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Desmame: 12 perguntas e respostas sobre o fim da amamentação

Como saber a hora correta de desmamar um filho? Especialistas respondem às principais dúvidas sobre esse momento.

Por Mônica Brandão (colaboradora)
Atualizado em 25 nov 2016, 17h09 - Publicado em 29 jun 2015, 20h50

Para algumas mulheres, o desmame pode ser tão complicado quanto o início da amamentação. A fase em que o bebê deixa de mamar no peito para tomar leite no copo ou na mamadeira e experimentar as papinhas causa mesmo dúvidas. Afinal, é o primeiro desligamento que acontece entre mãe e filho. Muitos pais têm medo de que a criança fique desnutrida ou sinta muita falta do vínculo afetivo que o aleitamento materno proporciona. Leia o dossiê que fizemos depois de conversar com especialistas no assunto e descubra como esse processo pode ser simples e saudável para ambas as partes.

1. Como sei que está na hora de desmamar meu filho?

Não existe um momento ideal. A recomendação do Ministério da Saúde, assim como da Organização Mundial da Saúde, da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Academia Americana de Pediatria, é de que a amamentação seja exclusiva até os 6 meses de vida e complementar até os 2 anos. Na realidade, o desmame vai depender do filho, da mãe e de seu estilo de vida. Muitas vezes, o bebê dá o sinal de que chegou a hora. Ele fica tão entretido com as novidades e comidinhas novas e  com a possibilidade de descobrir o mundo engatinhando e andando – que perde o interesse pelo peito. A rotina profissional da mãe e sua capacidade física ou emocional também podem impossibilitar a amamentação. O importante é que a decisão seja tomada juntamente com o pediatra para que o processo não interfira na saúde do bebê e deixe mãe e filho felizes.

2. Como devo oferecer o leite para o meu bebê depois do desmame?

O mais recomendado pelos órgãos especializados é oferecer leite no copinho. Diferentemente da mamadeira, ele não causaria prejuízos com a mastigação e a fala. Acha impossível imaginar seu bebê desempenhando tal performance? Saiba que muitos prematuros se alimentam desse jeito nas UTIs Neonatais. Uma pesquisa realizada na Suécia e publicada no Jornal de Pediatria da Sociedade Brasileira de Pediatria também comprovou que eles são capazes de usar o copinho. O estudo mostrou que os movimentos que os bebês fazem quando sugam no peito são muito mais parecidos com os que realizam ao beber no copinho do que ao usar a mamadeira.

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Os pais podem aprender a técnica correta para oferecer o copinho com o pediatra, os consultores de amamentação e os profissionais de bancos de leite. A mamadeira pode parecer mais prática, mas, além de causar prejuízos, exige um segundo desmame. Muitas vezes, é necessário que a criança experimente o copo de transição (aqueles com bicos de silicone) para só depois conseguir usar uma versão tradicional. O processo dá bastante trabalho, pois, geralmente, os bebês (e os pais!) criam uma dependência emocional da mamadeira difícil de largar. Ofereça o leite sempre com o bebê sentado para evitar engasgos. Lembre-se de limpar cuidadosamente todos os utensílios usados (copos, mamadeiras e bicos).

3. Que tipo de leite devo dar no lugar do leite materno?

O leite materno pode continuar sendo oferecido no copinho ou na mamadeira. As alternativas são as fórmulas especiais em pó, que hoje em dia são semelhantes ao leite materno, enriquecidas com vitaminas e de fácil digestão para o organismo infantil. O pediatra pode indicar qual a melhor marca. Um bebê com menos de 1 ano jamais pode ser alimentado com o leite de vaca, mais difícil de digerir e com grande risco de causar alergias.

4. Quero parar de amamentar. Como faço isso sem meu filho sofrer?

O segredo é fazer tudo de maneira gradativa e a mãe se sentir bem e segura com a decisão. O desmame vai ocorrer substituindo uma mamada por algum alimento, ou mamadeira, ou copo, dependendo da idade do bebê. Escolha uma mamada para oferecer mamadeira ou copinho em vez do peito e veja qual a reação. Quando ele se habituar, vá trocando outros horários também. Você pode, inclusive, oferecer o leite materno no começo para ele estranhar menos. Ordenhe seu peito manualmente ou compre/alugue uma bombinha própria para isso.

A maternidade onde você teve seu bebê ou seu pediatra podem ajudar orientando sobre onde conseguir o material necessário, como proceder, armazenar o leite e os cuidados com higiene. Caso esteja no momento de começar a dar papinhas, ofereça novos alimentos aos poucos para o bebê se acostumar. Um suco de frutas na primeira semana, uma papa doce na segunda e assim por diante. Com o estômago cheio, o próprio bebê passará a mamar menos. Então vá trocando o peito pela mamadeira ou pelo copinho também de maneira gradual.

5. Quando eu parar de dar o peito meu filho ficará desnutrido?

Ele não ficará desnutrido se continuar a receber leite (materno ou de fórmula) e alimentos saudáveis, dependendo da fase do seu desenvolvimento. O desmame deve ocorrer de maneira correta e, de preferência, com o acompanhamento de um pediatra, que vai avaliar o crescimento do bebê nesse período. Até os 6 meses, o aleitamento é exclusivo, pois o leite materno possui tudo que o bebê necessita para se desenvolver com saúde. A partir daí, ele precisa de nutrientes encontrados em outros alimentos. De um jeito gradual, vá apresentando novas comidinhas até que o bebê se alimente de papinhas completas no almoço e no jantar, preparadas com carboidratos, proteínas, verduras e legumes. Assim você vai garantir que ele receba tudo o que precisa para ficar bem nutrido.

