresentada nesta semana pela Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, depois da realização de estudos clínicos que comprovam sua eficácia.
Praticamente todos os prematuros precisam passar pela UTI neonatal pelo menos por alguns dias para cuidados iniciais logo após o parto. O ambiente salva vidas, mas não é o mais acolhedor do mundo, pois exige alguns cuidados que impedem que o bebê fique em contato direto com os pais.
Normalmente, são cinco ou seis fios com eletrodos conectados à pele do bebê para monitorar respiração, pressão sanguínea, oxigênio, batimentos cardíacos e outros indicadores de saúde. Embora eles sejam imprescindíveis, acabam restringindo os movimentos do pequeno e impõem uma barreira física entre ele e os pais. Amamentar e ninar ficam mais difíceis, e andar com o filho no colo é inviável.
A importância do contato pele a pele
O toque é parte do desenvolvimento do bebê, e é importante especialmente para prematuros e recém-nascidos doentes. “Já foi demonstrado que ele diminui o risco de complicações pulmonares, problemas renais e infecções”, explica Amy Paller, pediatra dermatologista e uma das autoras do projeto.
Com o novo monitor, será possível inclusive analisar melhor como o organismo dos bebês reagem ao contato pele a pele. Assim, a expectativa é de que novos estudos sobre as vantagens do toque apareçam, ainda mais aprofundados. Uma coisa é certa: o fardo psicológico da UTI neonatal para pais, profissionais de saúde e bebês pode diminuir com a queda da barreira física.
Um estudo recente mostrou que a proximidade reduz a exposição ao estresse e pode fortalecer a formação de vínculos entre pais e bebês.
A pele também agradece
A fita usada para grudar os sensores pode causar irritação e aumentar o risco de infecções cutâneas nos prematuros, que ainda não atingiram o estágio final de desenvolvimento do corpo e que chegam a ter a pele 40% mais fina do que o recém-nascido à termo.
Nos estudos conduzidos com o novo sensor, 70 bebês usaram o dispositivos e não apresentaram sinais de lesão na pele. Isso ocorre porque ele é mais leve, fino e feito com material suave, um silicone elástico que carrega minúsculos componentes eletrônicos conectados com fios que se movem junto com o corpo.
Outras vantagens
A ausências de fios é uma das vantagens da novidade, que permite ainda a medida da pressão arterial — que até agora é feita com métodos que lesionam a pele do bebê — e a medição dos sinais vitais nas duas extremidades do corpo.
Os pesquisadores estimam que os sensores chegarão aos hospitais norte-americanos nos próximos dois ou três anos. Cada unidade custa menos de 10 dólares e pode ser esterilizado e lavado. O time da universidade pretende enviar a tecnologia a países em desenvolvimento em parceria com organizações não governamentais.