Diversos estudos mostram que o contato com a natureza faz muito bem às crianças. Entre as vantagens, o fortalecimento do sistema imunológico, sentidos mais apurados e mais consciência ambiental. Mas, em um ambiente cada vez mais urbano, é difícil que os pequenos passem tempo ao ar livre. Como uma maneira de reverter esse cenário, surgiu o movimento que pede o desemparedamento da infância.
Para os especialistas, a desconexão com a natureza está relacionada a problemas cada vez mais comuns, como a obesidade infantil, hiperatividade, déficit de atenção, desequilíbrio emocional, miopia e baixa motricidade — isto é, a falta de coordenação motora, equilíbrio e agilidade.
Isso porque, ao restringir a criança a um espaço fechado, ela perde a oportunidade de treinar estas habilidades, brincar livremente, de maneira mais desafiadora e independente, além de se movimentar menos.
Entre os fatores responsáveis por esse cenário, estão a falta de planejamento urbano, que não prevê áreas verdes de qualidade próximas às residências, a escalada da violência e as dificuldades de mobilidade. O cenário varia conforme a classe social, e os impactos do emparedamento são mais agudos nas cidades mais populosas e bairros com condições precárias.
De quanta natureza uma criança precisa?
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou recentemente um manual sobre o assunto, pedindo ao menos uma hora diária de convivência em parques, praças e outras áreas verdes. O documento traz orientações aos pais, como a importância do exemplo dos adultos pelo apreço ao meio ambiente, mas principalmente ao poder público. Para a entidade, é preciso garantir que crianças tenham acesso a espaços ao ar livre naturais, seguros e conservados a menos de dois quilômetros de casa.
O papel da escola
Esse contato diário pode ocorrer nas creches e escolas. Ora, é nelas que a maioria das crianças, independente da condição socioeconômica, vive praticamente todas as experiências da infância. A oportunidade, entretanto, acaba não sendo aproveitada — algumas pesquisas indicam que os pequenos têm pouco contato com a natureza nesses espaços.
Pensando nisso, o Instituto Alana lançou, em 2018, um livro que destaca as instituições de ensino como ambientes perfeitos para estimular as experiências ao ar livre. O texto, disponível na íntegra online, traz diversas sugestões para melhor aproveitamento de pátios e outras áreas.
Inspiradas na cartilha, preparamos uma lista de atividades deliciosas ao ar livre e iniciativas que aproximam as crianças da natureza:
- Converse com comércios ou igrejas próximas com quintal para utilizar o espaço na criação de um pomar.
- Ofereça brinquedos feitos de materiais naturais, como de madeira, que trazem marcas do tempo, textura, aroma e peso distintos.
- Materiais inacabados, como pedaços de pano, palitos, cascas, sementes, pedras, que estimulam a criatividade da criança.
- Em uma praça, explore os objetos soltos no espaço: folhas, gravetos, flores.
- Brinque de esconde-esconde em um espaço ao ar livre, dando à criança a oportunidade de explorar os cantinhos do local.
- Mantenha uma hortinha em casa — ou plantas mais resistentes, caso seja um iniciante no mundo das plantas. Jiboias e suculentas são espécies que não dão muito trabalho.
- Faça um piquenique periódico no parque.
- Visite a feira livre do seu bairro com a criança, apresentando as frutas e legumes que ela ainda não conhece.
- Permita que a criança mexa e pise na terra, areia, grama e outros elementos naturais.
- Nos dias chuvosos, aproveite as poças de lama e, no frio, que tal tentar uma fogueira?