Cientistas criam anticoncepcional masculino que paralisa espermatozoides
O inibidor TDI-11861 dificulta a movimentação dos gametas masculinos e promete ser um "divisor de águas" na contracepção para os homens
Um novo estudo da Nature Communications descobriu potenciais alternativas para a criação de um contraceptivo masculino oral. Segundo os co-autores da pesquisa, o achado é um “divisor de águas” para o planejamento familiar.
Ao estudar camundongos, a equipe da Weill Cornell Medicineque, em Nova York, produziu um remédio que inativa uma enzima conhecida como adenilato ciclase (sAC, em inglês). Ela é responsável pela movimentação dos espermatozoides. Assim, os gametas não conseguem se impulsionar para frente e fertilizar o óvulo.
“Uma única dose de inibidor de sAC, chamado TDI-11861, imobilizou os espermatozoides de camundongos por até duas horas e meia, e os efeitos persistiram no trato reprodutivo feminino depois da relação”, explicaram os pesquisadores em nota à Weill Cornell Medicineque.
Os outros anticoncepcionais masculinos hormonais ou não hormonais já estudados até então levam semanas para reduzir a contagem de espermatozoides ou incapacitá-los. O inibidor TDI-11861, no entanto, funciona dentro de 30 minutos a 1 hora.
Hoje, a contracepção feminina disponível no mercado varia de métodos hormonais, a implantes, dispositivos intrauterinos até operações cirúrgicas. Já as opções masculinas se restringem a duas alternativas: os preservativos ou a vasectomia. “A pesquisa sobre contraceptivos orais masculinos estagnou”, diz Lonny Levin, professor de farmacologia na Weill Cornell Medicine.
A equipe de pesquisadores está trabalhando para tornar os inibidores adequados para uso em humanos. O próximo passo é iniciar os experimentos de base para testes em homens saudáveis. “Se o desenvolvimento do remédio e os ensaios clínicos forem bem-sucedidos, eu espero entrar em uma farmácia um dia e ouvir um homem pedir ‘a pílula masculina’”, disse Levin.