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Por Coluna
Camila Queres é educadora infantil e mãe de Bento e de Joaquim. Tem pós-graduação em Gestão e Educação e hoje está no comando do berçário Toddler, em São Paulo
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“Meu filho nunca faria isso”; você já disse essa frase?

Educadora chama a atenção para um comportamento dos pais: o de não perceberem que os filhos também erram. E ter isso em mente faz parte da educação. Entenda

Por Da Redação
Atualizado em 24 jan 2018, 16h41 - Publicado em 22 dez 2017, 16h05
Criança abraçada com a mãe - comportamento infantil
 (tatyana_tomsickova/Thinkstock/Getty Images)
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Dedicamos aos nossos filhos tempo, energia, amor e compreensão. Nossos filhos são nosso melhor projeto – um verdadeiro projeto de vida. O desejo de que sejam felizes norteia nossas escolhas, influencia nossas decisões. Ficamos literalmente cegos de amor. Conheço pais que nunca haviam notado o estrabismo do filho ou que não percebiam as chamadas “orelhas de abano”. Há casos simples como esses, mas há ainda outros mais graves em que os pais não enxergam sinais do espectro autista, por exemplo. O amor maternal é tão pleno que, para educar, para que nossos filhos sejam felizes no futuro, precisamos, muitas vezes, esfregar os olhos, focar a vista e tentar enxergar com o olhar da razão.

Em reuniões de pais, costumamos entrar na intimidade das famílias, ouvir relatos sobre as dificuldades para engravidar ou mesmo aquelas enfrentadas durante a gravidez. Cada criança traz consigo uma história de milagre, de conquista, que a torna ainda mais única e especial. O amor maternal ganha, nesses casos, uma outra aura – o filho é uma vitória. Como educadora, é sempre delicado apontar dificuldades ou até mesmo a necessidade de a família procurar um especialista da área de saúde. A escola precisa orientar os pais, ajudá-los a perceber as limitações de seus filhos e, claro, também os talentos, as áreas para as quais a criança revela maior aptidão. Difícil mesmo é fazer os pais aceitarem que o ser amado é imperfeito.

Entre os professores, existe a lenda de que os pais dos alunos que mais precisam de suporte são justamente aqueles que normalmente faltam à reunião de pais. O amor é tanto, é tamanho, que não permite ouvir críticas, enxergar falhas. Lembro-me de certa vez conversar com um pai e dizer que, apesar de o menino estar com uma nota mediana, me preocupava a postura de desinteresse. Olhando por cima dos meus ombros, a cada comentário de preocupação que eu fazia, o pai repetia insistentemente: “Ele está bem, então, né?”. Cego de amor, querendo acreditar que estava tudo bem, que o caminho da felicidade do filho seguiria em linha reta, sem percalços, que a paternidade seria fácil, sem grandes estresses.

Uma mãe me disse uma vez: “Meu filho não mente, ele é um milagre de Deus”. A mentira, de um menino de 3 anos, nesse caso, estava longe de ser um desvio de caráter, era parte natural do desenvolvimento da criança, sinal de cognição e criatividade em dia. Ainda assim, para a mãe, isso era inconcebível. Conhecer bem os filhos, em sua essência, com suas falhas e talentos, é crucial para que possamos realizar diagnósticos precisos, tratamentos eficazes e, até mesmo, evitar tragédias. Crianças depressivas não são notadas por seus pais. Crianças reprimem tanto ódio que chegam a cometer atos de violência contra seus colegas, contra seus familiares. Faltou olho no olho. Faltou enxergar no outro aquilo que ele é e não o que eu gostaria que ele fosse.

Camila Queres

É educadora infantil e mãe de Bento, de 1 ano e 10 meses, e de Joaquim, 10 meses. É formada em Letras pela UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e tem pós-graduação em Gestão e Educação. Trabalhou na Escola Britânica do Rio de Janeiro e na Chapel School, em São Paulo. Hoje está no comando do berçário Toddler Desenvolvimento Infantil

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