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Quando levar o bebê ao dentista pela primeira vez?

Saiba em que momento procurar um odontopediatra e qual é a frequência ideal de consultas durante a infância

Por Carla Leonardi
Atualizado em 14 dez 2022, 15h57 - Publicado em 14 dez 2022, 15h50

Se as consultas periódicas com o pediatra têm presença garantida na agenda da família desde o parto, a ida da criança ao dentista, muitas vezes, acaba demorando a acontecer. Para se ter uma ideia, uma pesquisa desenvolvida em 2021 pelo Barómetro de Saúde Oral para a Ordem dos Médicos Dentistas (OMD) apontou que 73,4% das crianças com menos de 6 anos nunca consultaram um profissional da área. O que muitos não sabem, porém, é que o ideal é levar o bebê ao odontopediatra assim que nascem os primeiros dentinhos, para que seja feito um acompanhamento desde o início da dentição.

“É importante avaliarmos a sequência de nascimento dos dentes, se estão nascendo naturalmente ou se precisam de ajuda, bem como a relação dos ossos maxilares e da língua. Além disso, orientamos os pais sobre flúor, tipos de escova, alimentação, doenças comuns e as melhores maneiras de estimular a escovação”, explica Luisa de Mello Mattos, especialista em odontopediatria.

Segundo a profissional, há casos em que o bebê já nasce com o chamado “dente neonatal, o que demanda acompanhamento do dentista desde que o pequeno vem ao mundo. “É necessário avaliar se será preciso retirar o dentinho ou se é possível manter”, diz Luisa.

Frequência ideal de idas da criança ao dentista

De zero a três anos, como as mudanças são mais rápidas, a odontopediatra indica que a frequência de consultas seja de quatro em quatro meses. Depois, dos três anos em diante, recomenda-se levar a criança a cada seis meses, considerando boas condições de saúde bucal, apenas para prevenção.

Posso levar o bebê ao dentista da família?

De acordo com Luisa, o melhor é que as crianças sejam atendias por um odontopediatra, que é o especialista em cuidados de pacientes infantis. “Em nossa especialidade, estudamos psicologia infantil e aprendemos como deve ser o melhor manejo para ter consultas seguras e mais confortáveis para o bebê e para a família. A criança até pode acompanhar os pais no dentista da família, para entender que faz parte da rotina de saúde, mas o atendimento deve ser feito pelo odontopediatra”, pontua a profissional.

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Sobre a rotina familiar, Luisa lembra o quanto o exemplo dos pais pode fazer a diferença na relação dos filhos com o cuidado bucal. “As crianças são como esponjinhas. Se mostrarmos para elas desde cedo a importância das consultas de prevenção, tudo tende a ser mais leve e feliz. E mesmo com a consulta da criança menor de três anos sendo muitas vezes agitada e com choros (o que é normal, pois é assim que eles se comunicam no início), a maior frequência e a normalização das consultas pela família faz tudo ficar cada vez melhor”, destaca. É assim que o pequeno vai entendendo que é algo para o bem dele, levando o hábito para a vida.

Bebê menino, por volta de 2 anos, escovando os dentes. É branco, loiro e com os olhos castanhos. Está segurando sozinho uma escova de dentes verde, que está na boca. Está sem camiseta e aparece da barriga para cima. O fundo da foto é desfocado e branco.
(tommyandone/Envato)

A prevenção como chave

A família pode optar por conversar com um dentista ainda durante a gestação, pensando no estilo de vida que desejam proporcionar à criança. “Na maioria das vezes, os pais procuram o odontopediatra quando querem prevenir ou tratar a cárie dentária ou a má-oclusão [quando não há encaixe correto entre as arcadas dentárias] por hábitos de chupar chupetas ou o dedo”, alerta Vívian Farfel, odontopediatra e ortodontista pela Universidade de São Paulo. A questão que ela coloca, porém, é que alguns problemas podem ser prevenidos não apenas com a higiene correta dos dentes e o uso consciente de flúor, mas por meio da mudança de algumas atitudes do cotidiano.

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“Nosso estilo de vida moderno abrange uma dieta repleta de alimentos embalados e processados, açúcares refinados e alimentos básicos altamente adulterados”, aponta a especialista, alertando para as cáries como consequência dessa má alimentação. Além disso, ela lembra que, como vivemos excessivamente dentro de casa nos dias de hoje, processos alérgicos decorrentes também da alimentação e de outros hábitos de vida, sobretudo nas grandes cidades, levam à congestão nasal e, consequentemente, à respiração bucal, que também pode ocasionar a má-oclusão.

Por fim, Vívian alerta para a importância de um olhar global para a saúde dos pequenos, em um trabalho conjunto com pediatra, otorrino, fonoaudiólogo e/ou outros especialistas que o paciente possa demandar, visando a um pleno desenvolvimento. “Odontopediatras devem ser treinados para adotar a postura de médicos da boca e da face, cujas responsabilidades se estendem para muito além do alinhamento e da saúde dos dentes. Isso significa avaliação de todos os aspectos da boa saúde: postura da língua, respiração, alimentação, postura corporal, sono e estilo de vida“, finaliza.

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