Falar da mulher no mercado de trabalho é, inevitavelmente, tratar da maternidade e de como as empresas lidam com ela – desde a licença, garantida por Lei, à flexibilidade na jornada para o cuidado com os filhos, já que essa é uma tarefa ainda predominantemente exercida pelas mães.
Ana Claudia Plihal, Head de Soluções de Talento do LinkedIn no Brasil, participou do talk Mercado de trabalho e empreendedorismo feminino: como superar o gender gap da Casa Clã nesta sexta-feira, 10, ao lado de Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora, e de Ana Buchaim, Diretora-executiva de Pessoas, Marketing, Comunicação e Sustentabilidade na B3, e conversou com o Bebê.com sobre como tornar o ambiente corporativo mais acolhedor às mães.
Quer participar do último dia de evento? Faça sua inscrição gratuitamente!
Espaço para o diálogo
Mãe de dois filhos nascidos num intervalo de um ano e meio, Ana Claudia compartilha um pouco de sua experiência pessoal para citar algo que acredita ser essencial: tratar o assunto com naturalidade. “Lá atrás, eu fui a primeira mulher a ter filho na empresa em que trabalhava e entendi que aquela era uma oportunidade de educar um pouco sobre o que precisava ser feito”, lembra. Segundo ela, a chave para ter tido sucesso nessa empreitada foi a fala aberta.
“Geralmente, as mulheres escondem, pois vivem um conflito muito grande sobre como colocar a questão [da gravidez] para a organização. Mas é algo que vai aparecer, é só uma questão de tempo, então o quanto antes comunicar, melhor. O que eu sugiro é que venha com um plano de ação (por exemplo, vou ficar até tal data, tal coisa pode ser feita etc)”. Aqui, Ana Claudia está falando especificamente da licença-maternidade. “Compartilhar a questão com os seus pares e com a sua gerência é muito importante para ir preparando o ambiente de trabalho”, explica.
Mas se, de um lado, fica a orientação à mulher sobre como lidar com a gravidez no trabalho, o papel da empresa é primordial – aliás, não apenas em relação à gestação, mas à maternidade de um modo geral.
“A empresa precisa tratar a questão como uma situação corriqueira, que faz parte da vida, e ter isso dentro do planejamento de negócios. E eu vejo isso no meu time, inclusive, como oportunidade, ver quem pode assumir temporariamente aquela função, desenvolver competências diferentes, experimentar outro modelo de negócios… Entender que é uma questão de alocação e talvez de um redesenho”, comenta Ana Claudia.
A disposição das companhias também se mostra no ambiente proporcionado às funcionárias, bem como nas condições de trabalho. “Isso diz muito sobre a empresa. Se há sala de amamentação, abertura para o trabalho flexível (que veio de forma mais intensa com a pandemia), se a mãe tem a possibilidade de às vezes ficar um pouco mais em casa, acomodar os horários…”, exemplifica a profissional, que acrescenta: “E não só no período do bebê em si, mas na vida, porque os filhos crescem, mas sempre pode haver a necessidade de correr atrás de algo em relação a eles”.
A Head do LinkedIn no Brasil alerta ainda sobre a importância de trazer os homens para essa conversa. “A participação começa na divisão de tarefas, por que é aí que ele vai entender e também vai se comportar de forma diferente no ambiente de trabalho”, destaca.
Uma via de mão dupla: os resultados são para a mulher e para a empresa
Os benefícios de criar um ambiente acolhedor para as mães não é apenas para a mulher, mas também para as empresas, afinal, uma funcionária que não é feliz por não poder se dedicar aos filhos como gostaria, também é uma funcionária que pode ser menos produtiva no trabalho. “Eu acredito que não existe a vida profissional e a pessoal de formas tão separadas; existe a mulher. Se o seu pessoal não está legal, o profissional também não está. E não tem coisa melhor do que ver uma mãe feliz trabalhando“, completa Ana Claudia.
Ela ainda ressalta que a maternidade aflora competências essenciais. “Depois de ser mãe, você se organiza de uma forma muito melhor, se prepara para o imprevisto, tem mais flexibilidade… É importante que a mulher entenda que ela pode converter isso em diferencial no ambiente de trabalho”, aponta.
Por fim, vale lembrar que estamos em processo. O ambiente corporativo, antes majoritariamente dos homens, vem há décadas sendo cada vez mais ocupado por mulheres, mudança que demanda alterações e adaptações. Mas o efeito é a longo prazo: filhos que crescem com o exemplo de uma mãe que trabalha e que é respeitada em todos os seus papeis tendem a ser adultos que entendem toda essa importância.
“A gente ainda tem essa missão, mas para o futuro, eu realmente enxergo que essas novas gerações veem as coisas de outra maneira. Além disso, hoje temos mais modelos de sucesso para eles se espelharem. A questão é que ainda temos que ser intencionais: as empresas precisam ser intencionais ao enviar mensagens corretas do que é acolher uma mulher que decide ser mãe”, finaliza Ana Claudia.
Casa Clã
A Casa Clã acontece na Casa Higienópolis (Av. Higienópolis, 758) até o dia 11/3. O evento é promovido por Bebê, CLAUDIA, Boa Forma e Elástica, e reúne uma série de convidadas mulheres muito especiais para celebrar e discutir assuntos do universo feminino. Veja aqui a programação!
Patrocínio de MSD, BuscoFem, mais apoio de Kia, LinkedIn, Intimissimi, Calzedonia e Galderma.