Gravidez além do óbvio: o que ninguém comenta, mas toda gestante vive
O que ninguém te conta sobre a gestação? Conheça alguns incômodos que todas passam e não te contam

Quando uma nova vida está a caminho, é muito comum que todos ao redor, desde familiares até desconhecidos, sintam vontade de opinar. Entre conselhos, histórias pessoais e até relatos assustadores, surgem comentários sobre alimentação, aparência, comportamento e tudo mais que envolve a gestação. Com o tempo, a pessoa que está grávida desenvolve a habilidade de ouvir com gentileza, sorrir e seguir em frente tentando não absorver tudo.
Mas nem sempre o que realmente importa vem nesses conselhos espontâneos. Existem orientações fundamentais para quem está esperando um bebê, informações que, muitas vezes, nem a própria mãe ou a melhor amiga se lembram de contar. Por isso, reunimos aqui alguns pontos importantes que nem sempre são falados, mas que fazem toda a diferença durante a gestação.
Nutrição para um, e não para dois
Frequentemente, em uma tentativa bem-intencionada de não se intrometer, ou de ser ofensivo, as pessoas podem encorajar a ingestão de qualquer alimento desejado, sempre com o argumento de “manter seu bebê feliz” ou, o clássico, “você está nutrindo duas vidas agora”. No entanto, a verdade é que não se deve, de fato, alimentar-se em dobro. Não é uma tarefa fácil, e gerenciar o aumento ponderal na gestação representa um desafio para a maioria das genitoras. Aceitar a ideia de que se pode consumir por duas pessoas, ignorando que um dos envolvidos tem o tamanho de um vegetal pequeno e não exige uma porção extra de doce, conduzirá a um excesso de massa corporal, o que pode originar complicações para a pessoa que gesta e para o pequeno ser, tanto naquele instante quanto no por vir.
O desafio da gestação: é aceitável não deleitar-se com cada instante
Existe uma tendência generalizada de lembrar as futuras mães de que a gravidez é a experiência mais transformadora da vida. E sim, gerar uma nova vida é algo verdadeiramente especial. Mas isso não significa que o processo seja sempre leve ou encantador. As mudanças que ocorrem no corpo de quem está grávida são incríveis, porém, nem sempre confortáveis.
Seria muito mais útil se, junto com os elogios à maternidade, viessem também alertas honestos sobre os desafios desse período. Sentir desconforto, lidar com dores, cansaço, indigestão ou as idas constantes ao banheiro não fazem de ninguém uma mãe “ruim”. A verdade é que a gestação é difícil para a maioria das mulheres, e está tudo bem não amar cada detalhe dos nove meses. Você pode amar profundamente seu bebê, mesmo sem ter curtido todas as fases da gravidez.
A importância da indumentária adequada: acolhendo as novas formas
É comum que quem está grávida tente adiar ao máximo o uso de roupas específicas para gestantes, insistindo por um tempo nas peças mais elásticas do armário. Mas vamos ser sinceras: quem estamos tentando enganar? Muitas de nós já passamos por isso. Amigos e familiares costumam elogiar, dizendo que “nem parece que você está grávida”, numa tentativa de levantar o astral, mas na verdade, parecer grávida é lindo e não há motivo algum para esconder isso.
A boa notícia é que hoje existem várias opções de roupas para gestantes que são confortáveis, estilosas e acessíveis. Seu corpo está passando por algo grandioso, e merece ser acolhido com peças que valorizem a silhueta e proporcionem bem-estar. Por isso, não espere seus jeans apertados declararem guerra: invista em roupas que te façam sentir bem e que acompanhem essa fase com leveza e praticidade.
Pós-parto: o percurso para a recuperação física
Retornar ao contorno físico pré-gestacional não é uma tarefa simples para a maioria dos indivíduos. As pessoas que esperam um filho precisam estar preparadas para o esforço considerável que as aguarda. A afirmação de que os quilos simplesmente “desaparecerão” apenas prejudica a autoestima, especialmente quando, três meses após o nascimento, o corpo permanece sem nenhuma mudança relevante e longe de poder vestir novamente aquele jeans justinho. É preciso ser transparente e dizer a verdade. E se alguém afirmar que não precisou fazer esforço nenhum e que o peso simplesmente sumiu como mágica, é bem provável que esteja exagerando, ou contando com uma dose rara de sorte.
Limites pessoais e a percepção do próprio organismo na gestação
Não se é uma pessoa horrível por pensar que aqueles que ficam passando a mão na sua barriga deveriam, na verdade, estar tocando a si mesmos. Embora seja reconfortante pensar que muitas pessoas admiram a beleza da gravidez, é extremamente estranho e desconfortável quando indivíduos mal conhecidos (ou completos estranhos!) se mostram excessivamente afetuosos com o seu ventre.
Por outro lado, é comum ouvir de pessoas, muitas vezes desconhecidas, que você deve abraçar suas novas curvas e aproveitar esse momento mágico da gestação. Mas, na prática, nem sempre é tão simples. A lembrança daquele jeans favorito que já não fecha mais, somada às dores e incômodos típicos de carregar um bebê em crescimento, pode tornar difícil esse tal “deleite”.
À medida que o corpo muda, é natural sentir desconforto, físico e emocional. Mesmo que por fora tudo pareça estar ótimo, por dentro, pode bater uma sensação de estranhamento. E como não sentir? Afinal, há um ser humano crescendo dentro de você. Não há nada de errado em não amar todas as transformações ou em se sentir diferente no próprio corpo. Isso faz parte da experiência, e está tudo bem.
Turbilhão emocional no puerpério: preparando-se para a montanha-russa de sensações
Se tem algo a se esperar após o trabalho de parto, é uma grande instabilidade de sentimentos. Seja a melancolia pós-nascimento, a ausência de uma ligação imediata com o recém-chegado, ou apenas alguns dias ou semanas de sentir-se completamente “fora do ar”, o período que vem após o nascimento é exaustivo para todos. O corpo passa por transformações tão rápidas que é perfeitamente normal vivenciar uma diversidade de emoções incontroláveis. Seria bem mais útil receber uma orientação concreta do que escutar de novo que “sua barriga está pequena, então o bebê deve ser também”.
Aparência abdominal após o nascimento: uma fase transitória
Já que estamos abordando o período pós-parto, aqui vai um aviso amigável: você ainda parecerá estar gestando seis meses após o nascimento do bebê. Seu abdômen, que talvez já tenha exibido músculos visíveis e definidos, poderá assemelhar-se a uma massa de pão crua. Não cometa o equívoco de incluir na sacola da maternidade um jeans que não seja para gestantes. Entenda que o aspecto de sua região abdominal melhorará com o passar do tempo.
O processo de nascimento: nem sempre um cenário de terror
Parece que a maioria das mulheres que já tiveram uma vivência desfavorável de trabalho de nascimento sente a necessidade de compartilhar sua história com as pessoas que esperam um filho. Onde estão os relatos positivos? Existem alguns? Sim, eles existem. Algumas genitoras têm boas experiências. Algumas vivenciam processos de trabalho de parto rápidos, ou anestesias epidurais eficazes, ou nascimentos conforme planejaram. Algumas evitam lacerações vaginais e não passam horas impulsionando seus pequenos para fora. Tente não se concentrar excessivamente no quão terrível será o processo de nascimento, pois há uma possibilidade de que não seja tão ruim. Mas uma certeza existe: não importa como tenha sido a gestação e o quanto você foi incomodada por conselhos inadequados, quando você sentir o pulsar do coração de seu pequeno contra o seu próprio, isso a auxiliará a esquecer tudo o que foi vivenciado.