Há um tipo de espermatozoide mais rápido que outro?
Espermatozoides podem conter cromossomos X ou Y, que ajudam a definir o sexo do bebê. Mas será que algum deles é mais rápido?
Um método desenvolvido a partir da década de 60 sugeria que o espermatozoide “masculino” seria mais rápido que o “feminino”. Isso poderia ajudar a “escolher” o sexo do bebê. A hipótese é controversa e, antes de nos aprofundarmos, é preciso entender o básico da reprodução.
Diferente dos óvulos, que contêm apenas cromossomos X, os espermatozoides podem carregar tanto cromossomos X quanto cromossomos Y (um só um por vez, claro). A combinação dos cromossomos do óvulo e do espermatozoide, no momento da concepção, é o que ajuda a determinar o sexo do bebê.
Ou seja, se o espermatozoide que contêm o cromossomo Y fecunda o óvulo, o resultado será um embrião XY: portanto, um bebê do sexo masculino. Já se o espermatozoide contendo o cromossomo X fecundar o óvulo, teremos um bebê do sexo feminino, XX.
Mas por que a rapidez do espermatozoide seria importante para determinar o sexo do bebê?
O Método Shettles
Durante a década de 1960, nos Estados Unidos, o médico Landrum Shettles lançou a hipótese de que os espermatozoides contendo o cromossomo Y eram mais rápidos, mas menos longevos que os espermatozoides que carregam o cromossomo X. Estes seriam mais lentos, porém mais resistentes.
A partir disso, surgiu a ideia de que era possível “escolher” o sexo do bebê se soubéssemos o momento em que a ovulação ocorre. Por muito tempo (e ainda hoje) essa hipótese foi disseminada, com base no que ficou conhecido como o Método Shettles.
A ideia era a seguinte: se o sexo ocorresse em momentos mais próximos à ovulação, a probabilidade de nascer um menino seria maior, porque os espermatozoides “masculinos” chegariam mais rapidamente ao óvulo. Já para “escolher” uma menina, o sexo deveria acontecer entre dois a quatro dias antes da ovulação, afinal, os espermatozoides femininos são mais resistentes e sobreviveriam por mais tempo.
A supervalorização dos espermatozoides
O método ganhou muitos adeptos. No entanto, há quem contrarie a afirmação de que os espermatozoides “masculinos” são mais rápidos. Ainda, mesmo que isso se confirme, a ideia parte de uma perspectiva que tende a supervalorizar o papel dos espermatozoides em detrimento da ação do óvulo.
Pesquisas recentes têm demonstrado que, na verdade, o óvulo exerce uma função essencial, sendo capaz de atrair e repelir os espermatozoides conforme suas características genéticas. Ou seja, mesmo que um espermatozoide chegue mais rápido ao óvulo, isso não quer dizer que haverá a concepção, porque o óvulo pode rejeitá-lo.
Em suma, apesar do Método Shettles ser sedutor, não há maneiras naturais comprovadas cientificamente para escolher o sexo de seu bebê, por mais rápido que os espermatozoides sejam. Ao final, quem “escolhe” é o óvulo.