Como a alimentação influencia a fertilidade

Quais alimentos podem aumentar e quais tendem a diminuir as chances de engravidar? Confira a explicação de profissionais!

Por Carla Leonardi
Atualizado em 31 mar 2023, 18h01 - Publicado em 31 mar 2023, 16h15
Mulher cortando vegetais em tábua de madeira. Sobre a bancada da cozinha e em primeiro plano, é possível ver diversos outros vegetais, como alface, tomate, limões, pimentões e outros. Ela veste calça jeans azul e camiseta branca. Não é possível ver seu rosto na foto.
 (Anna Shvets/Pexels)
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Você já parou para pensar que, se seus hormônios e nutrientes estão em desequilíbrio, é como se suas células tivessem pouco combustível? É assim que a dra. Thaisa Albanesi, especializada em Medicina Personalizada e fundadora do Instituto Human, explica a relação entre alimentação e fertilidade. “Se as células não conseguem dar conta de um corpo, como vão produzir outras e, consequentemente, um novo ser humano? Infelizmente, é muito comum ver mulheres tentando engravidar, inclusive via fertilização in vitro, sem sucesso, porque suas taxas estão desequilibradas”, chama a atenção.

Mas Thaisa lembra que a infertilidade, lógico, também pode vir do homem: “Normalmente esse tema acaba recaindo muito sobre as mulheres”. Ela ressalta ainda como orienta seus pacientes. “Sempre digo aos homens que desejam ser pais que façam ao menos 72 dias de uma nutrição mais consciente e rica antes de tentarem e, às mulheres, pelo menos 4 meses – é um prazo mínimo. Se elas puderem com um ano de antecedência, é melhor“, alerta.

Mocinhos e vilões no prato de quem quer engravidar

Segundo a médica, fortalecer o corpo antes de uma gestação, quando planejada, é muito importante. Para isso, um organismo desinflamado faz toda a diferença. “Existem alimentos que causam inflamações no corpo e devem ser evitados, pois são bloqueadores dos níveis de fertilidade e deixam as células com ‘pouco combustível’, já que não repõem os nutrientes necessários”, explica. Gorduras hidrogenadas, alimentos com alto índice de açúcar, glúten de modo geral, álcool e cafeína, diz Thaisa, devem ser idealmente eliminados pelo casal por ao menos quatro meses antes de tentar engravidar.

Já os alimentos ricos em nutrientes são mais que bem-vindos. As melhores opções, de acordo com a profissional, são aqueles do complexo B, encontradas em ovos, grãos, cereais e vegetais de cor verde escura. Além disso, a especialista reforça a importância das gorduras, que ajudam a equilibrar os hormônios. “Nozes, castanhas, azeite, ômega 3 com boa proporção de DHA, óleo de coco, gordura natural dos peixes e das carnes” são exemplos que ela cita.

bowl branco de salada sobre uma toalha xadrez verde e branca. A salada é formada por folhas verdes de alface, tomate cereja, cenoura e rabanete.
(Jill Wellington/Pexels)

O que evitar comer

A nutricionista do Puravida PRIME Taoani Lima lista aquilo que, preferencialmente, não deve estar no cardápio, e explica o porquê.

Gorduras hidrogenadas e frituras

“Estudos mostram que o aumento de calorias provenientes de gorduras trans está associado a um maior risco de infertilidade – por conta do aumento da inflamação, diminuição na qualidade dos espermatozoides, disfunção ovariana e queda da produção de testosterona. Isso pode ser explicado devido aumento da resistência à insulina, que desregula a produção de hormônios sexuais e, consequentemente, diminui a função ovulatória e testicular.”

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Exemplos: pastel, sorvete, macarrão instantâneo, salgadinho, bolacha recheada, pão industrializado e fast food em geral.

Carboidratos refinados, açúcares e bebidas açucaradas

“Os estudos apontam que uma dieta com ingestão maior de carboidratos (em torno de 60% do valor calórico total) tem um aumento de 78% no risco de infertilidade, em comparação às dietas com ingestão menor de carboidratos (em torno de 42% do valor calórico total). O mesmo se diz sobre os alimentos doces e refinados, pois têm maior capacidade de elevar a glicemia e resultar em resistência à insulina.”

