Aula 19 – A amamentação
A enfermeira pediátrica Regina Aparecida Andrade, do Hospital Israelita Albert Einstein, fala sobre os benefícios da amamentação e os mitos que envolvem essa prática, além de ensinar as posições mais confortáveis para a mãe e o bebê.
Nunca é demais repetir que os bebês alimentados exclusivamente com leite materno ficam com o sistema imune mais fortalecido. Ele é tão completo que os recém-nascidos não necessitam ingerir nenhum outro tipo de líquido, como água ou chá. É suficiente que eles mamem sob livre demanda, ou seja, quando quiserem e quanto desejarem.
As mães precisam fazer muito pouco para aumentar a produção do leite. A própria sucção do filho no peito estimula a renovação dos estoques lácteos. É muito importante também que elas descansem durante o dia, aproveitando o período de licença-maternidade para cultivar o hábito de dormir depois do almoço. Beber bastante água, comer bem e de maneira equilibrada, no mínimo três refeições saudáveis ao dia, são pontos fundamentais – lembrando de deixar de lado alimentos calóricos, como chocolate ou canjica. Essa última, além de não elevar a fabricação do leite, como se costuma apregoar, engorda.
Para quem está interessada em recuperar a silhueta que tinha antes de engravidar, a boa notícia é que amamentar ajuda a queimar calorias. Mas a perda de peso depende também, é claro, de disciplina e equilíbrio na dieta.
Não é raro ouvir dicas sobre como preparar as mamas para elas não racharem durante a amamentação, mas não há necessidade disso. Durante a gravidez, as glândulas ao redor da aréola soltam um pouco de gordura, hidratando a região e deixando-a mais resistente.
Na hora de amamentar, a mãe deve estar sentada confortavelmente e ter nos braços um bebê calmo, porém acordado e alerta. Esses detalhes fazem a diferença na pega, que deve ser correta para não provocar trauma ou fissura, as famosas lesões mamilares que causam dor e estresse às mães.
Mito do leite fraco
Ele pode ter surgido em razão da aparência do primeiro leite que jorra do seio materno quando o bebê começa a mamar. Clarinho, lembrando água de coco, ele causa dúvidas a respeito de sua força quando comparado com o líquido que surge depois de alguns minutos de amamentação, que tem coloração branco-amarelada. Mas pode ter certeza: seu leite é forte e sustenta!
Cirurgias plásticas
A capacidade de produção das glândulas mamárias pode ser afetada tanto em razão de cirurgia redutora quanto por implantes de silicone. Nas cirurgias que retiram mais de 300 gramas de gordura, o seio pode não conseguir atender à demanda à medida que o bebê cresce. No caso dos implantes, dependendo da quantidade e do local onde ele for colocado, o estímulo fica diferente, alterando a renovação dos estoques de leite.
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Passo a passo para a amentação dar certo
Vamos agora relembrar como é possível ter uma amamentação tranquila, evitando, inclusive, os temidos traumas mamilares. Lembre-se, antes, que você vai precisar de uma cadeira confortável e de um suporte (uma almofada, por exemplo):
1. Posição mais comum
A tradicional. Com o pequeno deitado de frente para você, traga-o até o peito. Não leve a mama à boca da criança. O seu braço deve passar perto da orelha e pelo corpo do bebê, até que a sua mão segure o bumbum dele. Essa sustentação faz com que o umbigo do seu filho fique praticamente colado ao seu. A almofada deve ficar sob o cotovelo que sustenta a cabeça do recém-nascido.
2. Posição para seios fissurados
Indicada quando há lesões no bico. Se você colocar o bebê no seio esquerdo, segure a cabeça dele com a mão direita, mantendo o corpinho encostado no seu corpo — umbigo com umbigo. Com a mão esquerda, erga a parte inferior da mama e leve a boca da criança ao encontro do bico para ela abocanhar até a aréola. Depois de colocar o recém-nascido no peito, abrace-o como na posição tradicional, com a mão esquerda segurando o bumbum e liberando a mão direita.
3. Posição invertida
Também recomendada para seios lesionados. Se colocar o bebê no seio direito, você manterá as pernas dele embaixo do seu braço direito e sobre a almofada, que será colocada perto da sua cintura. Vire a criança de maneira que o umbigo dela quase encoste em você. Com a mão direita em formato de letra “C”, pegue a base da cabeça da criança e a aproxime do bico até ela pegar a aréola. Com a mão esquerda, erga a parte inferior da mama. Essa posição vale também para mulheres com seios volumosos ou aquelas com leite incrustado na parte do peito que fica próxima à axila.
4. Posição de cavaleiro
Ideal para bebês que regurgitam muito ou os bem sonolentos. Coloque o bebê sentado em uma de suas coxas, abrindo as pernas dele. Envolva a cabeça da criança com a sua mão direita de modo que o seu polegar fique em uma orelha e o dedo médio alcance a outra. Apoie as costas do pequeno no seu antebraço. Com a mão esquerda, erga a mama direta, e com a outra direcione a boca dele no seio.
5. A pega
Em todas as posições de amamentação, os lábios do bebê devem cobrir praticamente toda a aréola. A boca fica bem aberta, as bochechas arredondadas e a orelha se mexendo.
6. O tempo de mamada
Como cada criança tem um ritmo, não dá para determinar quanto tempo você deve deixar seu filho em cada seio. O mais importante é a pega ser eficiente para esgotar a mama. Depois, se a criança quiser, pode dar o outro peito. Na mamada seguinte, você começará oferecendo aquele em que ela mamou menos.
7. Sempre alerta
O bebê não pode dormir no seio nem ficar muito tempo parado ou quieto, sem sugar. Ele tem de movimentar as mandíbulas, dar algumas paradas rápidas para engolir o leite ou descansar. Se ele adormecer, mexa no braço e no pé ou ainda faça cócegas suaves na orelha.
8. A retirada do peito
Introduza seu dedo mínimo no canto da bochecha da criança. Isso destravará as mandíbulas e soltará a veda dos lábios. Podem ocorrer lesões se o bebê for tirado do seio sem que o vácuo entre a boca e a mama se desfaça.
9. O arroto
O recém-nascido deve ser colocado na vertical sempre que mamar um seio. Com a ajuda de tapinhas suaves nas costas da criança, o ar que eventualmente entrou sairá.
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