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Vermes e parasitas em crianças: como prevenir e tratar

Doenças causadas por vermes e protozoários afetam os pequenos com sintomas como vômito e diarreia - e podem até atrapalhar o crescimento

Por Da Redação
18 nov 2023, 12h00

Nos últimos anos, reforçamos o importante hábito de lavar as mãos cuidadosamente, várias vezes ao dia, por conta da pandemia de Covid-19. Mas, na verdade, vários outros problemas podem ser prevenidos com essa atitude simples e fundamental. Entre eles, a contaminação do organismo por vermes e protozoários, que ainda acontece bastante, sobretudo em locais com mais dificuldade de acesso ao saneamento básico. As crianças são alvos fáceis, porque costumam colocar as mãos e objetos na boca com frequência.

Até pouco tempo atrás, era comum os pediatras prescreverem vermífugos de maneira preventiva para todos os pequenos. Porém, a recomendação atual da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que isso seja feito apenas em regiões em que as taxas de doença e de reinfecções são mais elevadas.

“O Guia Prático para Controle das Geo-helmintíases [doenças parasitárias intestinais], editado pelo Ministério da Saúde, propõe um planejamento em etapas, que envolve análise da situação, incluindo levantamento epidemiológico por amostragem, articulação com a rede de atenção básica e secretarias de educação”, explica a pediatra Fabiola Suano, professora de Pediatria da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Em outras situações, a necessidade deve ser avaliada caso a caso, pelo pediatra da criança.

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Vermes e protozoários: como as parasitoses afetam a saúde das crianças?

Embora seja mais popular falar em “vermes”, o correto, segundo a professora de Pediatria, é usar o termo “parasitoses”, já que a giardia e a ameba, por exemplo, são protozoários e não vermes – e também podem impactar a saúde de adultos e crianças.

“No Brasil, essas doenças persistem como um problema de saúde pública, gerando impactos de diferentes naturezas às pessoas afetadas, famílias e comunidades, revelando desigualdades sociais e de acesso às medidas de prevenção e saneamento básico”, aponta Fabiola. Há levantamentos que mostram que, em alguns locais do país, a prevalência das parasitoses chega a 82,4% da população, ou seja, a cada 10 crianças, mais de 8 já tiveram o organismo infectado por vermes ou protozoários.

As parasitoses, de acordo com a médica, acontecem quando os vermes ou protozoários se instalam no corpo humano, que se torna hospedeiro. Quando isso ocorre, podem haver sintomas abdominais, como dor de barriga, desconforto, diarreia, constipação, má absorção de nutrientes, sangramento intestinal e vômitos. “As verminoses são doenças contagiosas passadas por vermes, ou seja, animais vivos que colonizam principalmente o sistema gastrointestinal – embora possam colonizar outras áreas do corpo também”, explica o pediatra e neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaun, membro da Academia Americana de Pediatria (AAP). Em alguns casos, é possível que a criança tenha sintomas pulmonares, como chiado e falta de ar. Fabíola ressalta também que as verminoses podem levar até à dificuldade de crescimento.

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A principal forma de transmissão se dá por água e alimentos contaminados, com a ingestão de ovos. A entrada de larvas pela pele também pode acontecer pelo contato com solo ou água contaminados”, descreve a médica.

criança lavando as mãos
(Jorge Salcedo/Thinkstock/Getty Images)

Principais vermes em crianças

Fabíola explica que os vermes fazem parte dos parasitas intestinais e que os principais são:

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– Nematelmintos: Ascaris lumbricoides, Enterobius vermicularis, Strongyloides stercoralis, Ancylostoma duodenalo, Necator americanus e Trichuris trichiura.

– Platelmintos: Taenia solium e Taenia saginata, Hymenolepsis nana e diminuta, Diphylobothrium latum e Schistosoma mansoni.

Os nomes são mesmo complicados e, por isso, há “apelidos” populares para alguns deles. O Ascaris lumbricoides, por exemplo, é vulgarmente conhecido como lombriga. A Taenia solium e a Taenia saginata são conhecidas como solitária. A esquistossomose, causada pelo Schistosoma mansoni, é chamada de barriga d’água. A ancilostomose é popularmente conhecida como amarelão.

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Vermes e protozoários: o diagnóstico

Além dos sintomas e da análise dos dados epidemiológicos e da situação de saneamento básico da região em que a criança vive, que já poderão dar pistas importantes, Fabíola explica que a coleta de exame de fezes, com a identificação de ovos ou parte dos vermes, e a sorologia, que são os exames de sangue que identificam os anticorpos, além da coleta direta de parasitas na região anal, podem confirmar o diagnóstico.

A oxiurose, por exemplo, é a doença intestinal causada pelo Enterobius vermicular. “Aparecem aqueles vermes pequenos no bumbum, que parecem minhocas microscópicas. Coça muito e dá dor abdominal, além de mal-estar gástrico”, conta Ejzenbaum. Nesse caso, o desconforto e a coceira são os sintomas, que vão ser relatados e analisados pelo médico. Se necessário, ele pede os exames de fezes e de sangue para um diagnóstico mais detalhado.

Depois de identificar o parasita, o profissional prescreve o tratamento. “Existem medicamentos que podem ser utilizados em dose única ou em doses sequenciais. Às vezes é necessário repetir a dosagem após um período, para eliminar as larvas que podem ter se desenvolvido”, explica.

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vermífugos que são usados de 1 a 5 dias, de acordo com o caso. “Em algumas situações, recomenda-se repetir a dose em 15 a 21 dias”, afirma. Mas é importante ressaltar que o uso dos produtos deve ser feito sempre com orientação médica.

Se você identificar os sintomas e desconfiar de contaminação, é importante buscar ajuda profissional e iniciar o tratamento o quanto antes. “A infestação maciça por vermes pode levar à desnutrição, à síndrome de má absorção, à anemia e, em alguns casos, como o do Ascaris, é possível haver enovelamento dos vermes e obstrução intestinal – um quadro que pode precisar de abordagem cirúrgica”, destaca.

Como prevenir verminoses e parasitoses em crianças?

A melhor maneira de evitar a contaminação é a implementação de saneamento básico, os cuidados com a higiene pessoal, como a lavagem frequente e bem feita das mãos, além da higiene com os alimentos consumidos crus. O acompanhamento periódico com o pediatra também é essencial.

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