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Como conversar com as crianças sobre coronavírus?

Os recursos lúdicos prometem ajudar na missão de ensinar os pequenos sobre a gravidade da nova infecção respiratória.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 15 Maio 2020, 15h55 - Publicado em 17 mar 2020, 18h51
 (Victoria Volchenkova/Getty Images)

A cada notícia que surge sobre o coronavírus, uma enxurrada de perguntas aparece, especialmente por ser uma doença nova com estudos começando agora para entendê-la. E se está difícil para os adultos, imagina para as crianças que também estão sentindo o impacto do vírus, mas não tem o mesmo repertório para compreendê-la?

Ainda que os pequenos não façam parte do grupo de risco e sejam menos propensos a desenvolverem a doença, isso não os impede de ficarem confusos. Seja por terem parado de ir à escola, por ver as pessoas andando de máscaras ou ainda por absorverem o amedrontamento de quem os rodeia. Para contornar a situação, a melhor saída é conversar com as crianças. Mas como?

Deborah Moss, neuropsicóloga e especialista em psicologia do desenvolvimento, explica que o primeiro passo é apostar em recursos lúdicos, como brincadeiras. Só é importante estar atento ao fato de que as atividades devem ter uma linguagem mais fácil de ser entendida, mas não podem contar mentiras sobre o assunto. Portanto, nada de inventar que um beijinho vai impedir que o filho fique doente, por exemplo.

Nas redes sociais já circulam várias ideias do que fazer para explicar para as crianças o que é o coronavírus, e até os famosos com filhos já estão compartilhando suas sugestões pra ajudar os pais nesta tarefa.

Luciano Huck, por exemplo, reproduziu um vídeo que virou mania, em que a doença é representada pela pimenta do reino. Em um recipiente, ele coloca água e explica para Eva, sua filha mais nova com Angélica, que aquele pote é o mundo. Em seguida, ele joga um pouquinho do tempero e pede para que a pequena coloque o dedo na mistura. Ao tirá-lo, o apresentador pergunta se a filha percebe que pedacinhos de pimenta grudaram em seu dedo e ela responde que sim.

Para limpá-lo, Luciano pede para que a filha molhe o dedo no sabão e, em seguida, o coloque novamente no prato com tempero. É nesse momento que a “surpresa” acontece e as crianças ficam encantadas: o sabão repele a pimenta do reino, o que facilita que os baixinhos assimilem melhor a explicação de que água e sabão são capazes de afastar o coronavírus.

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Para os pais que não quiserem usar a pimenta do reino, outros itens podem ser escolhidos, como glitter ou aveia. Já para quem não é fã das atividades com água e prefere as pelúcias, a neuropsicóloga sugere transformá-las em soldadinhos para explicar a resistência do corpo humano às crianças.

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“Você diz que temos soldadinhos que batalham contra o vírus, porque o nosso corpo tem recursos para se defender. E foca também em falar que as pessoas mais velhas têm soldadinhos não tão fortes quanto o das crianças”, lembra a especialista sobre a importância de encontrar caminhos para também esclarecer que idosos, como os vovôs e as vovós, fazem parte do grupo de risco.

Livros e desenhos curtinhos feitos para a conscientização da gripe, por exemplo, também podem entrar no processo educativo, já que algumas crianças assimilam melhor com exemplos visuais.

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Independente da atividade, Deborah enfatiza que a explicação sobre o coronavírus (e de qualquer outro assunto) precisa ser básica, respeitando o nível de entendimento do pequeno. E é importante também sanar as dúvidas que ele tiver.

“Tem que esperar as crianças fazerem perguntas. Claro, tem que falar o básico, pois elas vão para as escolas, os professores vão passar informações e vai chegar um monte de dúvidas. Mas os pais precisam responder de acordo com o que a criança já tem de repertório”.

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Nesse processo, o baixinho pode acabar se confundindo um pouco, mas é importante voltá-lo para a realidade. “A ideia é trazer o contexto, a explicação e fazer com que a criança tire suas próprias conclusões. Às vezes, ela tem ideias fantasiosas, como “ah, e se a gente fizer uma mágica para o vírus sumir?”. Nesse momento, você pode remanejar a conversa dizendo que seria ótimo se isso acontecesse, mas enquanto ninguém descobre essa magia, precisamos cuidar daqueles que estão correndo perigo com o risco da doença e reforçar, que a ideia é se proteger dentro de casa. A informação verdadeira está ali, mas sem causar alarde”, pontua a neuropsicóloga.

O que também deve ser evitado pelos pais quando as crianças tiverem por perto é o consumo de conteúdos informativos especificamente para adultos, como jornais televisivos e programas de rádio.

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“Eles não possuem uma linguagem própria para a idade. Eles vão ouvir coisas, que não vão conseguir nem processar direto e vão analisar, interpretar com o repertório deles. Às vezes, pode ser uma informação que tem pouco fundamento para eles ou pode ser assustadora – como ouvir “coronavírus” e “morte” em uma mesma frase”, finaliza Deborah.

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(Juliana Pereira/Bebê.com.br)
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