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Como agir em acidentes domésticos com crianças

Asfixia, queda, afogamento e queimadura são alguns dos principais acontecimentos que podem colocar a vida dos pequenos em risco dentro de casa.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 6 jan 2017, 15h36 - Publicado em 24 jul 2015, 17h56
loflo69/Thinkstock/Getty Images
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Todo ano, 4,7 mil crianças morrem e 122 mil são hospitalizadas por causa de acidentes ou lesões não intencionais, segundo o Ministério da Saúde. Com esses números, dá para entender por que os acidentes são a principal causa de morte de brasileiros de 1 a 14 anos de idade. “Muitos deles acontecem no ambiente doméstico, principalmente com as crianças pequenas, que ficam mais tempo em casa”, revela a pediatra Renata Waksman, do Departamento Materno Infantil do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Entre os bebês que ainda não completaram o primeiro aniversário e aqueles que têm entre 1 e 2 anos, os acidentes que mais matam são as aspirações de objetos estranhos, como brinquedos e alimentos. Na faixa etária dos 2 aos 4 anos, as estatísticas apontam que os afogamentos e os acidentes de trânsito, a exemplo dos atropelamentos, são os mais fatais. “Se analisarmos os casos de atendimentos em prontos-socorros (e não de mortes), as quedas são a maioria”, conta Renata Waksman, que também faz parte do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

A boa notícia é que a maior parte dessas situações pode ser evitada com medidas preventivas simples. Mas quando uma delas acontece, saber como agir pode ser fundamental para salvar a vida do pequeno. A seguir, fique por dentro do que deve ser feito em cada tipo de acidente doméstico, das atitudes que não podem ser tomadas e de como manter a sua família longe de tudo isso.

Sufocamento e asfixia

Essas são as principais causas de mortes de crianças de até 2 anos. Em geral, esse tipo de acidente acontece quando bebês ingerem pedaços muito grandes de alimentos ou até objetos como peças de brinquedos, bolinhas de gude ou moedas. “O sufocamento também pode ser ocasionado por sacos plásticos, cordas e protetores de berço”, alerta o pediatra Alberto Helito, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Para prevenir essa fatalidade, é importante manter o seu filho longe de todas essas ameaças. Isso pode ser feito, por exemplo, oferecendo a ele comidinhas adequadas para a sua idade, como a papinha, e verificando a faixa etária indicada de todos os seus brinquedos.

O que fazer na hora do acidente

Se, ao engolir um alimento ou algum outro item, a criança estiver tossindo, a orientação é ficar perto e esperar até que ela consiga expelir sozinha o objeto estranho. Caso isso não aconteça e o pequeno fique pálido, é preciso chamar o resgate o mais rápido possível e procurar alguém que saiba fazer as devidas manobras de desengasgo e desobstrução das vias aéreas. “O ideal é que todo mundo que lida com crianças, não só os pais, faça um curso chamado Suporte Básico de Vida para aprender a realizar essas manobras”, indica Renata Waksman. Se feitas de forma incorreta, elas podem colocar a vida do seu filho em risco. Portanto, nada de tentar por conta própria!

O que não deve ser feito

Uma das atitudes que os pais costumam ter nesses momentos é colocar a mão dentro da boca da criança na tentativa de retirar o objeto. Mas isso pode piorar ainda mais a situação. “Na maioria das vezes, a pessoa acaba empurrando mais pra dentro o objeto”, alerta Helito.

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2. Queda

Está aí outro acidente doméstico bastante comum – e não pense que ele só acontece com os maiorzinhos. “A partir dos 4 meses, o bebê já consegue rolar, mas muitos pais não sabem dessa habilidade. Então, há casos em que a criança cai da cama ou do trocador”, exemplifica o pediatra do Instituto da Criança.

Para se manter longe disso, não tem jeito: é preciso estar sempre de olho nos pequenos. Em casa, certifique-se de que todas as janelas estejam travadas ou tenham telas de proteção ou grades; bloqueie o acesso às escadas e remova tapetes ou opte por modelos antiderrapantes.

