SBP lança cartilha sobre saúde das crianças na era digital
Você sabia o tempo de exposição às mídias deve ser limitado ao máximo de 1 hora por dia para os pequenos entre 2 e 5 anos? Confira as novas recomendações.
Não é raro ver bebês assistindo a desenhos no tablet enquanto comem ou mesmo crianças entretidas com jogos nos celulares ao longo do dia. Os pequenos estão tendo contato cada vez mais cedo com a tecnologia e nem sempre isso ocorre de maneira equilibrada. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o excesso e o uso precoce dos aplicativos online acarretam sérias consequências para crianças e adolescentes, como problemas de socialização, dificuldades escolares, aumento da ansiedade, violência, cyberbullying, transtornos de sono e alimentação, sedentarismo, problemas auditivos, visuais, posturais e até mesmo envolvendo a sexualidade.
Visando o bem-estar dos pequenos e o futuro do país, a SBP publicou, em outubro de 2016, uma cartilha com instruções que se adequam à realidade do Brasil para auxiliar pais, educadores e pediatras. Confira as principais dicas abaixo:
– O tempo de uso diário ou a duração total/dia do uso de tecnologia digital deve ser limitado e proporcional às idades e às etapas do desenvolvimento cerebral-mental-cognitivo-psicossocial das crianças e adolescentes.
– Desencorajar, evitar e até proibir a exposição passiva em frente às telas digitais, com exposição aos conteúdos inapropriados de filmes e vídeos, para crianças com menos de 2 anos, principalmente, durante as horas das refeições ou 1-2 h antes de dormir.
– Limitar o tempo de exposição às mídias ao máximo de 1 hora por dia para os pequenos entre 2 e 5 anos de idade.
– Crianças entre 0 e 10 anos não devem fazer o uso de televisão ou computador nos seus próprios quartos.
– Pequenos menores de 6 anos precisam ser mais protegidos da violência virtual, pois não conseguem separar a fantasia da realidade. Jogos online com cenas de tiroteios como mortes ou desastres que ganham pontos de recompensa como tema principal não são apropriados em qualquer idade, pois banalizam a violência como sendo aceita a resolução dos conflitos, sem expor a dor ou sofrimento causado às vítimas, e contribui para o aumento da cultura de ódio e intolerância e devem ser proibidos.
– Estabelecer limites de horários e mediar o uso com a presença dos pais para ajudar na compreensão de imagens. Equilibrar as horas de jogos online com atividades esportivas, brincadeiras, exercícios ao ar livre ou em contato direto com a natureza.
– Conversar sobre as regras de uso da Internet, configurações para segurança e privacidade e sobre nunca compartilhar senhas, fotos ou informações pessoais ou se expor através da utilização da webcam com pessoas desconhecidas, nem postar fotos íntimas ou nudes, mesmo com ou para pessoas conhecidas em redes sociais.
– Monitorar os sites, programas, aplicativos, filmes e vídeos que as crianças estão acessando, visitando e trocando mensagens, sobretudo em redes sociais. Manter os computadores e os dispositivos móveis em locais seguros, e ao alcance das responsabilidades dos pais (na sala) ou das escolas (durante o período das aulas).
– Usar antivírus ou programas que servem de filtros de segurança e monitoramento para palavras, categorias ou sites. Alguns restringem o tempo de uso de jogos online, aplicativos e redes sociais por faixa etária. Ainda assim, é importante explicar com calma e sem amedrontar as crianças quais são os motivos e perigos que existem na Internet, espaço vazio e virtual onde nem tudo é o que parece ser.
– Aprender/ensinar a bloquear mensagens ofensivas ou inapropriadas, redes de ódio, violência ou intolerância ou vídeos com conteúdos sexuais e como denunciar cyberbullying.
– Conversar sobre valores familiares e regras de proteção social para o uso saudável, crítico, construtivo e pró-social das tecnologias usando a ética de não postar qualquer mensagem de desrespeito, discriminação, intolerância ou ódio.
– Dialogar. Aproveitar oportunidades aos finais de semana e durante as férias para conviver com a família e amigos e dividir momentos de prazer sem o uso da tecnologia, mas com afeto e alegria.
Nas instruções dedicadas apenas aos pais, a cartilha ressalta a importância de sempre manter um canal de comunicação aberto com os filhos para falar sobre os perigos da internet, abrir espaço para discussões e delimitar o uso de sites e aplicativos de acordo com a faixa etária. O documento também recomenda que os cuidadores fiquem de olho nas classificações indicativas dos conteúdos acessados pelos filhos; que estabeleçam regras e limites para o uso da tecnologia; que alertem os pequenos para jamais fornecer senhas e informações para qualquer pessoa que estiver online; que evitem postar fotos dos filhos para pessoas desconhecidas ou em modo público; que exerçam o papel de mãe e pai longe das tecnologias e, principalmente, deem o exemplo: desconectando e aproveitando o tempo livre com a família.