Melatonina para crianças: entenda os efeitos e riscos da substância
Cada vez mais popular entre os pais, a suplementação do “hormônio do sono” não é indicada para os pequenos e pode desencadear sonolência durante o dia
A melatonina é o hormônio responsável por regular o relógio biológico do corpo humano. Embora o organismo a produza naturalmente, a sua suplementação tem se tornado cada vez mais popular para adultos e crianças que enfrentam problemas com o sono.
Esses suplementos, entretanto, não são indicados para os pequenos, pois não há segurança de uso comprovada nessa faixa etária. Na verdade, o consumo excessivo ou prolongado da substância pode trazer riscos e, até mesmo, mascarar problemas de rotina.
O que é melatonina?
Conhecida como “hormônio do sono”, a melatonina é um substância química produzida naturalmente pela glândula pineal, na região central do cérebro. Esse neuro-hormônio atua no ciclo circadiano, o chamado relógio biológico, regulado pela alternância entre luz e sombra.
À noite, quando não há estímulos luminosos, a retina envia sinais ao cérebro que favorecem a liberação da melatonina, preparando o organismo para adormecer. Ao amanhecer, com o aumento da claridade, são enviados sinais para inibir a geração do hormônio e sinalizar que está na hora de despertar.
Quando a melatonina pode ser indicada para crianças?
Estudos apontam que a melatonina pode melhorar os hábitos noturnos de crianças com relógios biológicos desalinhados ou distúrbios de sono. Terror noturno, sonilóquio, sonambulismo, bruxismo, enurese noturna e insônia são alguns deles.
Além disso, a substância pode ser indicada para crianças com transtornos do espectro autista ou de déficit de atenção com hiperatividade. No entanto, é imprescindível conversar com um pediatra antes de dar qualquer suplemento aos pequenos.
A melatonina pode trazer riscos. Até mesmo doses pontuais devem ser administradas somente com indicação médica, seguindo as dosagens adequadas – sem uso prolongado — e considerando as particularidades de cada criança.
Vale ressaltar que não há nenhuma indicação de uso da substância para menores de três anos. Nessa faixa etária, as dificuldades para dormir geralmente estão atreladas apenas a fatores comportamentais.
Quais os riscos da suplementação de melatonina?
Quando feita sem orientação médica e em dosagens inapropriadas, a suplementação da substância pode causar sonolência durante o dia, distúrbios gastrointestinais e alterações de humor.
É importante destacar que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) não autoriza a utilização de melatonina em suplementos alimentares destinados a crianças e adolescentes, pois não há segurança de uso comprovada para essas faixas etárias.
A substância também não possui autorização para gestantes e lactantes. Na verdade, ela é aprovada apenas em suplementos destinados para adultos acima de 19 anos, na concentração de 0,21 mg por dia.
Dicas para melhorar a qualidade do sono dos crianças
O sono é influenciado pelas ações que tomamos durante o dia. Sendo assim, a principal recomendação para melhorar os hábitos noturnos dos pequenos é manter uma rotina com horários regulares.
Evitar sonecas extensas ao longo do dia e praticar esportes regularmente, exceto próximo à hora de ir para a cama, pode colaborar com a melhora do sono. Outro cuidado é evitar alimentos e bebidas estimulantes, como chocolates e refrigerantes, principalmente à noite.
Além disso, é comum que as crianças sintam aversão ao sono. Outra dica, portanto, é cultivar práticas relaxantes antes de dormir. Músicas com melodias suaves, iluminação de baixa intensidade e contação de histórias podem ser aliadas para isso.
Evitar o uso de eletrônicos, como celular, computador e televisão, antes de dormir também é essencial. Afinal, o excesso de luz mantém o organismo alerta e retarda o sono.
Por último, mas não menos importante: se o seu filho está tendo problemas durante o sono, é fundamental procurar um profissional para avaliar o caso individualmente.