No início deste mês, o governo zerou temporariamente os impostos para a importação das vacinas contra HPV, hepatite A e tríplice viral. A medida tenta amenizar um problema que se repetiu algumas vezes em 2017: a falta dos imunizantes nos postos de saúde.
A situação chamou a atenção das entidades médicas. “Vivemos o desabastecimento em diversas ocasiões neste ano de vacinas importantes, como catapora, hepatite A, tríplice viral e rotavírus”, aponta Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Não à toa, a entidade prepara um comunicado alertando os pediatras para o assunto.
A preocupação é que a situação provoque falhas na cobertura. “Não apenas atrasa, mas nem todos os pais têm condições de tirar mais um dia para levar o filho ao posto de saúde”, comenta o médico. “Sem contar que coloca em descrédito o programa, que sempre foi elogiado e no qual as famílias confiam. Essa idealização não deve ser abalada”, completa.
Faltas durante o ano
Em agosto, a Sociedade Brasileira de Imunizações emitiu uma nota técnica alertando sobre a falta do imunizante contra o rotavírus. E diversas prefeituras reclamaram sobre a ausência da vacina pentavalente por pelo menos dois meses, como a de Jundiaí, região metropolitana de São Paulo. Já as vacinas de hepatite A para crianças não estavam disponíveis em São Paulo em outubro.
Em nota exclusiva enviada ao Bebê.com.br, o Ministério da Saúde reconheceu a falha no abastecimento por questões mercadológicas e reforçou que “não está medindo esforços” para regularizar a situação. Confira na íntegra o texto:
O Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI), oferta no Calendário Nacional de Vacinação todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, são disponibilizadas pela rede pública de todo o país cerca de 280 milhões de doses de imunobiológicos ao ano, para combater mais de 20 doenças, em diversas faixas etárias.
A respeito de eventuais desabastecimentos de algumas vacinas distribuídas pelo PNI atualmente, a pasta esclarece que as causas independem da governabilidade do Ministério da Saúde e se referem a problemas de produção que tem afetado tanto o setor público quanto o privado, situação essa encontrada também em outros países. Diante disso, o Ministério da Saúde não tem medido esforços para manter a necessária sustentabilidade do fornecimento dos imunobiológicos.
É importante ressaltar que a aquisição de insumos é considerada uma ação obrigatória dentro do orçamento do Ministério da Saúde para a qual o recurso financeiro tem sido incrementado a cada ano, passando de R$ 94 milhões para R$ 4,3 bilhões nos últimos 20 anos.