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Estudo mapeia como depressão materna afeta início da vida escolar do filho

De acordo com a pesquisa, crianças até cinco anos cujas mães tiveram depressão pós-parto têm mais risco de vulnerabilidade em áreas do desenvolvimento.

Por Flávia Antunes
13 out 2020, 16h45

Todos nós somos afetados pelo ambiente que nos rodeia, mas a influência parece ser ainda maior nos primeiros anos de vida, já que é quando começamos a aprender a linguagem, a nos comportar socialmente e a lidar com as adversidades, entre outras tantas etapas de desenvolvimento. E foi essa relação que o estudo canadense publicado em agosto no Jornal da Academia Americana de Pediatria buscou investigar.

Os pesquisadores focaram mais especificamente em um fator: a saúde mental materna. Assim, reuniram crianças de até cinco anos de idade cujas mães tiveram depressão pós-parto para analisar os impactos que a condição pode ter no desenvolvimento dos pequenos no período em que ingressam na escola.

A vulnerabilidade das crianças nesta fase pré-escolar foi medida através de um longo questionário que avaliava cinco áreas: a saúde física e o bem-estar; a habilidade social; a maturidade emocional; a linguagem e o progresso cognitivo; e a capacidade de comunicação e de entendimento geral.

Depois de comparar os resultados, os estudiosos verificaram que as crianças expostas à depressão materna antes dos cinco anos tinham um risco 17% maior de serem vulneráveis a pelo menos um dos itens de desenvolvimento do que os pequenos cujas mães não tiveram a doença.

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Dificuldades com as emoções

Segundo o artigo, a associação mais forte se deu com a dificuldade na competência social, que inclui noções de responsabilidade e respeito, aproximação do aprendizado e disposição para explorar novas coisas. Além disso, também foi identificada uma relação com o aspecto emocional das crianças – isto é, uma dificuldade em regular suas emoções, que pode envolver a falta de postura prestativa ou a presença de comportamento ansioso e receoso, hiperatividade e desatenção – e com a saúde física e bem-estar.

Já a aquisição da linguagem e o desenvolvimento cognitivo não pareceram ser afetados pela condição da mãe, o que condiz com outras pesquisas feitas anteriormente. Na realidade, o empobrecimento nas funções cognitivas dos pequenos costuma ser associado a experiências de interação materna insensíveis, estímulos que recebe em casa e classe social.

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Por fim, a publicação mostra que faixas etárias específicas tiveram maior associação com a depressão pós-parto da cuidadora. Ou seja, crianças até um ano e entre quatro e cinco anos, pouco antes de ingressarem no ensino pré-escolar, apresentaram maior vulnerabilidade em termos de desenvolvimento.

Apesar dos achados importantes, os autores sugerem que as futuras pesquisas continuem pensando sobre o tema. “Em particular, investigadores devem trabalhar para elucidar os mecanismos envolvidos nessa relação da depressão materna com o risco dos filhos apresentarem dificuldades nos campos sociais e emocionais, focando em aspectos do ambiente e comportamento do cuidador ao qual as crianças são expostas”, recomendam.

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Eles também indicam que sejam investigados quais fatores protetivos podem conferir resiliência às crianças expostas à condição de saúde da mãe. Assim, em vez de apenas considerar a doença como tendo um efeito cascata na vida dos filhos, será possível pensar em formas de prevenir seus efeitos.

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