8 fatos sobre o MMS, a falsa promessa de cura do autismo

O composto é corrosivo e pode colocar a vida de crianças em risco. Entenda mais sobre ele e fuja de armadilhas.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 26 out 2023, 09h27 - Publicado em 27 Maio 2019, 12h58
 (stevanovicigor/Thinkstock/Getty Images)
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Informações falsas sobre o MMS, sigla em inglês para Solução Mineral Milagrosa, voltaram a circular pela internet. A promessa é que ele cure o autismo, ideia propagada em livros ainda vendidos até em livrarias de grande circulação. A hipótese (totalmente infundada) seria de que vermes causariam o autismo. Após tomar a tal solução, que é, na verdade, um alvejante, o intestino descama, e os pais são levados a acreditar que os pedaços que se descolam são os tais vermes. Só que a história toda é falsa, e pode ter consequências sérias para a saúde.

1) Ele é um alvejante à base de cloro

O dióxido de cloro, nome técnico do MMS, é um composto químico usado na fabricação de alvejantes e de produtos para tratamento de água e não há evidências sobre seu consumo por humanos, como alerta Renata Fonseca, gerente de fiscalização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em comunicado por vídeo

2) Sua venda é proibida desde 2018 no Brasil

A Anvisa luta contra o MMS desde 2018, quando publicou uma resolução proibindo o uso, a propaganda e a comercialização da substância. Com a volta das fake news sobre o assunto, a entidade anunciou que está trabalhando para inibir a venda clandestina do produto na internet e a fabricação. Quem ver um anúncio do tipo pode denunciar no site da Anvisa.

3) As fake news sobre o MMS circulam desde os anos 1990

Em 1996, o norte-americano Jim Hamble anunciou ter curado doenças como HIV e malária com a MMS. Só que Jim não é médico nem possui nenhuma credencial na área de saúde: sua única filiação conhecida é à Cientologia, culto religioso dos Estados Unidos. Em 2016, a homeopata Kerri Rivera lançou um livro alegando que o MMS poderia também curar o autismo, baseada em seus próprios experimentos e inspirada pelo trabalho de Humble.

4) As reações adversas podem ser sérias

Entram na lista náuseas, diarreia, vômitos, inflamações e lesões corrosivas no intestino, nas células sanguíneas e nos rins. Estudos mostram que o composto pode ainda impactar a função da tireoide e reduzir algumas células do sistema imune, afetando as defesas do corpo.

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5) Não há nenhuma evidência científica sobre seu benefício

Como informa a Revista Saúde, em uma busca no Pubmed, plataforma que agrega pesquisas científicas feitas no mundo, há apenas uma menção ao MMS: uma mulher de 41 anos que desenvolveu uma doença depois de tomar a substância uma vez.

6) A hashtag #foramms reúne denúncias de pais que usaram e se arrependeram

Ainda há muito material positivo sobre o MMS em vídeos online, grupos de Whatsapp e livros. Mas os pais que tiveram experiências negativas com o composto estão compartilhando suas experiências com a hashtag #foramms e na imprensa para alertar outras famílias. Vômitos, erupções na pele e infecções oportunistas por conta de deficiências nutricionais provocadas pelo agente estão entre os relatos. 

7) Outros países já baniram o MMS

O FDA (Food and Drugs Agency), que controla a comercialização de remédios nos Estados Unidos, proíbe a venda do MMS no país. Grandes empresas de tecnologia, como Facebook e Google, emitiram comunicados públicos dizendo que atuariam para retirar conteúdos relacionados ao composto do ar. A Amazon deixou de vender este ano livros sobre o tema, incluindo o mais famoso, de Kerri Rivera.

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8) Não existe cura para o autismo

O transtorno do espectro autista pode atrapalhar a qualidade de vida e a socialização das crianças. Por isso, há muitos estudos em buscas de tratamentos para ele, mas ainda não existe uma solução definitiva — aliás, tudo que é milagroso, como indica o nome da substância, merece por si o pé-atrás. Terapias multidisciplinares, estímulos e quebra de estigmas ainda são as melhores maneiras de lidar com o autismo.

 

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