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Primeiros socorros: saiba o que fazer em acidentes com crianças no parque

Joelho ralado, mordida de cachorro, desidratação... Se o passeio em família for interrompido por algum incidentes com os baixinhos, é bom estar preparado!

Por Flávia Antunes
Atualizado em 9 dez 2019, 14h23 - Publicado em 7 dez 2019, 10h01

Com o verão chegando e as férias escolares decretadas, passeios ao ar livre viram verdadeiros atrativos – e com razão, né? Afinal, é sempre uma boa ideia incentivar a criançada a sair de casa para entrar em contato com a natureza e brincar com os coleguinhas longe das telas. Porém, sabemos que todas as atividades têm seus riscos e, mesmo uma ida ao parque inofensiva pode trazer alguns sustos, principalmente quando envolve a agitação e euforia dos pequenos.

Pensando nisso, e para te ajudar a se preparar para estas ocasiões, separamos os principais socorros a serem tomados em caso de acidentes. Joelho ralado, picada de inseto e desidratação estão dentro da lista. Vem conferir!

Escoriações (os famosos “ralados” no joelho, cotovelo…)

Basta descer de forma desajeitada no escorregador para que seu filho saia com um ralado de brinde. Apesar da dorzinha chata, a lesão superficial não costuma ser motivo de grande preocupação. De acordo com Wylma Hossaka, pediatra da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o primeiro passo diante de uma escoriação é higienizar bem com água e sabão neutro. Ou seja, nada de sair colando curativo antes de limpar bem o machucado, viu? Colocar o adesivo direto na pele pode promover infecções e agravar o quadro que poderia ser simples.

Depois disso, e se houver necessidade, o curativo pode ser feito, passando um antisséptico na região e a envolvendo com gaze, por exemplo. Nessas horas, a médica também recomenda ignorar alguns saberes populares, como o de passar óleo ou pó de café para sarar o ralado.

(emholk/Getty Images)

Dependendo de onde a escoriação foi adquirida, alguns outros cuidados devem ser tomados. “É importante ficar atento para a questão de um ferimento causado por algum metal enferrujado. Isso porque, dependendo da idade da criança, ela ainda não tem o esquema completo de vacinação contra tétano”, explica Ramon Mendes, socorrista e palestrante na Unopar Ponta Grossa, no Paraná.

Batida na cabeça

As batidas na cabeça são incidentes bastante comuns – como resultado de colisões entre os próprios baixinhos ou em brinquedos, por exemplo. Nestes casos, a médica alerta para alguns fatores de maior risco. São eles: altura, velocidade e área do trauma. “A situação costuma ser mais grave quando envolve queda de alguma altura ou quando a criança está em movimento, como andando de bicicleta ou patins”, diz a doutora. “Quando a lesão afeta a região parietal, isto é, a lateral da cabeça, o caso pode ganhar preocupação extra”, acrescenta ela.

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O primeiro passo no caso deste acidente é avaliar a origem do machucado e se o pequeno apresenta alguns sintomas, como explica o socorrista. “Deve-se verificar a intensidade da batida e da lesão causada. Situações que requerem atenção são as que possam ter um ferimento no local, como inchaço ou corte com sangramento. Não se esqueça de ficar atento para possíveis alterações no comportamento e no estado de consciência da criança, principalmente se ela apresentar sonolência e vômito. Esses últimos são sintomas de traumas mais graves, que requerem avaliação médica”, indica Ramon.

Picada de inseto

Apesar de todo o bem-estar que respirar ar puro proporciona, a natureza também é estar em contato com animais e  insetos. Mesmo que a criança não seja das mais curiosas e não explore o habitat dos bichinhos, ela não está imune a eventuais picadas.

Para lidar com elas, tudo depende do agente responsável. Nos parques, picadas de vespa e abelha são bem comuns. Apesar do susto, Wylma explica que, se o pequeno não for alérgico, o incidente pode ser normalizado com alguns passos simples. “A primeira coisa a se observar é se o ferrão ficou na pele e retirá-lo. Depois, lavar com água e sabão e evitar coçar a região”, orienta ela. “Quando a face é atingida, a situação pode ser mais delicada. Na região cervical, por exemplo, localizada perto do pescoço, pode-se formar um edema, que é um inchaço decorrente do acúmulo de líquido na área, e prejudicar a respiração da criança”, alerta a pediatra.

Já animais peçonhentos podem exigir cuidados adicionais. “Depois de afastar a criança de quem a picou, os adultos devem tentar identificar o tipo de inseto, principalmente em situações com aranhas e escorpiões. Caso não seja possível a captura para o encaminhamento junto ao hospital, procure passar o maior número de detalhes que facilitem a identificação ou ainda tirar uma foto do animal”, ressalta Ramon.

O socorrista ainda reforça a importância do atendimento especializado nestes casos. “Todo acidente com animal peçonhento deve ser encaminhado ao hospital de referência para essas situações. Ou, de acordo com as reações que a criança apresentará, pode ser necessário o encaminhamento ao hospital de maior proximidade para agilizar o atendimento em caso de urgência”.

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Mordida de cachorro

Há quem ame os amiguinhos de quatro patas e há quem passe longe. Se seu filho se enquadra na primeira categoria, ele pode estar mais sujeito aos acidentes com pets. Afinal, mesmo que o cachorro seja aparentemente dócil, nada impede que eles reajam mal ao carinho de estranhos e “avancem” em alguma parte do corpo da criança.

