Mãe desabafa sobre dor e culpa de não sentir vontade de abraçar a filha

Em um relato sincero, ela contou como foi não conseguir viver os primeiros momentos da filha por causa da depressão pós-parto.

Por Alice Arnoldi
6 out 2020, 12h30
 (@brittney_harding/Instagram)
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Como outros temas sobre saúde mental, a depressão pós-parto ainda é um transtorno carregado de tabus, o que causa ainda mais sofrimento às mulheres pelo silêncio de experiências não compartilhadas. Mas a mãe Brittney Harding usou a visibilidade do seu Instagram para fazer um relato sincero sobre o misto de tristeza e culpa por não sentir vontade de abraçar a filha quando pôde em decorrência do transtorno psicológico.

“Quando a minha primeira filha nasceu, ela foi diretamente para a UTI Neonatal. Eu não a vi, segurei ou criei um vínculo com ela nas suas primeiras 48 horas de vida. E quando eu pude finalmente vê-la… Eu não queria segurá-la. Mas eu fiz porque eu sabia que deveria. Semanas se passaram em que eu tive que segurar essa pequena bebê em meus braços, cuidar, me importar e amá-la. Mas não porque eu “queria” ou “sentia” isso. Mas porque eu sabia que eu deveria”, escreveu Brittney.

Ainda com muita sinceridade, ela expôs um sentimento comum entre mulheres que sofrem com depressão pós-parto: o de sentir que não reconhece a própria filha. “Eu lembro de olhar para os seus doces olhos e pensar: “quem é você?”. Eu sabia que eu a amava, era sua mãe e que aquele era meu trabalho, mas faltava o sentimento… Ela chorava e imediatamente meu sentimento era de irritação em vez de preocupação. Quando eu a segurava, eu não sentia nada. Eu sentia uma sombra de uma emoção que sabia que deveria sentir, mas não sentia”.

Entre as tantas subidas e descidas emocionais, reconhecer-se como mãe da própria filha foi um processo que demandou pequenos passos cautelosos de empatia e paciência com a sua própria jornada.

“Levei meses para construir uma relação, conhecer aquela pequena humana que eu criei, me apaixonar por ela e, finalmente, cruzar para o outro lado da depressão pós-parto como uma mãe que ama sua filha ferozmente. Mas isso veio com um preço”, detalhou.

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“Eu carrego uma nuvem de culpa comigo todos os dias. Há horas, dias e semanas que eu perdi. Há aconchego, mamadas noturnas e outros incontáveis momentos que eu perdi. Há um laço que eu deveria ter construído, mas eu não o fiz. Tiveram muitos momentos que a minha bebê só precisava ser segurada por mim, mas eu não estava lá. Eu perdi todas essas coisas, porque eu não me importava. Porque eu não conseguia me importar. E por essa razão eu vou sentir culpa pelo resto da minha vida. E deixa eu te contar uma coisa… o peso disso é grande”, desabafou Brittney.

Com a chegada do segundo filho e um pós-parto diferente do primeiro, ela continuou a publicação explicando que isso fazia com que ela sentisse ainda mais culpa pelos momentos que havia perdido com a primogênita. E ainda com muita sinceridade, ela explicou que não sabe se a culpa um dia vai passar, mas luta diariamente para que sim.

No último parágrafo, Brittney esclareceu porque havia decidido fazer este texto em que tantas emoções particulares foram expostas para quem a segue: “Compartilho isto porque sei que não estou sozinha. Foi difícil dizer em voz alta. Mas para a mãe que vive esta luta, eu quero que você saiba: eu vejo você, eu sinto você e eu sou você!”.

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Veja o post completo:

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Postpartum depression…it’s a real thing…and it isn’t easy to talk about. . When my first daughter was born she went straight to the NICU. I didn’t see her, hold her, bond with her, nothing for the first 48hrs…And when I finally did see her…I didn’t want to hold her…I did it because I knew I should… . Weeks went by where I would hold this tiny baby in my arms, nurse her, care for her, and love her. But not because I “wanted” to do it, I did it and “felt” it because I knew I should. . I remember looking down at into her sweet eyes thinking “who are you?”. I knew I loved her, I was her mother and it was my job to, but the feeling was missing… . She would cry and my immediate feeling was one of irritation rather than concern, when I held her…I felt nothing…I felt a shadow of an emotion I knew I “should” feel…but didn’t . It took me months to build a relationship, to get to know the little human I created, to fall in love with her, and to ultimately come out on the other side of postpartum depression as a mother who loves her children fiercely…But it came at a price. . I carry around a cloud of guilt every single day. There are hours, days, weeks even, that I missed. There are baby snuggles, late night feeds, and countless moments in between that I missed. There is a bond I should have built, that I didn’t. There were too many times my baby just needed to be held by me, and I wasn’t there. I missed all of these things …because I didn’t care…I couldn’t care… and for that reason I will feel guilty for the rest of my life. And let me tell you… the weight of that, it’s heavy…. . Postpartum depression. I didn’t know I had it. My daughter won’t remember. But I always will. And while my second pregnancy and postpartum experience were completely different, beautiful in fact, they also remind me of what I missed the first time around… . I don’t know if that guilt will ever go away. I work hard every single day to overcome it… . I share this because I know I’m not alone. This was hard to say out loud. But to the mama who knows this struggle I want you to know—I see you, I feel you, I AM YOU❤️

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