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Estudo: engravidar antes dos 6 meses após aborto não aumenta riscos

Pesquisa traz resultados que questionam a orientação de esperar ao menos 180 dias para uma nova gestação. Entenda!

Por Carla Leonardi
29 nov 2022, 16h19

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece um intervalo de, no mínimo, seis meses entre um aborto e uma nova gestação com o objetivo de diminuir as chances de ocorrer uma complicação. Mas um novo estudo norueguês traz dados que questionam essa orientação. Publicado na revista científica PLoS Medicine, o artigo resultante da pesquisa aponta que esse tempo pode ser menor, sem que isso traga mais riscos a mãe ou ao bebê.

“Nosso estudo sugere que engravidar dentro de três meses após uma perda gestacional ou um aborto induzido não está associado ao aumento do risco de complicações adversas. Combinados com pesquisas anteriores, esses resultados indicam que as mulheres podem tentar engravidar pouco após o aborto sem aumentar os riscos de saúde perinatal”, dizem os estudiosos liderados por Gizachew A. Tessema, PhD em Saúde Pública.

De acordo com o Tommy’s – Centro Nacional de Pesquisa sobre Perda Gestacional, organização inglesa que se dedica a estudar o tema, uma em cada quatro mulheres, em média, vivencia um aborto ao longo da vida reprodutiva.

Médico examinando uma mulher grávida com o estetoscópio
(PeopleImages/Getty Images)

Novos resultados encontrados

Para a análise, foram observadas 72 mil concepções entre 2008 e 2016, das quais 49.058 aconteceram após uma perda gestacional e 27.707 depois de um aborto induzido – diferenças entre as consequências nas duas situações não foram identificadas, mas isso ainda demanda novos estudos.

Os resultados são consistentes com os de pesquisas anteriores realizadas na Suíça e nos Estados Unidos, que chegaram a conclusões similares, mas estão em conflito com um vasto estudo desenvolvido na América Latina. Uma hipótese para essa diferença levantada pelos pesquisadores está na questão do aborto induzido. Na pesquisa latino-americana, não houve separação entre perda gestacional e aborto provocado, e o fato de não haver a possibilidade de abortar de forma segura e legal em diversos países da região aumenta o número de procedimentos malfeitos e que podem levar a complicações futuras, até impossibilitando novas gestações saudáveis.

Os dados da pesquisa norueguesa também estão em conflito com o direcionamento dado pela OMS, que estabelece uma média de 180 dias de intervalo para uma nova gestação, o que aponta para a necessidade de uma revisão dessas orientações, levando em conta todas as variáveis. “Esses resultados motivam a revisão das atuais diretrizes internacionais para o intervalo entre um aborto ou perda gestacional e uma gravidez”, diz o artigo. Vale lembrar que a orientação da Organização teve como base a pesquisa feita na América Latina.

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