Bárbara Sarkis, de 36 anos, seguiu por anos uma carreira bem-sucedida na área de Direito, até que se viu tendo que escolher entre o trabalho e a maternidade com a qual sempre sonhou – presente em todos os momentos da vida de seus filhos. Hoje, mãe de três meninos, orgulha-se pela família que formou e por ter se encontrado profissionalmente no universo materno-infantil ao criar o Baby Dicas. Conheça essa história!
“Eu sempre sonhei em ser mãe, mas a realidade foi bem diferente do que eu imaginava, já que as minhas três gestações não foram planejadas. Engravidei do meu primeiro filho, o Dudu, quando ainda namorava o meu marido. Eu tinha 29 anos e estava num momento profissional bem bacana, então fiquei paralisada quando descobri, pois viajava muito a trabalho e não me via sendo a mãe que sempre imaginei ser.
Eu era consultora tributária em uma das maiores empresas do Brasil no ramo. Faltavam apenas dois estágios para que eu me tornasse sócia da empresa, mas aquela carreira demandava muito de mim. Era necessário viajar toda semana, ficando às vezes até 15 dias sem voltar para casa.
Quando eu descobri que estava grávida, passei algumas noites em claro, porque sabia que não conseguiria conciliar a minha carreia com a maternidade, já que eu tinha muito claro na minha cabeça que eu seria uma mãe presente na vida do meu filho e que queria acompanhar todo o desenvolvimento dele.
Por outro lado, eu amava o meu trabalho. Mas na hora de colocar na balança, mesmo ainda não tendo o meu bebê nos braços, eu optei por me dedicar à maternidade, deixei aquela carreira e voltei para a minha cidade. Depois que meu filho nasceu, retornei ao mercado de trabalho, agora na empresa dos meus pais. O Dudu foi para o berçário aos seis meses de vida, mas teve muitos problemas respiratórios e teve que sair, então eu passei a ser mãe em tempo integral.
Na época, eu já tinha um blog sobre maternidade, mas foi naquele momento em que comecei a entender que essa seria a minha nova carreira. Isso já faz quase sete anos e, hoje, o Baby Dicas é a minha empresa. Depois de praticamente um ano e meio, acabei engravidando do meu segundo filho, o Arthur, enquanto eu e meu marido estávamos separados – ele morando em uma cidade e, eu, em outra.
Sempre levava o Dudu para visitar o pai e, numa dessas visitas, acabamos nos reaproximando. Sete meses depois, estava eu me mudando de cidade novamente, agora com um filho no braço e o outro na barriga. Na gestação do Pedro, o terceiro, não teve nenhuma mudança de cidade, mas teve um divórcio, enquanto eu ainda estava grávida. Agora, eram dois filhos nos braços e um na barriga, mas sem o marido do lado. Porém, depois de mais ou menos dois anos separados, nos reaproximamos e casamos novamente.
A grande verdade é que tudo foi acontecendo por impulso, nada foi planejado. Em vários momentos me culpei por ter deixado a minha carreira, mas quando esse arrependimento aparece, paro, respiro fundo e vejo que foi uma decisão acertada, porque eu iria me sentir muito mais culpada se tivesse deixado os meus filhos serem criados por funcionárias e professores, enquanto eu seria apenas uma coadjuvante.
Eu sempre quis ter quatro filhos, mas parei no terceiro. Já meu marido nunca quis ter uma família grande. Ele pensava em ter duas crianças, mas aí veio o Pedro – o mais surpresa de todos os três – e tive a certeza de que, para a nossa realidade, mais um filho não encaixaria. E não digo nem pelo lado financeiro, um medo muito comum, mas pelo psicológico e pela demanda de cada um dos três.
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As personalidades do Dudu e do Pedro são muito parecidas; o Arthur, posso afirmar, é o inverso dos dois e isso acaba me dando várias preocupações e noites em claro. O Dudu e o Pedro me demandam de uma forma intensa, o Arthur, não. Ele é um doce, super na dele, o que não vejo com bons olhos, porque eu acabo deixando o Arthur de lado, afinal, eu não preciso brigar, não preciso chamar a atenção. Então é algo que preciso sempre me policiar, porque se não observar, acabo me esquecendo do Arthur.
Algo que me deixa pouco confortável em relação às outras pessoas é a reação delas à minha família. Além de ouvir comentários desnecessários, os olhares que recebo quando chego aos lugares com os três são horríveis. Às vezes, fico chateada, porque parece que estou cometendo algum crime. Hoje, quando alguém se aproxima e solta um ‘como você é corajosa’ eu já respondo com um ‘que nada, ainda quero mais três’. A pessoa me olha como se estivesse com uma doida na sua frente, dá um sorriso sem graça e muda de assunto.
Eu só queria entender o porquê das pessoas acharem que a quantidade ideal de filhos é dois, porque se uma mulher opta por ter um filho único, ela é julgada; se tem mais de 2, ela também é julgada. Confesso que não me sinto confortável com os dedos sendo apontados para a ‘família que não tem juízo’.
Hoje, o Dudu está com 6 anos, o Arthur com quase 4 e o Pedro com 2 recém-completados. Eu acho que ser mãe de menino é uma delícia, mas exige o conhecimento de um mundo que até então para mim era obscuro, afinal, o máximo que eu conhecia do universo masculino era relativo ao meu irmão e ao meu marido.
Ser mãe de menino exige uma forma mais incisiva de ser, porque desde pequenos eles já pensam que mandam em tudo, inclusive na mãe. É engraçado ver a diferença como eles obedecem ao pai e a mim. Eu preciso falar umas cinco vezes até ser atendida, com o pai, basta o olhar. Por outro lado, ter três meninos em casa, mais o marido, é uma delícia, afinal eu sou a única mulher da casa e eles acabam me mimando, mesmo sendo tão pequenos”.