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Infertilidade masculina: mais comum do que se imagina

O médico Mauricio Chehin, do Grupo Huntington Medicina Reprodutiva, esclarece questões cruciais para auxiliá-la a realizar o sonho da maternidade.

Por Dr. Maurício Chehin
Atualizado em 28 nov 2016, 18h15 - Publicado em 19 fev 2015, 14h58

À primeira vista, a fertilidade masculina parece não ser um evento que mereça tanta atenção quanto à feminina. Um bom exemplo disso é que a primeira menstruação é um acontecimento celebrado, enquanto a primeira ejaculação passa muitas vezes despercebida na vida de um homem. Mesmo assim, o potencial fértil masculino para um casal que quer ter filhos é tão importante quanto o de sua parceira. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 40% dos casos de infertilidade tem origem nos homens.

As principais causas são as razões genéticas, problemas congênitos ou ligados a infecções e a varicocele – varizes nos cordões espermáticos que aumentam a temperatura intratesticular, afetando a formação dos espermatozoides. Outro fator que leva à “infertilidade” masculina é a vasectomia. Geralmente, homens que entraram em um segundo casamento e tinham se submetido à cirurgia no primeiro se veem novamente aptos à paternidade e querem reverter o procedimento para conseguir ter filhos. As chances de sucesso são bem maiores entre os primeiros 10 anos pós-cirurgia, depois desse período a probabilidade de sucesso na reversão vai diminuindo.

Apesar das causas de infertilidade serem praticamente meio a meio para homens e mulheres, no caso delas, a preocupação é sempre maior. A existência da menopausa exige uma urgência à maternidade. Para eles, não existe um relógio biológico, uma vez que os espermatozoides são constantemente produzidos, em contraste com os óvulos, que são estocados. Mas se o homem não está certo de sua fertilidade, como descobre que não era tão fértil quanto esperava?

Enquanto para checar o estado da reserva de óvulos das mulheres são necessários exames que avaliam as taxas hormonais e o trato reprodutivo, o homem precisa apenas de uma ejaculação para realizar o espermograma, que conduzirá a uma conclusão sobre suas funções reprodutivas. O que vejo em minha prática clínica é que a mulher toma o primeiro passo para saber o porquê de não conseguir engravidar. Ela se submete primeiro a todos os exames, que são mais complexos e, só depois de não constatada a sua infertilidade, é que ele se prontifica a realizar o exame. Essa atitude, pouco proveitosa, expõe o medo causado pela cultura machista de que a infertilidade está associada à masculinidade. Isso é retrógrado e sem comprovação científica alguma. Quando somos procurados, a recomendação é que o homem seja o primeiro a realizar os exames, que são mais simples e bem menos invasivos.

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O espermograma trará uma análise quantitativa e qualitativa dos espermatozoides. Esse material será estudado a partir de suas características aparentes, como volume e viscosidade, e também microscópicas, como concentração, formato e motilidade dessas células. Somente após comprovada uma alteração significativa no sêmen é que poderá ser traçado um diagnóstico para corrigir a dificuldade. Homens que apresentam ausência total de espermatozoides (azoospermia) podem ainda tê-los no epidídimo ou no testículo para serem extraídos através de um procedimento pouco invasivo. Se ainda assim nada é encontrado poderão recorrer às células de um doador, por exemplo. Aqueles que possuem poucos gametas utilizáveis, contam com a Injeção Intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) que introduz com precisão a célula mais perfeita dentro do óvulo para aumentar as chances de sucesso da fecundação.

Se o especialista se depara com situações em que o homem demonstra grande resistência à realização do espermograma, quando tem, por exemplo, receio de se descobrir infértil, ele deve criar uma relação mais próxima com esse paciente e esclarecer detalhadamente um problema que está além de toda superstição. A infertilidade é uma questão que deve estar sob o apoio mútuo do casal para que o processo seja menos estressante.

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