“Cozinhando Com o Pediatra”: médico lança livro sobre alimentação
A obra traz informações e dicas importantes, além de receitas desenvolvidas especialmente para os pequenos.
Não tem jeito: a alimentação infantil ainda é uma das principais queixas dos pais. Em 30 anos de experiência, o médico Sergio Spalter, que atende em um consultório em São Paulo e faz parte do corpo clínico do Hospital Albert Einstein, já se deparou com inúmeras dúvidas sobre o assunto. Com o objetivo de instruir os cuidadores, ele lançou em junho o livro “Cozinhando Com o Pediatra – Alimentos Saudáveis e Saborosos para Crianças“.
Publicada pela Editora Saraiva, a obra traz informações e dicas importantes, além de receitas desenvolvidas com a ajuda da chef Morena Leite. É possível encontrar sugestões nutritivas e que agradam o paladar dos pequenos divididas em 13 categorias: “Cereais”, “Vegetais e leguminosas”, “Frango, carne e peixe”, “Ovo”, “Suflês, tortas, quiches e panquecas”, “Pães e pizzas”, “Massas”, “Sopas”, “Saladas”, “Molhos, recheios e caldos”, “Leites, cremes e afins”, “Sobremesas” e “Lanches”.
Em entrevista exclusiva ao Bebê.com.br, o autor falou sobre o projeto e os dilemas mais comuns que os pais enfrentam com os filhos na hora das refeições. Confira abaixo o resultado:
Como surgiu a ideia de escrever sobre o assunto?
Sergio Spalter (S.S.): Eu decidi escrever o livro a partir das questões trazidas pelos pais e também dos cursos de alimentação saudável que comecei a organizar em meu consultório para cozinhar junto com eles, os tios, as babás e, de forma prática, ensinar novas receitas.
As receitas da obra são indicadas para os pequenos de que faixa etária?
(S.S.): Elas devem ser oferecidas a partir do momento em que a criança começa a escolher e recusar alguns alimentos – o que, em geral, ocorre por volta dos dois anos de idade. Mas na verdade elas são para a família como um todo.
E como foi o processo de decidir quais sugestões fariam parte do livro?
(S.S.): Achei importante escolher alimentos que a maioria das crianças gosta e adaptar essas receitas tornando-as mais saudáveis.
Há receitas que levam ingredientes como manteiga, requeijão e creme de leite. Desde que a criança não seja alérgica a esses alimentos, ela está liberada para consumi-los?
(S.S.): Apesar de normalmente serem industrializados, a manteiga, o creme de leite e o requeijão são alimentos derivados de leite fresco e que podem integrar a dieta da criança em quantidades adequadas desde que ela não apresente intolerância. Devem ser evitados aqueles muito ricos em sal ou açúcar ou que contenham muita gordura não saudável ao organismo. Também não recomendamos corantes e aditivos artificiais e sabidamente alergênicos. Quando mais simples e fresco for o alimento, melhor será o aproveitamento de forma saudável pelo organismo.
Muitos pais se queixam de que os filhos não comem nada. Como lidar com essa situação?
(S.S.): Oferecendo sempre coisas saudáveis e cuidando do ritmo alimentar do dia, evitando que a criança coma coisas que acabam tirando a fome.
Por que tantos pequenos têm dificuldade ou resistência para consumir alimentos saudáveis?
(S.S.): Porque acabam experimentando alimentos com mais sal, açúcares e gorduras que tem um sabor mais acentuado e diferente dos mais saudáveis.
Por que as refeições em família são importantes para as crianças?
(S.S.): Elas são fundamentais, pois são momentos em que as famílias se encontram e podem trocar ideias, histórias. Além disso, é um boa oportunidade para o aprendizado de uma alimentação saudável. As refeições nas escolas podem ter essa qualidade também.
Comer com estímulos de eletrônicos – como assistindo TV ou vendo vídeos no celular e tablet – pode ser prejudicial na infância?
(S.S.): Sim, pois o ato de comer deve ser feito com respeito aos alimentos e as pessoas que estão em volta e a criança precisa desse aprendizado. A televisão desvia a atenção do pequeno e tira a sua presença daquele momento.
Quando os pais envolvem os filhos na preparação dos pratos, eles tendem a se alimentar melhor?
(S.S.): Sim, pois participam e entendem que parte desse processo é a ingestão do alimento. Se puderem plantar e colhê-lo, melhor ainda. Como eu falei, as escolas podem ajudar muito na introdução de comidas saudáveis, pois quando a criança come junto com outras, ela tende a se alimentar melhor.