“É especialmente frustrante quando você não tem uma boa resposta sobre por que um feto perdeu a vida”, afirma Jessica Page, professora assistente do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade Utah Health, nos Estados Unidos. A instituição é responsável por promover um dos maiores estudos sobre o tema, ao analisar a história geracional de saúde das famílias que passaram por essa situação.
“O conhecimento sobre o assunto pode nos dar a oportunidade de mudar a forma como classificamos as pessoas e reduzir os riscos da morte fetal por meio da prevenção”, acrescentou a especialista em nota à U of U Health.
A pesquisa, publicada ainda este ano na revista científica BJOG, é a primeira a constatar que a chance de perda da vida do bebê ainda dentro do útero materno ou durante o trabalho de parto pode ter causas genéticas e ser herdada através dos membros masculinos da família.
Os cientistas analisaram 9.404 casos de partos em que as crianças nasceram sem vida, e descobriram que 390 famílias apresentavam um número excessivo de episódios de morte fetal ao longo de várias gerações. Os riscos, segundo o material, provinham sobretudo de primos, pais e avós do sexo masculino e principalmente do lado paterno da família.
A tendência de transmissão genética do quadro foi observada pela primeira vez pela pesquisa, que comparou os episódios de nascimentos sem vida com um grupo de controle de 18.808 partos ocorridos entre 1978 e 2019 nos Estados Unidos.
Riscos de morte fetal
De acordo com a Utah Health, as chances de falecimento do bebê no decorrer do trabalho de parto ou dentro do útero materno aumentam quando a mãe apresenta condições de saúde como hipertensão gestacional, pré-eclâmpsia e diabetes, mas 1 em cada 3 episódios ainda não tem causa conhecida.
“Poucos estudos examinaram o risco genético herdado para morte fetal devido à falta de dados. Entender estes padrões pode ajudar a aconselhar as famílias sobre os riscos. O estudo também é um passo importante para identificar genes específicos que aumentam as chances de o bebê nascer sem vida, o que pode um dia levar a um melhor diagnóstico e prevenção”, concluiu o co-autor da pesquisa, Tsegaselassie Workalemahu, em nota.