Exemplos: refrigerante, arroz branco, pão branco, doces em geral, bebidas adoçadas e massas.

Bebidas alcoólicas

“Pesquisas relacionam o consumo maior que 7 doses de bebidas alcoólicas por semana (≥ a 84g de álcool) ao aumento em 126% do risco de infertilidade em mulheres acima de 30 anos, mas resultados semelhantes foram observados em outras idades. O aumento no consumo de álcool diminui a probabilidade de fecundação e alguns autores investigam se esse efeito se deve a flutuações hormonais, que resultariam em queda na ovulação.”

Cafeína

“O consumo diário de doses superiores a 300mg de cafeína [cerca de 2 xícaras de café] está associado à diminuição da fertilidade e ao aumento no tempo necessário para gravidez, devido a alterações nos níveis de estrogênio, que implicam irregularidade do ciclo menstrual.”

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Vale lembrar que a substância não está presente apenas no café. Encontra-se, por exemplo, em certos tipos de chá, alguns refrigerantes e também no chocolate.

Carnes processadas

“Elas contêm substâncias nocivas, como nitritos e nitratos, excesso de gordura saturada, sódio, além de outros aditivos químicos, como corantes e realçadores de sabor, que afetam o sistema antioxidante do organismo e, consequentemente, podem impactar a saúde reprodutiva.”

Exemplos: salame, salsicha, bacon, presunto, mortadela e outros.

Suco verde refrescante
(Olena Ruban/Getty Images)

O que incluir na dieta para melhorar a fertilidade?

Agora, Taoani Lima aponta alimentos que devem estar no cardápio:

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Frutas, verduras e legumes

“Esses são diferenciais nessa etapa. Preferencialmente orgânicos, são livres de compostos nocivos ao organismo, que podem impactar funções metabólicas relacionadas à fertilidade.”

Alimentos com capacidade antioxidante

“Eles podem melhorar a qualidade das células reprodutivas e seu desempenho. Incluir opções como frutas vermelhas (uvas roxas, mirtilo, framboesa, cereja fresca, morango, amora, açaí orgânico puro e sem açúcar), frutas cítricas (laranja, toranja, limão tahiti, limão siciliano), ômega 3 (suplementação, peixes de água fria e profunda), oleaginosas (nozes, castanha do Pará, semente de girassol, castanha de caju), alimentos ricos em coenzima Q10 (suplementação, sardinha, amendoim, brócolis, couve e espinafre) e azeite extravirgem, rico em ácidos graxos poli-insaturados.”

Fontes de fibras

“As fibras estão associadas à regulação do intestino, promoção de saciedade e controle glicêmico. Vale incluir aveia, quinoa, carboidratos integrais (arroz integral, raízes, trigo sarraceno), linhaça, chia, granola rica em sementes e sem açúcar.”

Proteínas

“Elas apresentam papel construtor e são indispensáveis ao estilo de vida saudável e à fertilidade. Fracionar as proteínas em pelo menos três refeições ao dia, variando e complementando as opções, é uma ótima estratégia. Preferir carnes magras, de aves ou peixes; consumir mais proteínas vegetais, como feijões, edamame, ervilha, grão de bico e tofu orgânico são formas de aumentar a densidade nutricional.”

Gengibre e cúrcuma

“Tomar chás ou sucos naturais com gengibre e acrescentar cúrcuma nas refeições também pode dar suporte ao sistema antioxidante.”

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Alimentação: um dos pilares de um estilo de vida saudável

Por fim, a nutricionista Thais Figueira, também do Puravida PRIME, lembra que alimentar-se de forma consciente é importantíssimo, mas isso precisa estar associado a um conjunto de fatores. “O controle do estresse, por meio de mudanças de hábitos e suplementação de antioxidantes, um sono de qualidade, com técnicas de higiene e ritual do sono, e exercícios físicos diários, praticados de forma regular, estão totalmente ligados à fertilidade”, alerta, concluindo que “essas mudanças devem ser feitas a dois, de forma que o casal esteja alinhado nessa jornada”.

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