Há alguns anos, uma mãe que saísse à rua levando seu bebê pendurado ao corpo por um pedaço de pano poderia causar espanto. Hoje, com a popularização dos carregadores de bebê, os olhares são de admiração. Com benefícios comprovados – entre eles o de permitir que o bebê fique na posição vertical após as mamadas -, os slings vêm ganhando cada vez mais adeptos no mundo. Além da praticidade, eles estreitam os laços entre pais e filhos. “A proximidade de estar perto da pele da mãe ou do pai gera um vínculo maior com o filho”, ressalta Mariana Nudelman, pediatra do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo.
Liberados desde o primeiro mês de vida, os carregadores mais recomendados são os ergonômicos, de tecido, que permitem posturas fisiológicas e mantêm o bebê sempre confortável em várias posições. Segundo a pediatra, o récem-nascido pode ficar apoiado no sling da mesma maneira como os pais o seguram no colo, de lado, ainda mais no momento da amamentação. “Mas a posição ideal para os pequenos é ficar de frente para o cuidador, com o contato entre a barriga do bebê e a barriga da mãe ou do pai. A cabeça deve ficar na altura do pescoço do adulto e as perninhas como se a criança estivesse sentada, com o joelho flexionado”, explica.
Na hora de escolher o modelo ideal, os pais devem procurar um produto de boa procedência, para garantir a segurança da criança, e ficar atentos aos fatores abaixo:
Desenvolvimento do bebê
“Até os três meses, costumo indicar o sling de tecido porque o bebê ainda não sustenta a cabeça e esse tipo de carregador oferece maior apoio para a cabeça e o pescoço do pequeno”, explica Mariana Nudelman. Depois dessa faixa etária, quando o bebê já tem maior sustentação, os pais podem escolher outros tipos, como o canguru. Para as crianças maiores, há a opção de sentar com as perninhas abertas, para fora do sling. É sempre bom observar que, qualquer que seja o carregador, o pequeno não deve ficar pendurado pelos quadris, para não forçar essa articulação e comprometer seu desenvolvimento. “O joelho deve estar dobrado e flexionado, na altura do quadril, para não trazer problemas futuros como na hora da criança começar a andar e a se locomover”, esclarece a especialista.
Base do carregador
“A base onde o bebê senta não pode ser estreita, ela deve ser larga para deixar os joelhos e o quadril da criança na posição adequada”, alerta a pediatra.
Tempo de uso
Além da precaução com o filhote, os pais também devem tomar certos cuidados ao utilizar os carregadores. Embora não tenha idade ou peso limite para os bebês deixarem de usá-los, os cuidadores devem avaliar até que ponto levar a criança dessa forma é confortável para eles. “Quando o bebê é um pouco maior, os pais não devem carregá-los por muitas horas nos slings, somente quando é realmente necessário”, afirma a pediatra. Ela aconselha modelos que tenham as tiras largas, que oferecem um bom apoio aos ombros e não causam problemas para a coluna do adulto.
Tipo de tecido
Os de algodão são melhores, pois evitam a transpiração e o calor excessivo. A médica ainda faz outro alerta: “Os pais devem evitar se alimentar ou mesmo tomar bebidas quentes quando estão segurando os bebês nos carregadores a fim de evitar acidentes”.
Modelos de carregadores
Canguru, wrap sling, mei tai… Confira diferentes tipos e saiba como transportar seu filho com segurança:
1. Sling de argolas
De tecido e com duas argolas grandes que ficam na altura dos ombros (detalhe 1), o sling de argolas é ajustável, para deixar o bebê seguro e confortável. Ele deve ser usado, preferencialmente, na lateral do corpo de quem está carregando a criança. O lado negativo é que ele sobrecarrega um dos ombros e, por isso, é recomendado usá-lo por períodos mais curtos de tempo. Esteticamente, é mais feminino, pois sobra uma espécie de xale na ponta, que serve para cobrir o bebê ou dar privacidade na hora da soneca. O bebê pode ser colocado em diferentes posições, de acordo com o momento e seu tamanho. No caso de recém-nascidos, eles podem ser acomodados deitadinhos de lado, como se estivessem no colo, ou com as perninhas cruzadas, como se estivessem dentro do útero da mãe (detalhe 2).
2. Pouch sling
Parecido com o de argolas, mas sem ajustes (detalhe 1), agrada por ser descomplicado, leve e fácil de usar. O tecido é maleável e o tamanho deve ser escolhido com atenção. Usado por homens e mulheres, tem visual contemporâneo e se apoia em um ombro só – por isso também é recomendado não usá-lo por muito tempo, para não sobrecarregar o ombro do adulto.
3. Wrap sling
Apoiado nos dois ombros, é um grande pedaço de tecido que se enrola ao corpo do cuidador, daí o nome wrap, do inglês, enrolar. Como é mais demorado para vestir, quem usa costuma ficar com ele por períodos mais longos de tempo, pois não convém ficar tirando e colocando. A vantagem desse modelo, em comparação ao sling comum de argolas, é que ele distribui melhor o peso da criança no corpo dos pais, por ter apoio nos dois ombros e nas costas, como mostra a ilustração. Assim como nos outros carregadores, a cabecinha do bebê deve ficar na altura do pescoço do adulto e as perninhas como se a criança estivesse sentada. Vale lembrar que existe a variação “Fast Wrap”, mais fácil de colocar, que veste como uma camiseta.
4. Mei tai
Muito usado pelas europeias, o bebê fica sentado com as pernas abertas, também na posição barriga com barriga e joelhos flexionados. A diferença entre os outros carregadores é que este modelo tem uma base larga que apoia bem a coluna do bebê (detalhe 2). Assim como o wrap sling, a vantagem é que o peso fica bem distribuído nos dois ombros e serve em tamanhos de troncos variados, mas exige tempo e certa habilidade para vestir, regular e amarrar (detalhe 1).
5. Canguru
Por ser um carregador já pronto, que não demanda uma amarração específica, o canguru é um dos modelos mais fáceis de vestir. Ele possui regulagem de altura das alças (detalhe 1), com um cinto partindo das costas. Na lateral, há travas que também são ajustáveis (detalhe 2), para manter o bebê próximo ao corpo do adulto. O encosto costuma ser acolchoado e bem reforçado, garantindo sustentação para a coluna da criança. Aqui, valem as mesmas regras de postura do pequeno, que sempre deve ficar com as perninhas flexionadas. Uma boa dica é deixar o bumbum do bebê na mesma altura do umbigo do pai ou da mãe.