Estresse e sustos causam aborto? O que é mito e o que é verdade na gravidez
Entenda melhor sobre o impacto da saúde mental na gestação

A gravidez é um período cheio de mudanças, emoções e expectativas. E com toda essa transformação, é comum que surjam dúvidas – principalmente quando surgem conselhos, alertas e histórias que nem sempre têm base científica. Uma das preocupações mais frequentes é se sustos, nervosismo ou estresse podem provocar um aborto espontâneo. A resposta, como quase tudo na gestação, depende do tipo de estresse envolvido.
Sustos do cotidiano não causam aborto
Situações cotidianas como se irritar no trânsito, discutir com alguém ou levar um susto por causa de um barulho inesperado não aumentam o risco de um aborto espontâneo. Esses eventos fazem parte da vida e, embora causem aceleração dos batimentos cardíacos ou tensão momentânea, não são suficientes para interferir no desenvolvimento do bebê.
O corpo da gestante está preparado para enfrentar pequenas oscilações emocionais. O risco real aparece quando o estresse é intenso, prolongado e acompanhado de outras alterações físicas e psicológicas.
Quando o estresse se torna um problema
Estresse extremo, como a vivência de um trauma, luto, violência ou outras situações de sofrimento emocional profundo, pode desencadear efeitos negativos na gestação. O principal motivo é o aumento persistente de hormônios como o cortisol e a adrenalina, que em níveis elevados e por longos períodos podem influenciar diretamente no funcionamento do organismo da gestante.
Essa condição pode afetar a imunidade, elevar a pressão arterial e desencadear processos inflamatórios. Estudos indicam que mulheres submetidas a altos níveis de estresse durante a gestação têm maior probabilidade de complicações, especialmente a partir da 20ª semana, como parto prematuro e, em alguns casos, risco aumentado de aborto.
Consequências do estresse para o bebê
Mesmo que não resulte em perda gestacional, o estresse crônico pode influenciar o desenvolvimento do bebê. Pesquisas sugerem que filhos de mães que passaram por períodos prolongados de tensão durante a gravidez podem apresentar maior tendência a condições como asma, alergias, dificuldades de sono e até alterações no desenvolvimento emocional.
É importante entender que esse impacto não vem de momentos isolados de tristeza ou preocupação, mas de um padrão contínuo de desgaste emocional, que muitas vezes está associado à falta de apoio ou dificuldades para lidar com situações adversas.
Como proteger sua saúde mental durante a gestação
Felizmente, é possível cuidar da saúde emocional durante a gravidez com algumas estratégias simples, mas eficazes:
- Praticar técnicas de relaxamento: exercícios respiratórios, meditação e yoga são boas ferramentas para acalmar a mente e o corpo.
- Manter uma rotina equilibrada: alimentar-se bem, dormir o suficiente e praticar atividades físicas leves (sempre com orientação médica) ajudam a regular o humor.
- Conversar com pessoas de confiança: dividir sentimentos com parceiros, familiares, amigos ou terapeutas pode aliviar preocupações e criar uma rede de apoio.
- Buscar ajuda profissional: psicólogos, psiquiatras e outros profissionais de saúde mental estão preparados para orientar gestantes que estejam enfrentando períodos mais difíceis.
- Evitar o isolamento: manter vínculos sociais e participar de grupos de apoio à gestação pode fazer a diferença no bem-estar emocional.
Cuidar de você também é cuidar do bebê
É essencial que as gestantes reconheçam a importância de sua saúde mental durante esse período. Não se trata de exagero ou sensibilidade em excesso: o bem-estar emocional tem papel direto na saúde da mãe e do bebê.
Momentos de ansiedade ou tensão são naturais, mas quando esses sentimentos se tornam constantes ou intensos, é hora de procurar apoio. Nenhuma mulher precisa passar pela gestação sozinha ou em silêncio. Falar sobre emoções e buscar acolhimento é um gesto de cuidado – com você e com seu filho.