Não é só o diabetes gestacional que ameaça mãe e filho. Segundo um trabalho da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, o consumo de açúcar elevado no início da gravidez por si só já aumenta o risco de problemas cardíacos no bebê.
Para chegar à conclusão, os pesquisadores avaliaram o histórico de mais de 19 mil nascimentos e o resultado de exames de glicose colhidos em diferentes momentos da gravidez. Foram excluídos da pesquisa bebês que tinham síndromes, gêmeos e mulheres que tiveram diabete gestacional, além das que tinham IMC (índice de massa corpórea) baixo ou alto demais.
O objetivo era analisar a ingestão de açúcar no primeiro trimestre, período em que o coração ainda está em desenvolvimento e sujeito à defeitos em sua formação. Mas, como não é muito comum pedir testes de glicose em mulheres que não tenham problemas como diabetes gestacional, só 13% das voluntárias tinham esse dado disponível.
Mesmo assim, os resultados mostraram que o risco de dar à luz uma criança com problemas no coração sobe 8% a cada 10 miligramas de açúcar no sangue da mulher durante o começo da gestação. “A maioria das mães de crianças com doenças cardíacas congênitas não são diabéticas”, explicou em comunicado à imprensa James Priest, pediatra de Stanford e autor sênior do trabalho.
Aplicação prática
Com o achado, os autores creem que medir os níveis de glicose da mãe no primeiro trimestre poderá ajudar a calcular o risco do bebê nascer com algum defeito congênito no peito.
“Podemos selecionar a partir daí mulheres que apresentam alterações na taxa de açúcar para exames mais detalhados sobre o coração do feto e, assim, oferecer um pré-natal mais adequado e oferecer intervenções precoces se necessário”, apontou Priest.