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Como ajudar a criança a lidar com a eliminação do Brasil na Copa do Mundo

Encarar a derrota depois de tanta torcida e euforia é frustrante até para os adultos. Saiba como acolher a decepção dos pequenos

Por Carla Leonardi
9 dez 2022, 15h43
Menino branco, de cabelo castanho, usando uma camiseta verde, com a feição triste. Está com as duas mãos segurando em um alambrado.
 (Esthermm/Getty Images)
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Todo mundo sabe que o futebol é o esporte preferido de muita gente no Brasil e que, por aqui, a Copa do Mundo é um evento que move multidões, une famílias, amigos, paralisa o trabalho, as aulas, o trânsito… É tanta festa e torcida pela conquista da taça, mas que sempre vem acompanhada daquela chance tão frustrante de derrota. E se para nós, adultos, lidar com a eliminação de uma competição tão empolgante pode ser um pouco difícil, ainda que momentaneamente, para os pequenos pode ser muito pior.

“A partir dos 3 anos, as crianças começam a sentir frustração, tristeza, ódio – dentre outros sentimentos difíceis – por meio de situações de competição, compartilhamento de brinquedos, atividades em grupo…”, explica o psicólogo parental Filipe Colombini, fundador e CEO da Equipe AT, com foco em Atendimento Terapêutico. Ainda assim, nós sabemos que, nessa idade, as crianças não têm paciência para acompanhar uma partida inteira e o torneio é muito abstrato. A torcida é mais pela alegria em família e pela graça de vestir nosso verde e amarelo.

Para os maiores, porém, a sensação de derrota e de decepção pode aparecer de forma mais intensa, mas querer evitar a frustração dos pequenos não é o melhor caminho. “Entendo que os familiares querem ao máximo promover estratégias para evitar ou minimizar o sofrimento, mas um passo importante é assumir que não é fácil e que, na maioria das vezes, é ruim também para os próprios adultos”, alerta Filipe. “Evitar que a criança sofra e se frustre pode ser bastante problemático e até patológico”, complementa.

O psicólogo orienta que os adultos identifiquem, nomeiem e sintam o que precisa ser sentido, ajudando o pequeno a fazer esse mesmo movimento. “Utilizar-se de estratégias lúdicas é fundamental, a depender da fase de desenvolvimento da criança, além de trazer o assunto à tona de maneira compreensiva, empática e acolhedora“, aponta. Segundo Filipe, é importante que os pais ou outros responsáveis sejam capazes de entender e assumir suas próprias fragilidades, frustrações e erros, lembrando que falar é muito mais fácil que fazer – e que os pequenos estão atentos a essas incoerências.

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Folha em branco com rosto triste chorando desenhado. Há vários lápis de diferentes cores em volta do papel e duas mãos infantis e de pele branca sobre a mesa. Uma das mãos segura um lápis como se estivesse desenhando.
(Evgeniia Siiankovskaia/Getty Images)

Acolher o sentimento e não invalidar a decepção

As crianças por aí choraram com a eliminação da Copa e os adultos imediatamente disseram que não havia motivo para tanto? Talvez essa não seja a melhor estratégia. De acordo com o psicólogo, invalidar ou diminuir o sofrimento delas é uma atitude muito negativa. “A criança está no momento de aprender a lidar com seus sentimentos e comportamentos. Falar que ‘não é nada’ e invalidar o que ela sente fará com que fique confusa com o que está sentindo e com muito receio ou vergonha de se expor e mostrar suas dificuldades e vulnerabilidades”, alerta Filipe. Segundo ele, a depender da frequência e da intensidade desse tipo de atitude (em outras situações da vida), problemas futuros podem ser desenvolvidos.

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Como lidar com a frustração da criança após uma derrota

Seja na Copa do Mundo, no campeonato da escola ou até no jogo do condomínio ou da rua, é essencial se mostrar disponível para a criança e respeitar a abertura dela de falar quando quiser. É possível perguntar como está se sentindo ou até utilizar estratégias lúdicas, como se propor a desenhar com ela. “Quando a criança se expressar, vale ouvir, olhar no olho, acolher, deixar ela terminar de falar no tempo dela. Depois, é importante que o adulto também expresse o que está sentindo, dando exemplos de como lida com aquilo (‘respiro fundo, penso em outra coisa, tomo água, falo com alguém que gosto…’), além de dizer e demonstrar que estará sempre ao lado dela”, explica Filipe.

Por fim, o psicólogo parental lembra que conversar sobre vitória e derrota é uma grande oportunidade para promover e ensinar a regulação emocional aos pequenos, assim como mostrar que o sofrimento e o desconforto fazem parte do caminho de todo mundo. O que vale, nesse processo, é que a criança tenha a sensação de segurança promovida pelos que estão à sua volta.

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