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Há um tipo de espermatozoide mais rápido que outro?

Espermatozoides podem conter cromossomos X ou Y, que ajudam a definir o sexo do bebê. Mas será que algum deles é mais rápido?

Por Gabriel Bortulini
30 nov 2024, 17h00
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Pesquisas recentes têm demonstrado que é o óvulo, e não o espermatozoide, o responsável por selecionar certas características genéticas do futuro embrião (Freepik/Reprodução)
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Um método desenvolvido a partir da década de 60 sugeria que o espermatozoide “masculino” seria mais rápido que o “feminino”. Isso poderia ajudar a “escolher” o sexo do bebê. A hipótese é controversa e, antes de nos aprofundarmos, é preciso entender o básico da reprodução.

Diferente dos óvulos, que contêm apenas cromossomos X, os espermatozoides podem carregar tanto cromossomos X quanto cromossomos Y (um só um por vez, claro). A combinação dos cromossomos do óvulo e do espermatozoide, no momento da concepção, é o que ajuda a determinar o sexo do bebê.

Ou seja, se o espermatozoide que contêm o cromossomo Y fecunda o óvulo, o resultado será um embrião XY: portanto, um bebê do sexo masculino. Já se o espermatozoide contendo o cromossomo X fecundar o óvulo, teremos um bebê do sexo feminino, XX.

Mas por que a rapidez do espermatozoide seria importante para determinar o sexo do bebê?

O Método Shettles

Durante a década de 1960, nos Estados Unidos, o médico Landrum Shettles lançou a hipótese de que os espermatozoides contendo o cromossomo Y eram mais rápidos, mas menos longevos que os espermatozoides que carregam o cromossomo X. Estes seriam mais lentos, porém mais resistentes.

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A partir disso, surgiu a ideia de que era possível “escolher” o sexo do bebê se soubéssemos o momento em que a ovulação ocorre. Por muito tempo (e ainda hoje) essa hipótese foi disseminada, com base no que ficou conhecido como o Método Shettles.

A ideia era a seguinte: se o sexo ocorresse em momentos mais próximos à ovulação, a probabilidade de nascer um menino seria maior, porque os espermatozoides “masculinos” chegariam mais rapidamente ao óvulo. Já para “escolher” uma menina, o sexo deveria acontecer entre dois a quatro dias antes da ovulação, afinal, os espermatozoides femininos são mais resistentes e sobreviveriam por mais tempo.

A supervalorização dos espermatozoides

O método ganhou muitos adeptos. No entanto, há quem contrarie a afirmação de que os espermatozoides “masculinos” são mais rápidos. Ainda, mesmo que isso se confirme, a ideia parte de uma perspectiva que tende a supervalorizar o papel dos espermatozoides em detrimento da ação do óvulo.

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Pesquisas recentes têm demonstrado que, na verdade, o óvulo exerce uma função essencial, sendo capaz de atrair e repelir os espermatozoides conforme suas características genéticas. Ou seja, mesmo que um espermatozoide chegue mais rápido ao óvulo, isso não quer dizer que haverá a concepção, porque o óvulo pode rejeitá-lo.

Em suma, apesar do Método Shettles ser sedutor, não há maneiras naturais comprovadas cientificamente para escolher o sexo de seu bebê, por mais rápido que os espermatozoides sejam. Ao final, quem “escolhe” é o óvulo.

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