Sexagem fetal: coleta de sangue deve ser feita por funcionária mulher
Há um motivo para que o material não seja manipulado por homens dentro dos laboratórios. Entenda por que existe essa recomendação
O exame de sexagem fetal, aquele que aponta o sexo do bebê com altíssima precisão a partir da 8ª semana de gestação, popularizou-se nos últimos anos e tem se tornando cada vez mais acessível, embora não seja coberto pela ANS (ou seja, mesmo quem tem plano de saúde precisa arcar com os custos, que variam bastante entre os laboratórios). Mas apesar de muito conhecido entre as mulheres que já passaram por uma gravidez, há uma informação pouco difundida e que, em geral, levanta curiosidade: o sangue para a realização do teste deve ser coletado e manipulado, preferencialmente, apenas por mulheres.
Análise do plasma materno
Antes de tudo, vale lembrar que o teste de sexagem fetal analisa o DNA, procurando a presença do cromossomo Y (presente apenas em indivíduos do sexo masculino) no plasma materno. “Se ele for detectado, o sexo cromossômico [do bebê] será masculino (XY). Se ele não for detectado, o sexo cromossômico será feminino (XX)”, explica Natália Gonçalves, PhD em Biologia Molecular e gerente de genética reprodutiva da Dasa Genômica. Isso porque a mãe – que é mulher, ou seja, XX – só terá o cromossomo Y se estiver esperando um menino.
Casos de exceção podem ser de mulheres que receberam transfusão de sangue ou doção de órgão de um homem – em situações como essas, o teste não é indicado, sobretudo nos seis primeiros meses decorrentes do procedimento, pois o achado do cromossomo Y pode vir do sangue ou do órgão recebido.
Cuidado extra para garantir o resultado
É justamente por essa possibilidade de interferência que a coleta do sangue deve ser realizada, de preferência, apenas por mulheres. “A sexagem fetal é um exame de alta sensibilidade, então, por excesso de zelo para evitar contaminação, recomenda-se que o teste entre em contato o mínimo possível com células que contenham o DNA masculino, ou seja, o cromossomo Y”, alerta Natália.
Se os equipamentos de proteção forem utilizados corretamente e todas as etapas seguirem da forma esperada, é muito difícil que haja contaminação – ainda assim, como destaca a especialista, trata-se de um cuidado a mais para garantir a assertividade do resultado.
A cautela continua na fase de análise da amostra. “Quando o processo é manual, ou seja, com um técnico abrindo o tubo e manipulando as etapas de extração do DNA, existe uma chance maior de contaminação durante a manipulação caso ele seja homem, já que qualquer fração de DNA masculino pode ser detectada na amostra“, pontua Natália. Mesmo quando a análise é automatizada, pode existir ainda a etapa inicial de abertura dos tubos para que o plasma seja colocado no equipamento e, novamente, o trabalho exclusivo por mulheres é importante.