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Por que a consciência ecológica é importante desde a infância

Especialistas dão dicas para ajudar a criança a se familiarizar com o meio ambiente e a respeitar a natureza

Por Raquel Drehmer
Atualizado em 10 out 2020, 13h00 - Publicado em 10 out 2020, 12h53

Com direito a uma pergunta cada, George, Charlotte e Louis, filhos de Kate Middleton e do príncipe William, encantaram o mundo ao questionar sobre animais ao naturalista David Attemborough. Falando sobre extinção, aranhas e o animal favorito do veterano da BBC, as crianças demonstraram bastante familiaridade com assuntos da natureza – o que é muito enriquecedor para o desenvolvimento infantil.

Confira o vídeo do bate-papo feito a distância. Vale lembrar que eles têm 7, 5 e 2 anos idade, respectivamente.

Inspirados pela fofura da nova geração da realeza britânica e pela sabedoria de Attemborough, conversamos com os especialistas Renata Weffort Almeida, coordenadora pedagógica da Educação Infantil do Colégio Franciscano Pio XII; Sueli Conte, psicopedagoga e diretora do Colégio Renovação; e Jovani Monteiro, biólogo e diretor da Reserva Ecológica Serra do Tangará (RJ) sobre a importância da consciência ecológica na infância e como ajudar a despertá-la em família.

Tudo começa pelo exemplo

A máxima “faça o que eu digo, não faça o que eu faço” não funciona na educação ecológica infantil. É o que explica Renata: “Desde o nascimento, a criança conhece o mundo pelos atos dos pais, age desse ou daquele modo com base em quem é referência para ela. Os adultos ensinam sobre ecologia, natureza e respeito por outros seres vivos e meio ambiente pelas suas ações regulares”.

É importante dar uma atenção especial a tais comportamentos, já que eles terão impacto por toda a vida de seus filhos e afetarão inclusive a educação escolar. “Se ouvir os adultos falarem sobre preservação, a criança interioriza a informação. Mesmo que não entenda os conceitos, o cérebro os armazena, e a isso ela recorrerá quando iniciar o processo de maturação”, diz Sueli.

“Mudança climática”? “Impacto ambiental”? Não complique!

As crianças são capazes de entender tudo que lhes é explicado, mas vamos com calma: nada de linguagem técnica para relacionar queimadas a alterações climáticas. Um vocabulário rebuscado pode até fazer com que ela perca o interesse pelo assunto, achando que “é coisa de adulto”.

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O ideal, segundo os especialistas, é ensinar de maneira simples. Dizer, por exemplo, que a falta de árvores altera o clima, tornando os dias mais quentes, ou que o excesso de concreto no chão e de lixo nos bueiros leva às enchentes, já que a água da chuva fica sem terra para absorvê-la ou espaço subterrâneo por onde escoar. Ou, ainda, que o desperdício de água hoje leva às torneiras secas amanhã, porque a água não é um recurso natural infinito.

E, acima de tudo, busque responder todas as perguntas que a criança fizer, sem desmerecer as palavras que ela usar para descrever o que observa na natureza. Uma boa ideia é incorporar nas explicações tais expressões que ela trouxer.

Dicas práticas para trabalhar a consciência ecológica infantil em casa

Não é preciso morar em um sítio nem fazer viagens para fora dos centros urbanos para promover o contato com a natureza e o florescer da consciência ecológica nas crianças. A seguir, seis dicas de Renata, Sueli e Jovani bem simples para colocar em prática hoje mesmo.

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  • Inclua a criança na escolha das frutas, verduras e legumes na hora da compra: O contato com alimentos in natura permite que ela conheça o que a natureza nos oferece. Aos poucos, a criança perceberá diferenças nas características de cada fruta, verdura ou legume de acordo com as estações do ano, ao fato de ter chovido bastante recentemente (ou não). Como bônus, comerá melhor, pois saberá o que é aquilo que vai à mesa.
  • Incentive a separação dos lixos recicláveis: Ensine que garrafas de plástico, caixas de suco e embalagens em geral podem ser recicladas, o que poupa a extração de recursos naturais como árvores (para fazer papel) e petróleo (para produzir itens plásticos). E incentive a criança a jogar tudo isso em sacos de lixo especiais, que terão coleta diferenciada e serão reutilizados.
  • Nomeie a criança como responsável pela checagem das torneiras da casa: É importante que todas as torneiras estejam sempre bem fechadas, para evitar o desperdício de água. Dê à criança a função de checar se isso é cumprido ao longo do dia nos banheiros e na cozinha da casa.
  • Tenha uma horta em casa: Plante temperos do zero – orégano, salsinha, cebolinha, alecrim e hortelã são ótimas escolhas – e acompanhe, com as crianças, o crescimento das plantinhas. Também as ensine a colher as folhas quando necessário. Assim, além da observação, haverá uma experiência tátil com as plantas. Veja como criar a primeira hortinha aqui!
  • Coloque frutas e sementes na janela ou na varanda para atrair pássaros: Imagine que delícia a criança poder ver os pássaros agindo livremente, indo e vindo, longe de gaiolas? Para promover esse contato, basta colocar banana, abacate, mamão, alpiste, semente de girassol e/ou milho moído em potinhos plásticos nas janelas ou nas varandas da casa ou do apartamento. Eles aparecerão! Ah, e não se esqueça de recolher e trocar as frutas quando elas começarem a passar do ponto.
  • Leve a criança para brincar ao ar livre: Parece óbvio, mas não custa reforçar: ir a parques permite que a criança veja árvores, flores, água corrente, lagos, pássaros e outros animais de pertinho, entenda a terra e a grama molhadas depois das chuvas ou secas demais em períodos de estiagem… É uma experiência enriquecedora, mesmo que o passeio seja sempre no mesmo parque. Neste momento de pandemia, no entanto, vale ponderar sobre os riscos e pensar em alternativas seguras, ok?
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