Máscara de pano, cirúrgica e PFF2: qual é a mais indicada para crianças?
Especialistas explicam desde qual dispositivo de proteção contra covid-19 é recomendado para cada idade até o momento correto de descartá-lo.
Receber o vídeo de um familiar recebendo a dose tão aguardada da vacina contra a covid-19 tem renovado a esperança da sociedade diante da dura pandemia. Só que, ao mesmo tempo, continuamos com a consciência de que o processo de imunização tem sido a passos lentos, o que significa que não podemos vacilar em relação a cuidados que dependem de nós, como o uso correto das máscaras faciais.
Para os que não podem ficar em casa por precisarem trabalhar ou necessitam recorrer aos serviços essenciais, como supermercados e farmácias, o dispositivo de proteção facial tem sido essencial para evitar a transmissão do Sars-Cov-2 e suas variantes mais graves, inclusive entre as crianças. Entretanto, diferente do que víamos no início da pandemia, variados tipos de máscara surgiram no mercado e pedem cuidados específicos para garantir a proteção correta.
A partir de uma conversa com a infectologista pediátrica do Hospital do GRAACC, Fabianne Carlesse, junto com Carolina Cresciulo, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o pediatra Flávio Melo, montamos um guia com as opções dos dispositivos faciais disponíveis para venda e as recomendações para crianças pequenas – além de como manuseá-las corretamente para que não percam a eficácia contra a covid-19. Confira:
Máscara de pano ou tecido
- Faixa etária: indicadas para crianças a partir dos dois anos e que não apresentem dificuldades motoras para não correr o risco de sufocamento.
- Material: o dispositivo de proteção ideal deve ter três camadas para garantir a função de barreira. O material mais recomendado para a primeira camada interna é algodão, para que fique mais confortável no rosto infantil e evite reações alérgicas.
- Tempo de uso: o tempo de uso das máscaras de pano por crianças varia de duas a quatro horas. Entretanto, esse período pode ser menor caso elas umedeçam ou fiquem visivelmente sujas.
- Higienização: após o uso, elas devem ser lavadas com água e sabão – podendo ser misturadas com outras peças na máquina de lavar. Já para finalizar o processo correto de higienização, os especialistas recomendam passá-las com um ferro quente.
- Descarte: sinais visíveis de desgaste no pano e elásticos são indícios de que é hora de descartar a máscara e comprar outra. O mesmo vale se o dispositivo de proteção já tiver sido lavado por mais de 30 vezes.
Máscara cirúrgica infantil
- Faixa etária: a partir dos dois anos, desde que sejam específicas para o público infantil e encaixem corretamente no rosto dos pequenos, cobrindo nariz e boca, sem vazar ar pelas laterais.
- Material: sempre de material descartável. Costumam ter um clipe nasal (arame moldável), que tende a permitir uma melhor aderência ao rosto infantil.
- Tempo de uso: assim como as de pano, as cirúrgicas podem ser usadas por, no máximo, quatro horas. Mas caso elas sujem ou molhem antes deste intervalo, devem ser descartadas.
- Higienização: não pode ser reutilizada.
- Descarte: a máscara cirúrgica infantil deve ser jogada fora logo após o uso e não pode ser lavada, como as de pano.
Peça Facial Filtrante (PFF2)
- Faixa etária: ao contrário das outras opções de proteção, a Peça Facial Filtrante (PFF2) não é indicada para as crianças que ainda estão na primeira infância (até os seis anos). Ela é recomendada apenas para maiores, adolescentes e adultos.
- Material: como indicada na foto, ela pode ter formato de concha ou bico de pato e precisa ter especificações na embalagem, como selo do INMETRO e número do CA, o Certificado de Aprovação – que pode ser conferido no site ConsultaCA para saber se é realmente a PFF2. Há também a especificidade de que os elásticos não sejam atrás da orelha, mas na nuca e no topo da cabeça.
- Tempo de uso: a PFF2 pode ser usada por volta de oito horas, com o cuidado na hora de colocá-la e retirá-la para não contaminá-la tanto internamente quanto externamente.
- Higienização: para limpá-la, é importante que a PFF2 não seja lavada ou colocada no sol. Mas deixada em um ambiente arejado, de três a sete dias.
- Descarte: O tempo de uso varia. De acordo com o CDC, a peça poderia ser reutilizada até cinco vezes com os intervalos estabelecidos. Caso a pessoa tenha tido contato com alguém infectado, a PFF2 usada deve ser imediatamente descartada.
Afinal, qual é a máscara mais recomendada para as crianças?
Para os pequenos entre dois e seis anos, a dúvida dos pais fica entre as máscaras de pano e cirúrgicas, já que são as que podem ser usadas dentro da faixa etária e que estão disponíveis no mercado em tamanho infantil. Entre elas, a pediatra Carolina pontua que a cirúrgica é mais eficaz que a de pano, já que ela pode chegar até 90% de proteção e possui uma camada filtrante.
Só que de nada adianta o tipo de dispositivo, se ele não estiver adaptado corretamente ao rosto da criança. Por isso, se compararmos uma máscara de pano capaz de vedar o nariz, a boca e evitar a passagem de ar pelas laterais com uma cirúrgica que não se adapta com facilidade ao rosto infantil, é preferível que os pais optem pela máscara caseira para maior segurança dos pequenos.
Como adaptar a máscara ao rosto do seu filho
Com o cuidado para que o dispositivo de proteção esteja posicionado corretamente no rosto infantil, o pediatra Flávio esclarece que os pais podem recorrer a algumas alternativas diante das máscaras. A primeira é dar um nó nos elásticos colocados atrás da orelha para que ela fique mais fixa, valendo a ideia tanto para as de pano quanto cirúrgicas.
Caso a criança sinta-se incomodada com o nó ou ainda perceba-se que a máscara está escorregando, o especialista aconselha que os pais busquem por uma confecção de tecido em que é possível costurar um arame ou outro tipo de metal com curvatura na parte que cobre o nariz da criança, para que se forme uma espécie de clipe nasal. Materiais como fitas crepe ou esparadrapos não são recomendados para vedar as saídas de ar.
Crianças pequenas podem usar dupla máscara?
Depende! Caso a criança seja exposta a um ambiente de alto risco, como aglomerações em locais fechados, a dupla máscara pode ser cogitada para aquelas (maiores de dois anos) que aceitarem. Agora, se a combinação de uma máscara cirúrgica com uma de pano por cima levar o pequeno a colocar a mão no rosto com mais frequência ou houver risco de sufocamento, o recomendado é que os pais descartem a possibilidade. Na dúvida, vale sempre se questionar se a criança deveria estar frequentando o ambiente em questão que exige tamanha exposição e risco.