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Ler em voz alta faz bem para o cérebro da criança, aponta estudo

Muito além da linguagem: pesquisa brasileira mostra que o contato precoce com livros é importante para o desenvolvimento infantil.

Por Chloé Pinheiro
5 jan 2018, 17h44
 (Wavebreakmedia Ltd/Thinkstock/Getty Images)
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Um trabalho recentemente publicado no Pediatrics, periódico da Associação Americana de Pediatria (AAP), demonstrou que ler em voz alta para os filhos traz benefícios para a cognição dos pais, além de melhorar memória e a inteligência dos pequenos.

Para chegar à conclusão, os pesquisadores – da Universidade de São Paulo e do Instituto Alfa e Beto, de Brasília – testaram um programa de incentivo à leitura com crianças de 2 a 4 anos e seus pais.

No total, foram 566 famílias de baixa renda participantes, divididas em dois grupos, sendo que um recebeu livros e instruções periódicas sobre o assunto e o outro seguiu com as atividades normais do cotidiano.

Ao comparar os integrantes depois de nove meses de intervenção, os cientistas descobriram que as crianças que liam com os pais se saíam muito melhor em uma série de testes. E as benesses se estendem para toda a família.

Por exemplo, a cognição dos pais melhorou, assim como a dos pequenos, que também apresentaram memória de trabalho, vocabulário e coeficiente de inteligência (QI) maiores do que os encontrados no grupo que não leu. As punições físicas foram menores e, mais do que isso, a qualidade das interações entre cuidadores e filhos cresceu. Algo que, vamos combinar, anda em falta hoje em dia.

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O estudo se junta a outros esforços da entidade norte-americana para promover hábitos que auxiliem na formação da mente das crianças. Segundo a AAP, são mais de 200 milhões de pequenos no mundo que não atingem seu potencial máximo de desenvolvimento, e programas de incentivo à leitura como o testado no estudo podem ajudar a reverter este quadro com um baixo custo.

Tanto que em 2014, a entidade já havia divulgado uma diretriz recomendando que os pais e cuidadores leiam para as crianças desde o nascimento, além de esforços para distribuir mais livros no país.

Aplicando na prática

Veja algumas dicas da AAP para começar a ler com seu filho logo no início da vida:

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  • No começo, a ideia é fazer o filho se acostumar e pegar gosto pelos livros. Assim que ele sentar no colo confortavelmente, por volta dos seis meses, comece a mostrar figuras e explicar o que está acontecendo nas páginas. Bater, morder e agarrar o livro são sinais de que ele está gostando, por isso tenha paciência. E prefira livros resistentes.
  • Entre 1 e 2 anos, a leitura deve virar rotina. Diariamente leia histórias e pergunte onde está determinado objeto na página e outras questões simples sobre o livro, mas não espere atenção por grandes períodos. A qualidade do tempo importa mais do que a quantidade.
  • Entre 2 e 3 anos, crianças amam rotina. Então não estranhe se o pequeno não quiser ler um livro novo e preferir repetir a mesma história mil vezes. Se o hábito se estabelecer, há uma grande chance de se firmar para o resto da vida.
  • Conforme a criança cresce, fique de olho nos seus interesses. Se ela gosta de mar, por exemplo, tente livros de não ficção com imagens de animais do oceano.

 

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