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6. Voltei a trabalhar e meu filho passou a rejeitar meu peito. Isso é normal?

Sim, é normal. O bebê pode estranhar a falta da presença da mãe ao receber o leite de outra maneira e rejeitar o peito como um jeito de assinalar isso. É necessário paciência até que ele se acostume com as novas maneiras de ser alimentado. A pessoa que está cuidando dele precisa fazer com que o momento da refeição seja especial, realizado em um ambiente calmo e tranquilo, deixando o pequeno aconchegado. Assim ele vai aprender a gostar dessa maneira de comer também. Na hora de dar o peito, procure ficar em lugares que você sempre amamentou. Se ele, realmente, não quiser mais o peito, talvez seja a hora de desmamar totalmente.

7. Meu filho diminuiu o consumo de leite depois que desmamou. Ele corre algum risco?

Um bebê, depois do desmame, deve ingerir cerca de 600 ml de leite por dia, o que dá mais ou menos três mamadeiras. é importante ele continuar consumindo leite, pois é rico em cálcio, um dos minerais mais importantes nessa fase. O nutriente é responsável pelo crescimento e pela manutenção dos ossos e ajuda na formação dos dentes e do sistema nervoso. O leite ainda tem proteína, que auxilia na multiplicação das células, e vitamina A, que garante a imunidade. Uma maneira de suprir esses nutrientes quando o bebê não aceita tanto o leite, são os seus derivados. Iogurtes e queijos costumam agradar a garotada.

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8. Vou voltar a trabalhar e meu bebê não aceita a mamadeira. O que faço?

O ideal é planejar o desmame. Duas semanas antes de voltar ao trabalho, ordenhe seu leite e ofereça no copinho ou mamadeira para o bebê estranhar menos a transição. Se ele não aceitar com você, experimente que outra pessoa dê: o pai, a avó, a babá ou algum parente que ele conheça. Caso sua opção seja a mamadeira, não se esqueça de testar vários tipos de bico até achar um ao qual seu filho se adapte. Culturalmente estamos acostumados a utilizar mamadeiras, mas os especialistas observam que os bebês amamentados têm uma transição mais tranquila quando usam o copinho.

9. Como faço para desmamar uma criança com mais de 1 ano e meio, que já entende melhor o que está acontecendo?

Primeiro você deve estar segura sobre o desmame para passar esse sentimento ao seu filho. É natural um bebê desmamar e, quando feito da maneira correta, ele não sofrerá ou ficará desnutrido. Depois, planeje para que tudo seja feito de maneira gradual. Troque as mamadas aos poucos por outro jeito de oferecer o leite e seus derivados. Seja flexível. Você pode, por exemplo, manter a mamada noturna, que o faz adormecer até ele se adaptar melhor com a troca feita em outros horários. O pequeno pode apresentar fatores emocionais que mostram que ele sente medo de se separar da mãe: gaguejar, maiores requisições, apego a objetos. Mostre que o amor de vocês continua ali de outras formas.

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10. Estou desmamando e meu filho está muito irritado. Por que isso acontece?

O bebê pode ficar irritado durante o desmame, pois sai de uma situação conhecida e confortável (o peito da mãe) para outras que não conhece e que são um desafio: a mamadeira, o copinho, as papinhas. Até descobrir que essa troca é prazerosa, ele pode chorar, ficar manhoso e requisitar mais a mãe. Afinal, o desmame nada mais é do que um desligamento. Além disso, o leite materno contém enzimas digestivas que facilitam a vida do organismo infantil. Quando começam as papinhas, o sistema digestivo tem de trabalhar sozinho, e isso pode causar cólicas e desconfortos. É um momento que exige bastante paciência da família.

11. Parei de amamentar e meus peitos continuam cheios de leite e doloridos. O que devo fazer?

Se as mamas ainda estão cheias, pode ser que o desmame tenha ocorrido de maneira muito rápida. Com o bebê diminuindo as mamadas, o organismo entende que não precisa produzir tanto e reduz a quantidade de leite. Se o desmame é abrupto, não dá tempo de esse entendimento ocorrer e a produção continua igual, mesmo sem a demanda. Ordenhe suas mamas até se sentir mais confortável, mas lembre-se de não retirar todo o leite, pois o objetivo não é estimular a produção. Depois faça compressas frias nas mamas por dez minutos. Após alguns dias, se o problema não estiver resolvido, peça ajuda para o pediatra ou para a consultora de amamentação da sua maternidade.

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12. Estou fazendo o desmame, mas já sinto muita falta de amamentar. Tenho medo de não ter mais uma ligação especial com meu bebê. O que posso fazer?

Enquanto algumas mulheres têm uma incrível sensação de liberdade quando acontece o desmame, outras sentem muita falta desse ato tão prazeroso para mãe e filho. O desmame do bebê é algo natural e o amor entre ambos não vai acabar, apenas ocorrer de maneiras diferentes. É hora de valorizar outros jeitos de ligação com o filho, até para não interferir em seu desenvolvimento. O vínculo pode ser fortalecido com os cuidados diários, em um banho gostoso antes de ele adormecer, na cantiga que a mãe canta, em um colo aconchegante.

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