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Meninas começam a duvidar da própria capacidade aos 6 anos

De acordo com estudo americano, é ainda na infância que as garotas começam a se sentir menos talentosas.

Por Carla Leonardi (colaboradora)
Atualizado em 14 jun 2017, 14h28 - Publicado em 2 fev 2017, 21h37

Ainda nos dias de hoje, falar em igualdade de gênero é abrir espaço para discussões e questionamentos, principalmente quando relacionado ao universo infantil. Entretanto, já se sabe que é desde os primeiros anos que passamos aos nossos filhos valores que eles levarão por toda a vida; da mesma forma, é ainda na infância que os estereótipos começam a ser formados, mostrando a relevância da questão.

Foi isso que uma pesquisa publicada na revista Science na última terça-feira, 31, trouxe à tona. De acordo com os resultados, é por volta dos 6 anos de idade que as meninas começam a duvidar da própria capacidade. Comandada por pesquisadores das universidades de Nova York, Illinois e Princeton, sob a liderança da médica Lin Bian, a pesquisa investigou o comportamento dos pequenos em relação a habilidades intelectuais e chegou a uma triste conclusão: é ainda em idade escolar que as meninas colocam em xeque o seu talento.

No estudo, foram observadas cerca de 400 crianças de 5 a 7 anos, que passaram por uma série de tarefas. Logo na primeira, elas ouviram uma história que falava sobre uma pessoa “muito, muito inteligente”, sem saber se era um homem ou uma mulher. Quando tiveram que escolher entre quatro pessoas (duas do sexo masculino e duas do feminino), meninas e meninos, em sua maioria, escolheram alguém do próprio gênero.

O que chama a atenção, porém, é que a partir dos 6 anos, essa identificação diminuiu entre as meninas, que se mostraram “significativamente menos propensas do que os meninos a associar o brilhantismo ao próprio gênero”.

Numa outra parte do estudo, os pequenos precisavam escolher entre dois jogos inventados: um para “crianças que são muito, muito inteligentes” e outro para “crianças que se esforçam muito”. Os especialistas puderam observar que as garotas de 6 e 7 anos tinham menos interesse que os garotos no jogo para crianças inteligentes. “Nossa sociedade tende a associar genialidade mais a homens do que a mulheres – e essa ideia acaba afastando as mulheres de trabalhos percebidos como aqueles que requerem genialidade”, disse Lin Bian.

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Ainda de acordo com a pesquisa, se por um lado as meninas ainda se reconhecem como mais propensas do que os meninos a conseguir notas altas, isso não parece ter algum efeito quando o assunto é talento e brilhantismo.

A intenção do trabalho foi avaliar se os estereótipos de gênero já se fazem presentes durante a infância e, infelizmente, o resultado do teste indicou que sim – o que revela uma possível influência nas futuras escolhas de carreira. De acordo com Bian, o que leva a essa percepção das meninas ainda está sendo investigado, mas ela lembra a importância de ressaltarmos figuras femininas relevantes da história, para que sirvam como exemplos desde a infância. Vale lembrar, claro, que os valores passados pelos pais desde os primeiros anos de vida também fazem toda a diferença na vida das crianças.

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