Caso isso aconteça, Wylma aponta para um cuidado que nem sempre é levado em conta, mas que faz toda a diferença. “A primeira ação deve ser lavar muito bem a região da mordida. O dente do cão é extremamente contaminado com bactérias, que podem trazer infecções”. Se for um corte muito grande ou profundo, é importante recorrer ao pronto-socorro para receber atendimento adequado, ok?

Depois de acalmar a criança – pois dependendo da agressividade do animal ela ainda pode estar em choque-, é válido verificar o paradeiro do cachorro. “Se o cachorro tiver dono, procure saber se é vacinado. Já se não for possível identificar o proprietário, é recomendada a vacinação antirrábica, para prevenir a contração do vírus da raiva”, explica a médica.

    Desidratação

    O combo calor e brincadeira pode ser muito divertido, mas abre brecha para outro probleminha: a desidratação. O recomendado é que a família evite o passeio nos horários mais intensos de sol e nunca abra mão do protetor solar e da garrafinha de água (antes, durante e depois das atividades, viu?).

    (Khatawut Chaemchamras / EyeEm/Getty Images)

    Para constatar um quadro de desidratação, os pais devem ficar atentos aos seguintes sinais: boca seca, temperatura corporal elevada, lábios rachados, afundamento da moleira do bebê, fraldas secas há mais de 6 horas ou com urina amarela e com cheiro forte e choro sem lágrimas. Quanto ao comportamento do baixinho, Ramon explica que ele pode apresentar irritabilidade ou apatia, sonolência, cansaço excessivo ou alteração dos níveis de consciência.

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    O socorrista aponta que a desidratação nas crianças ocorre normalmente devido ao excesso de calor ou febre, mas também pode ter relação com episódios de diarreia e vômitos. Em todo o caso, é necessário retomar a ingestão de líquidos e, em situações mais extremas, recorrer a um posto médico.

      Fratura

      Dependendo do tipo de acidente – e, principalmente, se a criança está se queixando muito de dor – logo levantamos a suspeita de que algo “quebrou”. Claro que apenas um exame radiográfico poderá confirmar o diagnóstico, mas alguns indícios já alertam os adultos responsáveis. “São sinais da fratura de um osso os seguintes sintomas: dor local, deformidade aparente, incapacidade de movimentação do membro, inchaço local e crepitação, que é a sensação de casca de ovo quebrando”, sinaliza o estudioso de enfermagem.

      De acordo com ele, uma condição diferenciada pode afligir os pequenos. “Nas crianças, pode ocorrer uma fratura chamada galho verde. Como os ossos da criança não têm a rigidez de um adulto, o impacto faz com que lasque de um lado e o outro permaneça íntegro”, esclarece. É correr pro hospital mais próximo!

      Kit-mochila: o que levar aos passeios no parque

      São muitas orientações, não é mesmo? Mas nada de desespero, pais! Antes de sair para o passeio, alguns itens podem ser de grande uso para levar na bolsa ou mochila ao parque. E vale sempre a pena deixar bem claro: os primeiros socorros são importantes, porém não excluem o serviço profissional. Ou seja, nada de bancar a médica ou médico, viu?

      Para auxiliar nos pequenos ferimentos, alguns materiais são úteis. “São eles: gazes, ataduras, curativo adesivo, esparadrapo ou micropore e solução fisiológica”, lista o socorrista. Para a prática de esportes ou outras atividades, a pediatra ressalta a importância do uso de equipamentos, como capacete, joelheiras e cotoveleiras. Ela também recomenda a utilização de sapatos fechados, adequados à modalidade escolhida, e alerta para dois utensílios essenciais que não pode faltar na bolsa: protetor solar e garrafinha de água.

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      Cuidados com o lugar da brincadeira

      Melhor prevenir do que remediar, certo? Por isso, além de se atentar aos procedimentos de primeiros socorros, vale prestar atenção às condições do ambiente onde a criança irá brincar – se não apresenta perigo e se está apto para proporcionar um tempo de lazer saudável.

      Nos espaços de playgrounds no parque, os principais acidentes com os pequenos estão relacionados às quedas, tanto as de mesmo nível quanto as dos brinquedos. “Assim, deve-se atentar para as condições de segurança dos brinquedos, se existem partes soltas ou quebradas, pregos e parafusos expostos. Além disso, procure evitar roupas com cordões, colares ou similares para prevenir que as crianças se enrosquem e se machuquem”, diz Ramon.

      (d3sign/Getty Images)

      Outra recomendação é de, sempre que possível, vistoriar o local em que a criança irá brincar, para eliminar possíveis riscos como insetos e animais peçonhentos, pequenos objetos que possa colocar na boca, dejetos de animais, plantas com espinhos e cacos de vidro. “Além disso, busque ter cuidado com animais ou cachorros soltos e fique atento à presença de crianças maiores, que por vezes não têm a noção de cuidado com as menores, e podem empurrar e até derrubar os pequenos”, acrescenta o especialista.

      Em situações mais graves, as crianças devem ser encaminhadas ao hospital. “Caso necessite, acione o Corpo de Bombeiros pelo telefone 193. Essa última orientação é válida para os pais ou responsáveis que se encontrem nervosos ou abalados com o acidente ocorrido com a criança, de maneira que é contraindicado dirigir veículos não estando nas suas condições normais, para evitar acidentes de trânsito”, finaliza o socorrista.

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