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Depressão na gravidez pode causar parto prematuro

Estado de angústia e tristeza durante a gestação está relacionado às oscilações de hormônio e é mais comum do que se imagina.

Por Michelle Veronese (colaboradora)
Atualizado em 23 jan 2017, 18h18 - Publicado em 17 jun 2015, 14h08
Thinkstock/Getty Images
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A depressão pós-parto é um problema pra lá sério, que toda candidata a mãe faz questão de conhecer. O que poucas mulheres sabem é que esse mal também pode vir à tona antes de o bebê nascer. Trata-se de uma espécie de depressão pré-parto, que merece cuidados especiais.

Pra entender esse quadro, é preciso levar em conta as mudanças que acontecem no corpo da mulher durante a gestação. A barriga cresce, os seios doem, as pernas incham e milhares de outras transformações vão ocorrendo, semana após semana. “Além das modificações hormonais, ocorrem mudanças psicológicas, que podem ser experimentadas com mais intensidade por algumas mulheres”, observa Marco Antônio Brasil, chefe do setor de psiquiatria e psicologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Rio de Janeiro. Os especialistas ainda não sabem o porquê, mas o fato é que, de uma hora para a outra, o humor de algumas futuras mamães oscila e o bem-estar acaba dando lugar ao baixo astral. É aí que a depressão bate à porta.

É muito fácil perceber o momento em que isso acontece. “A mulher fica menos interessada no bebê e acaba abandonando os cuidados com a saúde e a alimentação”, conta a psiquiatra Florence Kerr-Corrêia, professora da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu, no interior de São Paulo. Se antes ela tinha planos para a criança, deixa esses sonhos de lado.

Algumas tendem a fumar ou beber – duas atitudes, vale lembrar, extremamente prejudiciais ao bebê. Outras deixam de se alimentar ou comem exageradamente. Já a tristeza, sintoma que todo mundo associa à depressão, nem sempre dá as caras. “Em vez disso, pode acontecer de a mulher adotar uma atitude mais egoísta, ficar voltada apenas para si e mergulhada em pensamentos negativos”, diz a especialista.

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Se esses sintomas não forem logo tratados, a mãe e o bebê podem sofrer sérias complicações. A mais comum é a gravidez não chegar a termo, isto é, o bebê nascer antes de completar 37 semanas. Um estudo, publicado na revista científica inglesa Human Reproduction, confirmou esse risco e constatou algo que surpreendeu os médicos: a depressão na gravidez é mais comum do que se imagina e a possibilidade de parto prematuro é duas vezes maior nessa condição.

Os pesquisadores também investigaram o que está por trás do problema e já encontraram algumas pistas. Tudo indica que as alterações hormonais que afetam o humor podem interferir no equilíbrio químico da placenta e, de alguma maneira desconhecida, antecipariam o momento do parto. Resultado: o bebê nasce prematuro e, ainda nos primeiros momentos de vida, pode apresentar problemas de saúde e desenvolvimento. “A melhor solução para esse mal continua sendo o diagnóstico precoce”, lembra Marco Antônio.

Por isso, sempre vale repetir o alerta: abra o jogo com o médico e o companheiro sempre que algum sentimento negativo insistir em turvar o seu bom humor. Quanto mais cedo a depressão for identificada, mais rapidamente a futura mamãe voltará a curtir a gestação. O problema pode ser tratado com psicoterapia e, dependendo do caso, os especialistas chegam a apelar para o uso de medicamentos específicos. Tudo para que essa longa espera pelo bebê seja cercada de alegria.

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