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Cisto no ovário: quais tipos existem?

Alguns são comuns e podem fazer parte do processo de ovulação. Outros merecem um acompanhamento mais atento e, às vezes, cirurgia

Por Da Redação
Atualizado em 27 mar 2023, 10h56 - Publicado em 23 mar 2023, 15h01
Laqueadura: Tudo sobre esse método contraceptivo permanente
Laqueadura: Tudo sobre esse método contraceptivo permanente  (Carol Yepes/Getty Images)
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Você vai fazer os exames ginecológicos de rotina e, quando abre os resultados (quem nunca?), vê que eles indicam a presença de cistos no ovário. E agora? Para entender um pouco melhor sobre o assunto, identificar os tipos mais comuns e seus sintomas, conversamos com a ginecologista Fabiana Ruas, que integra o corpo clínico do Hospital e Maternidade Sepaco (SP).

“Cisto é uma espécie de pequena bolsa, preenchida com alguma substância líquida”, explica ela. “Suas causas podem ser várias – desde questões fisiológicas, ou seja, quando fazem parte da funcionalidade do ovário, passando por genéticas, infecciosas e até inflamatórias”, diferencia a médica.

Sintomas de cisto no ovário

Na maioria das vezes, os cistos ovarianos são assintomáticos. Porém, em certos casos, sobretudo naqueles que não são fisiológicos, é possível haver indícios. “Nos cistos com crescimento importante, acima de 10 centímetros, pode haver compressão de órgãos próximos, o que causa dor, sensação de peso na pelve e/ou abdominal, desconforto, aumento do volume abdominal, enjoos e até mesmo vômitos”, explica a ginecologista, lembrando ainda da possibilidade de alguns cistos se romperem, o que resulta em dor repentina e intensa.

Segundo Fabiana, em situações mais raras, o rompimento é capaz de causar hemorragias graves, um quadro que precisa de atendimento de urgência. “Os sinais são queda de pressão, tontura e mal-estar súbito”, enumera.

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Outra complicação, que tem sintomas parecidos com os de ruptura, é a torção do ovário que contém o cisto. “Acontece quando o cisto, o ovário ou a tuba giram em torno de seu próprio eixo, torcendo a irrigação sanguínea para essas estruturas. Com isso, ocorre um quadro de isquemia, isto é, falta de fluxo sanguíneo”, diz a especialista. A necessidade de atendimento aqui também é imediata.

O diagnóstico de cistos ovarianos

Em geral, os cistos no ovário são diagnosticados por meio dos exames de rotina, principalmente pelo ultrassom pélvico transvaginal. “Ele permite a avaliação da estrutura dos órgãos pélvicos, como o útero e os ovários, sendo capaz de identificar o tamanho dos cistos, bem como sua posição. Pode ser feito por via abdominal nos casos em que a mulher ainda não tenha iniciado sua vida sexual”, explica.

Quando há suspeita de tumores malignos ou quando a ultrassonografia transvaginal não determina com exatidão a natureza do cisto, o médico pode solicitar a ressonância magnética da pelve. De acordo com Fabiana, trata-se de um exame mais completo e que consegue determinar com maior precisão o tamanho, a localização e as características do cisto.

Caso seja preciso, é feita ainda uma biópsia. “Ela é indicada quando não se consegue um diagnóstico com os métodos não invasivos ou quando se deseja realizar o tratamento cirúrgico. É mais comumente realizada por laparoscopia [cirurgia minimamente invasiva, feita por câmera, por meio de pequenas incisões abdominais], que permite a visão direta do cisto”, conta a especialista.

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O procedimento para retirada dos cistos costuma ser simples, também por videolaparoscopia. “É uma cirurgia menos invasiva e com uma recuperação melhor, que acontece de 15 a 30 dias”, diz.

É possível engravidar com cistos no ovário?

Na maioria dos casos, segundo a ginecologista, a presença de cistos no ovário não interfere na gravidez. No entanto, é importante acompanhar, durante o pré-natal, para que o médico possa recomendar os tratamentos e as precauções necessárias.

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(bymuratdeniz/Getty Images)

Cisto no ovário: os tipos mais comuns

Cisto folicular

Também chamado de “cisto funcional”, o cisto folicular é formado quando os óvulos em desenvolvimento acumulam líquido ao seu redor e ficam maiores no período ovulatório. Quando este folículo não se rompe e não expele o óvulo do seu interior, gera o cisto funcional folicular. “Em geral, trata-se de um cisto assintomático, que desaparece espontaneamente, não sendo motivo de preocupação”, afirma Fabiana. “Quando se rompem, ao atingirem em torno de 22 milímetros de diâmetro, liberam o óvulo na cavidade abdominal”, explica. Surgem apenas durante a idade fértil.

