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Excesso de ácido fólico na gravidez aumentaria risco de autismo na infância, sugere estudo

Pesquisadores americanos notaram que doses exageradas dessa vitamina na gestação dobram a probabilidade de a criança desenvolver o transtorno. Mas calma: ainda assim, ela é fundamental para evitar que o pequeno nasça com outros problemas.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 28 out 2016, 16h52 - Publicado em 17 Maio 2016, 17h37

É consenso no mundo da obstetrícia que toda mulher que pretende engravidar precisa iniciar a suplementação de ácido fólico pelo menos 30 dias antes da concepção. O nutriente é a versão sintética do folato – vitamina do complexo B encontrada em alimentos como espinafre, lentilha e abacate – e é fundamental para a formação do bebê nos primeiros meses de gravidez. Sua carência está ligada a doenças relacionadas ao defeito do tubo neural (DTN), a exemplo de anencefalia, hidrocefalia e espinha bífida

Os cientistas também sempre foram unânimes em afirmar que, em caso de superdosagem, não haveria perigo para mãe e bebê, já que o próprio corpo da gestante eliminaria os excessos. Mas, segundo um novo estudo da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, a reposição exagerada de ácido fólico pode ser tão prejudicial quanto a falta dele. No trabalho – apresentado na última sexta-feira, 13, no Encontro Internacional para a Pesquisa do Autismo, que aconteceu em Baltimore, no estado americano de Maryland – os especialistas sugerem que, em quantidades acima do recomendado na gravidez, o nutriente estaria ligado ao desenvolvimento de transtornos do espectro autista na infância.

O levantamento funcionou assim: os estudiosos analisaram dados de 1 391 mães e filhos. As crianças nasceram entre 1998 e 2013 e foram acompanhadas durante vários anos. Nos três primeiros dias após o parto, as mamães passaram por exames de sangue para medir os índices de nutrientes em seu organismo. Os resultados demonstraram que uma a cada dez mulheres apresentava taxas acima do recomendado de ácido fólico (59 nanomoles por litro, sendo que, de acordo com a OMS, esse valor deve estar entre 13,5 e 45,3). Outra constatação foi que 6% das participantes contavam com doses elevadas de vitamina B12.

Estendendo as investigações, os experts notaram que níveis muito altos de ácido fólico na hora do nascimento estariam relacionados ao dobro de risco de o bebê desenvolver autismo no futuro. A dosagem extra de vitamina B12 também se mostrou perigosa: ela triplicou a probabilidade de o transtorno aparecer. Quando as taxas dos dois nutrientes estavam elevadas, o pequeno se mostrava 17,6 vezes mais propenso a se tornar autista.

Cautela

A maior parte das voluntárias tomou cápsulas de multivitamínicos durante a gestação, o que incluía mais ácido fólico e vitamina B12 no organismo. Contudo, de acordo com os cientistas, não é possível afirmar que essa é a causa das altas doses encontradas nas participantes. Pode ser que elas também estivessem consumindo alimentos fortificados ou até que tivessem uma predisposição genética para absorver o folato em maiores quantidades ou metabolizá-lo mais lentamente, levando ao excesso.

Em todo caso, mais pesquisas são necessárias para averiguar se a relação entre o consumo além do indicado de ácido fólico e vitamina B12 está, de fato, associado ao autismo. “As mulheres devem continuar suplementando folato no início da gravidez. O que nós precisamos descobrir é se deveria haver outras recomendações sobre a dose ideal ao longo da gestação”, comenta Ramkripa Raghavan, líder do estudo.

Portanto, se você está no início da gravidez ou pretende se tornar mãe em breve, nada de fugir das cápsulas de ácido fólico recomendadas pelo seu médico. Elas serão vitais para o seu filhote! Sobre a suplementação de vitaminas e minerais ao longo da gestação, o melhor é conversar com o seu obstetra para saber, a partir de exames, de quais nutrientes você realmente precisa.

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