Bebês prematuros frequentemente precisam ficar internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal ao menos para observação. O ambiente é tranquilo e controlado nos mínimos detalhes para que o bebê seja exposto ao mínimo de estresse possível e, assim, não tenha seu desenvolvimento prejudicado.
Mesmo assim, há o risco elevado de atrasos no neurodesenvolvimento e outras consequências negativas para o crescimento infantil, que pode ser reduzido com mais uma estratégia: promover o contato físico do bebê com os pais ainda na UTI neonatal. Foi o que mostrou uma nova pesquisa, conduzida pela Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos.
O contato pele a pele já é celebrado há tempos pelo seu poder de acalmar o choro, reduzir o sofrimento com cólicas e outros benefícios. O método canguru, que preconiza o contato pele a pele e o atendimento humanizado nas UTIs neonatais, começou a ser implementado em maternidades brasileiras há cerca de dez anos.
O novo estudo avaliou o impacto da abordagem nos prematuros internados do ponto de vista fisiológico e comportamental.
Menos estresse, mais amor
O trabalho envolveu 28 recém-nascidos com idade gestacional média de 33 semanas. Os pequenos tiveram sessões de contato físico em dois dias, um com o pai e outro com a mãe, com coleta de saliva de adultos e pequenos feita logo em seguida para avaliar a dosagem de alguns hormônios.
Nesta etapa, os cientistas descobriram que a ocitocina, hormônio ligado ao vínculo afetivo, aumentou nas duas partes. Ao mesmo tempo, os níveis de cortisol, ligado ao estresse e com consequências negativas para a saúde, diminuíram.
Segundo os autores, a liberação de ocitocina aumenta a sensibilidade social e sincronia necessárias para desenvolver relacionamentos e nutrir saúde física e emocional para os anos que vem pela frente. Para medir esse efeito, os pais participantes da investigação preencheram um questionário que avalia o apego entre pais e filhos e o resultado foi considerado “de moderado a alto” para todos os voluntários que fizeram o contato pele a pele.
Já o excesso de cortisol, que regula a nossa resposta ao estresse e medo, está ligado a problemas de saúde nos pais, como aumento de pressão e o surgimento de depressão. Nos pequenos, o risco é uma reação exagerada a estímulos dolorosos e negativos no futuro e até problemas de comportamento.