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Cisto de corpo lúteo

O corpo lúteo é o que sobra quando o folículo se rompe e libera o óvulo. “Se assemelha a uma bexiga murcha”, compara a médica. É o corpo lúteo que produz os hormônios que preparam o endométrio, que é o tecido que reveste o útero internamente, para a gravidez. Quando não ocorre a gestação, o corpo lúteo regride de tamanho até desaparecer. “Nas situações que ele não reduz, são formados os cistos funcionais de corpo lúteo. Trata-se também de um cisto benigno, com média de 3 centímetros de diâmetro, e que some em poucas semanas, sem causar maiores complicações”, diz a ginecologista.

Cisto hemorrágico

O cisto hemorrágico se forma quando há um sangramento interno na parede do cisto (de origens diversas – folicular, corpo lúteo, entre outros), acumulando sangue. Normalmente, desaparece naturalmente ao longo dos ciclos menstruais. “Em uma pequena parcela das mulheres, pode crescer demais (ficar com mais de 5 centímetros) e provocar dores intensas no abdome inferior. Existe a possibilidade de ser necessário tratamento cirúrgico”, aponta.

Endometrioma

É o cisto que surge nos ovários das mulheres que sofrem de endometriose. Também são conhecidos como “cisto chocolate”, por serem preenchidos por um líquido vermelho escuro, quase marrom. São decorrentes da implantação de células do endométrio no ovário. “A mulher pode ter problemas de fertilidade, dificuldade para engravidar”, explica a médica. O principal sintoma é a dor, possivelmente tanto no período menstrual quanto durante o ato sexual.

Cisto dermoide

Costuma afetar mulheres mais jovens e, segundo Fabiana, na maioria das vezes, tem natureza benigna. É conhecido também pelo nome de teratoma cístico maduro. “É um tipo peculiar de cisto, pois pode conter pedaços de osso, cabelo, pele, gordura e até dentes”, conta. Em algumas mulheres, chega a atingir o tamanho de 10 centímetros de diâmetro. Exige tratamento cirúrgico.

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Cisto adenoma

O cisto adenoma também tende a ser de natureza benigna e é possível que apareça em um dos ovários ou em ambos. A principal característica é o tamanho: pode chegar a até 20 centímetros de diâmetro. “O cisto adenoma não costuma desaparecer sozinho com o tempo, devendo ser submetido a tratamento com cirurgia”, orienta a especialista.

Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)

O problema afeta de 10 a 20% das mulheres durante a fase reprodutiva e, provavelmente, tem origem genética. Alguns estudos também indicam que a SOP pode estar associada ao aumento da insulina, hormônio relacionado ao metabolismo da glicose no organismo.

A Síndrome dos Ovários Policísticos é um distúrbio hormonal que leva à anovulação [ausência de ovulação] crônica”, explica Fabiana. “Com isso, o folículo não se desenvolve e fica com um tamanho pequeno (menor que 10mm). Como os folículos não crescem e não se rompem, eles se acumulam nos ovários, que passam a apresentar a imagem de múltiplos pequenos folículos; poli (muitos) micro (pequenos) cistos (folículos). Não havendo ovulação, não há liberação do óvulo e, obviamente, a gravidez não acontecerá”, acrescenta a ginecologista.

A menstruação anormal, com um intervalo muito longo, que pode chegar a meses, ou até ausência de menstruação por um longo tempo é um sintoma comum da SOP. Algumas mulheres também podem apresentar excesso de pelos faciais e corporais, acne adulta, calvície de padrão masculino e até mudanças na voz. “Também existem alterações relacionadas ao metabolismo da glicose e ganho de peso, principalmente no abdome”, afirma a médica.

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O tratamento é feito com o controle dos sintomas e das complicações. “Os anticoncepcionais são medicações bastante usadas e com bons resultados. Como há uma forte relação com a insulina, remédios utilizados para o controle desse hormônio também podem ser empregados, sempre com orientação médica”, ressalta Fabiana. No caso de mulheres diagnosticadas com SOP e que querem engravidar, são usados indutores de ovulação ou outros tipos de tratamentos, dependendo do caso.

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