Saiba como identificar se a criança tem deficiência auditiva

Os exames no nascimento são importantes, mas não suficientes! Fique atento aos sinais de que seu pequeno está com algum grau de perda auditiva.

Por Flávia Antunes
26 set 2019, 16h21
Dor de ouvido em crianças: Sinais de alerta e estratégias de prevenção
Dor de ouvido em crianças: Sinais de alerta e estratégias de prevenção (sdominick/Getty Images)
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Você sabia que a audição influencia significativamente na capacidade de aprendizado, sociabilidade e comunicação da criança? É isso mesmo! Se seu pequeno não ouve bem, ele pode ter dificuldades futuras para desenvolver a fala e até problemas na escola. Por isso, o diagnóstico precoce é tão importante. Saiba como identificar se seu filho tem algum grau de perda auditiva: 

Como funciona o diagnóstico?

O primeiro passo começa logo no nascimento e depende das condições do parto do bebê e do seu desenvolvimento intra-uterino. Se a criança vier ao mundo sem fatores de risco, ela faz o chamado teste da orelhinha, tecnicamente conhecido como emissão otoacústica ou Triagem Auditiva Neonatal. O exame é realizado até 72 horas após o nascimento da criança e é atualmente protocolo obrigatório nos serviços de saúde.

No teste, uma delicada sonda emite um estímulo sonoro na orelha do bebê e registra a resposta produzida pelo órgão auditivo. É um procedimento rápido e indolor.

“Se a criança passou no teste, não há necessidade de repetir. É recomendada apenas a avaliação do seu comportamento auditivo – isto é, se ela desenvolve linguagem adequada até os 3 anos de idade. Se ela não passou no teste, ele é repetido. Caso falhe novamente, é feito um exame chamado Potencial Evocado Auditivo do Tronco Cerebral (PEATE), que nas crianças de alto risco já é feito em primeiro momento”, explica o médico otorrinolaringologista Marcos Luiz Antunes, professor da Universidade Federal de São Paulo e especialista em otologia.

O doutor esclarece que “crianças de alto risco são aquelas que nascem com baixo peso – menos de 1500 gramas –, que ficaram na UTI por mais de 48 horas, que obtiveram índice de Apgar baixo (teste que avalia o estado geral do recém-nascido), que nasceram prematuras ou de pais com consanguinidade ou problemas auditivos congênitos, dentre outras condições”. 

Porém, não basta ter feedback positivo nos testes. Algumas condições, como a otite média secretora, são adquiridas ao longo da primeira infância. Ela consiste em uma inflamação da orelha média (espaço que vai do tímpano à orelha interna) decorrente do acúmulo de secreção, que atinge os pequenos a partir dos dois anos de idade – com pico de incidência na faixa dos cinco. Entenda os diferentes tipos de otite.

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Como reconhecer sinais na rotina da criança

Como não nascem com o bebê, essas perdas auditivas não são detectadas nos exames iniciais. Por isso, é importante estar sempre atento ao sinais de como anda a audição da criança. Ou seja, se ela se assusta com sons altos, se depois de alguns meses ela consegue virar a cabeça para o lado que o som chegou, por exemplo. Uma criança de um ano de idade já começa a entender comandos simples como dar tchau ou mandar beijo. Então, se a criança não tem esse tipo de compreensão entre um e dois anos de idade, pode-se pensar em uma perda auditiva”, acrescenta Marcos.

A fonoaudióloga Bruna Capalbo Youssef aponta para outros indícios a serem observados. “Fique atento a algumas atitudes que fujam do normal. Repare se você tem que aumentar muito o volume da televisão para que ele ouça, se tem que repetir as informações, se a criança não olha em sua direção quando você fala ou se só responde para sons muito altos.”

A otite média secretora é praticamente indolor, o que aumenta ainda mais a necessidade de reparar nos comportamentos da criança. “Muitas vezes a perda auditiva é percebida pela própria professora em sala de aula, que nota certa desatenção da criança ou baixo rendimento escolar”, diz o especialista.

Meu filho tem perda auditiva. E agora?

O tratamento dos problemas auditivos depende do grau da perda diagnosticado. Na maioria dos casos, elas são pequenas e causadas pelas otites médias, que são resolvidas por uma simples intervenção no tímpano.

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Uma perda, por menor que seja, pode afetar o desenvolvimento de linguagem da criança. Ela pode ter um atraso na linguagem, trocas na fala e até dificuldades de aprendizado na escola”, explica Bruna.

Quando os comprometimentos são maiores, a reabilitação pode ser feita com o uso de aparelhos auditivos ou com a colocação de um implante coclear.

“O implante coclear é indicado para crianças com perdas de graus mais profundos, em que o aparelho auditivo não consegue aumentar o som suficientemente para que a criança adquira a linguagem. Neste caso, as lesões das células da cóclea, o órgão auditivo sensorial, são mais significativas. A prescrição do implante acontece quando a pessoa tem comprometimento nas duas orelhas”, comenta o otorrinolaringologista.

Já o aparelho, é mais indicado para perdas de leve a moderada, e em alguns casos até severa, quando não se pode intervir na causa do problema. Por exemplo, “quando a lesão é na orelha interna e não há como as células sensoriais se regenerarem”, complementa Marcos.

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Mesmo depois da implantação, o processo não está finalizado. Tanto o aparelho auditivo quanto o implante coclear são dispositivos que requerem um acompanhamento posterior com fonoaudiólogos, profissionais que realizam as adaptações e fornecem os estímulos necessários para que a criança desenvolva a linguagem adequadamente.

“O ideal é que a reabilitação seja feita até dois anos de idade, o mais rápido possível, porque é justamente nessa faixa etária – entre um ano e meio e dois – que as vias auditivas centrais estão em franco desenvolvimento. Então, se a criança recebe estímulo sonoro durante essa fase da vida, ela tem maior condição de adquirir linguagem”, diz o médico.

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