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Mãe lésbica perde os direitos parentais para ex-mulher e doador de esperma

O caso tem gerado dúvidas sobre os direitos de pais e mães que passam por procedimentos de inseminação artificial com doação de esperma nos EUA

Por Carla Leonardi
Atualizado em 22 fev 2023, 16h04 - Publicado em 22 fev 2023, 14h13
Martelo da juíza sobre a mesa no tribunal
 (RUNSTUDIO/Getty Images)
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Uma decisão tomada por uma juíza de Oklahoma, nos Estados Unidos, em 13 de fevereiro, tem repercutido na imprensa e gerado dúvidas sobre os direitos de pais e mães que passam por procedimentos de inseminação artificial com doação de esperma no país. O caso em questão é o de Kris Williams, uma mulher de 51 anos que perdeu os direitos parentais após dois anos criando o bebê que planejou com a então parceira, Rebeka Wilson.

Em entrevista do Today.com, Kris, que já tem um filho de 16 anos, contou que sua ex-esposa manifestava um forte desejo de ser mãe. “Então nós começamos a planejar e a procurar diferentes maneiras de fazer isso acontecer. Queríamos ter essa conexão biológica e encontramos em um site aquele que parecia ser o doador perfeito”, disse. Vale lembrar que, no Brasil, diferentemente do que acontece nos EUA, a doação de esperma só pode ser anônima e deve ter o intermédio de uma clínica.

Meses depois, o casal firmou um contrato com Harlan Vaughn, o futuro doador, e a gravidez de Rebeka aconteceu. Antes do nascimento do bebê, em 2019, as duas se casaram legalmente e conversaram sobre os diferentes cenários que poderiam se desenhar caso Kris não o adotasse. “Mas nós duas nos sentimos seguras”, recordou.

Imagem de um óvulo sendo fertilizado em laboratório
(the-lightwriter/Thinkstock/Getty Images)

Sequência inesperada

O que ela não imaginava, porém, é que no caso de um possível divórcio, poderia perder totalmente o contato com a criança – e foi o que aconteceu. Em 2021, elas se separaram, Rebeka alegou abuso e conseguiu uma Ordem de Proteção à Vítima contra a ex-companheira, que nega as acusações. Em seguida, ela se mudou com a criança para a casa do doador, que entrou na Justiça para reconhecer a paternidade. Os dois ainda tiveram mais um bebê juntos. Desde novembro daquele ano, Kris não vê mais o filho, e lamenta: “Se alguma coisa pode abrir um buraco em sua alma, eu diria que é isso.”

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No último dia 13, a decisão da juíza Lynne McGuire ratificou a separação entre Kris e a criança. “A realidade é que a lei fornece um recurso legal disponível para Williams. Ela conscientemente optou por não persegui-lo”, escreveu em sua decisão. Kris não optou pela adoção antes de se separar e o direito automático de pais casados sobre seus filhos não vale para casais do mesmo sexo. 

Além disso, a situação é muito específica, pois se trata de uma inseminação caseira e com um contrato firmado diretamente com o doador. Entretanto, a advogada de Kris, Robyn Hopkin, questiona se o tratamento dado pelo Tribunal seria o mesmo no caso de um casal heterossexual. “Se essas duas pessoas fossem um casal de sexos diferentes, seus direitos parentais seriam protegidos, independentemente da biologia”, disse ao Today.

Kris lamenta a situação e diz que vai continuar lutando pela custódia do filho.

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