Exame de imagem pode prever autismo aos 6 meses, indica estudo

Estudo mapeia as diferenças cerebrais em quem tem maior risco de desenvolver o transtorno antes mesmo dos sintomas aparecerem

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 30 jun 2017, 12h14 - Publicado em 29 jun 2017, 13h22
 (greenaperture/Thinkstock/Getty Images)
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Ainda não existem testes de laboratório para diagnosticar os transtornos do espectro autista (TEA), conjunto de distúrbios que impactam no funcionamento do cérebro e na maneira como a criança se comunica com o mundo e não têm cura. Um novo trabalho, entretanto, conseguiu identificar o risco de autismo já aos seis meses de idade, quando os sintomas são quase imperceptíveis.

Os pesquisadores avaliaram o cérebro de 59 bebês com alto risco de desenvolver o problema, combinando ressonância magnética funcional e uma tecnologia que “ensina” o computador a procurar padrões cerebrais similares. No final, os testes apontaram que nove deles teriam o transtorno. Aos dois anos de vida, 11 crianças do grupo foram de fato diagnosticadas – o que representou uma eficácia de 82%.

No grupo que recebeu o diagnóstico antecipado, os cientistas encontraram 974 conexões cerebrais associadas a comportamentos típicos do autista. Ao replicar a metodologia em outros grupos, o software teve uma taxa de acerto de 93%. O trabalho foi conduzido pela Universidade da Carolina do Norte e da Universidade de Washington, com o patrocínio do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos.

“A identificação precoce é essencial para o melhor prognóstico, mas ainda são necessários estudos com grande quantidade de crianças para saber se o exame de imagem é mesmo confiável”, pondera Mirian Revers, psiquiatra do Programa do Transtorno do Espectro Autista (PROTEA) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, de São de Paulo.

O exame poderia ser feito, por exemplo, em quem tem histórico familiar de autismo, uma vez que a hereditariedade é um dos agentes por trás do distúrbio, mas não é o único. Hoje os estudos mostram que fatores ambientais como tabagismo, poluição e uso de alguns remédios durante a gravidez também estariam ligados ao problema.

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A importância de flagrar cedo

No primeiro ano de vida, a criança autista já dá sinais de que será diferente. “Um estudo apontou que 80% dos pais percebem já alterações de comportamento nesse período, como mudanças na atenção visual e resposta inadequada a estímulos”, explica Mirian.

É tudo bem sutil no começo, mas a partir do primeiro ano os sinais ficam mais intensos. “Há atraso na comunicação verbal, a criança não sorri, não imita gestos como dar tchau, apenas segura o brinquedo sem usá-lo ou fixa sua atenção em uma parte dele, sem brincar da maneira corriqueira”, aponta a psiquiatra.

A boa notícia é que, se flagrado no começo, o transtorno pode ser amenizado no momento mais propício para isso. “Nos primeiros dois anos, o cérebro está completando seu primeiro grande ciclo de desenvolvimento e selecionando as conexões entre neurônios que manterá por toda a vida, o que chamamos de poda neural. Se o tratamento começa antes dessa poda, é possível fortalecer e até criar conexões que serão importantes para o desenvolvimento da criança”, finaliza a médica.

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