Autismo: novo estudo levanta debate sobre o transtorno em meninas
Em uma pesquisa, cientistas britânicos analisaram as relações de amizade de jovens autistas e sugerem que, quando se trata do sexo feminino, os sinais do distúrbio são diferentes.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, o autismo afeta 1 a cada 42 meninos e 1 a cada 189 meninas – ou seja, o transtorno é bem mais comum no sexo masculino. Por isso, a maior parte dos estudos sobre o problema é feito com os garotos. Mas uma nova pesquisa da Universidade College London, na Inglaterra, mostra que as garotas autistas também merecem atenção – e pode ser que elas não estejam recebendo o devido cuidado, pois apresentam sintomas diferentes e, muitas vezes, não tão evidentes.
No estudo, apresentado no dia 6 de janeiro em uma conferência anual da Sociedade Psicológica Britânica, os cientistas compararam as relações de amizade de jovens autistas e de outros que não são portadores do distúrbio. No total, foram recrutados 46 adolescentes de 12 a 16 anos de idade, todos com um nível intelectual semelhante. Os participantes foram entrevistados e avaliados por diversos métodos psicológicos.
Os resultados demonstraram que as meninas autistas tinham a mesma motivação social e espírito de amizade do que aquelas que não nasceram com o transtorno. A diferença é que as voluntárias com autismo entravam menos em conflito com suas amigas em comparação às que não nasceram com o problema. Na turma dos meninos autistas, a vontade de fazer amigos foi menor e os vínculos que eles estabeleceram se mostraram menos seguros, próximos ou prestativos em relação aos garotos que não contavam com a condição.
“Nossos achados mostram que os problemas ligados a relações sociais são mais sutis nas meninas do que nos meninos autistas, o que pode contribuir para as dificuldades no diagnóstico do autismo em garotas”, comenta Felicity Sedgewick, líder da investigação. “Lidar com conflitos com amigos ou pessoas próximas pode ser um alvo importante no apoio a meninas e jovens mulheres com o transtorno”, sugere a pesquisadora. Vale lembrar que, embora esse estudo tenha sido feito com adolescentes, os pequenos autistas devem ser observados desde a infância – não importa o sexo.