O que fazer na hora do acidente

“Primeiro, segure a criança até que ela pare de chorar e observe sintomas diferentes do usual”, orienta a pediatra do Einstein. Entre eles estão perda de consciência, palidez, vômitos, choro prolongado, alterações no comportamento (sonolência ou agitação excessivas) e dor no pescoço ou nas costas. “Caso a criança esteja inconsciente, não é aconselhável removê-la do local”, adverte Renata. Aí, o melhor é chamar socorro e verificar se ela está respirando. Se não estiver, deve-se aplicar as manobras de ressuscitação – desde que haja alguém apto para fazer isso.

O que não deve ser feito

Demorar para levar ao hospital ou chamar uma ambulância.

3. Afogamento

Não pense que esse tipo de acidente acontece só no mar ou na piscina – baldes, vasos sanitários e banheiras também são um perigo! Para prevenir o afogamento, além de supervisionar as crianças (inclusive as mais velhas) quando elas estiverem perto de qualquer um desses locais, oriente-as a respeitar placas de proibição em praias, a não brincar de empurrar uns aos outros dentro d’água e nem fingir que está se afogando. Em casa, mantenha os baldes vazios e os banheiros fechados.

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O que fazer na hora do acidente

Remova a criança o quanto antes do local e deixe-a deitada. “É importante mantê-la aquecida, porque a hipotermia, que é a baixa temperatura, agrava os sintomas do afogamento”, indica Alberto Helito. E chame socorro imediatamente.

O que não deve ser feito

Se você não recebeu o treinamento adequado, não tente fazer manobras como respiração boca a boca ou compressão do tórax. “Tudo isso tem aplicação se feito por alguém que conhece as técnicas. Caso contrário, a pessoa só perderá tempo de pedir ajuda”, diz Helito.

4. Queimaduras

Elas podem ser causadas por fogo, líquidos ou comidas quentes e até pela eletricidade. Nos dois primeiros casos, a melhor forma de prevenir é manter a criança longe de locais como a cozinha, onde a maior parte desses acidentes acontece. Outra medida é evitar o uso de produtos inflamáveis, como o álcool.

Em relação à queimadura elétrica, a prevenção pode ser feita, por exemplo, substituindo fiações desencapadas, protegendo as tomadas e não permitindo que os pequenos manuseiem eletrodomésticos, como secadores de cabelo.

O que fazer na hora do acidente

Na queimadura com fogo, a orientação é rolar a criança no chão para tentar apagar as chamas e, assim que estiver controlado, lavar com água e levar para o hospital. No caso da queimadura por escaldamento, enquanto busca a ajuda de um profissional da saúde, lave a área com bastante água corrente.

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Já em quadros de queimadura elétrica, a situação é mais delicada. “A corrente percorre uma área maior do corpo da criança e pode acometer, inclusive, órgãos internos”, adverte Alberto Helito. Por isso, o primeiro passo é desligar o interruptor da chave e, depois, afastar a vítima da corrente elétrica. “O ideal é não encostar nela, porque você pode levar um choque também. Faça isso com algum material isolante, como um cabo de vassoura”, informa a pediatra da SBP. Em seguida, chame socorro e certifique-se de que a criança está respirando – se não estiver, inicie as manobras de ressuscitação ou procure alguém que esteja apto a fazê-las.

O que não deve ser feito

Demorar a pedir ajuda ou utilizar técnicas caseiras, como aplicar pasta de dente, café ou manteiga na área queimada. “Nada disso é útil”, afirma o pediatra do Instituto da Criança. O tratamento deve ser feito somente por um especialista, com o conhecimento e a higiene necessária.

5. Intoxicação

Não raro, os pequenos se dedicam a explorar novos territórios na casa e, ao se depararem com objetos nunca antes identificados, os colocam na boca sem pensar. De acordo com a PROTESTE Associação de Consumidores, as intoxicações costumam acontecer nos horários que antecedem as refeições e quando a rotina familiar é alterada, ou seja, durante as férias ou em mudanças. Entre os principais vilões estão remédios, produtos de limpeza e de higiene pessoal e até certas plantas.

Para prevenir esses acidentes, a PROTESTE sugere, por exemplo, guardar esses produtos fora da vista e do alcance das crianças; mantê-los em suas embalagens originais, e não em garrafas de refrigerante ou copos; e dar preferência a embalagens com tampas de segurança, mais difíceis de serem abertas.

“Quanto aos medicamentos, eu sempre oriento os pais a não se referirem aos comprimidos como balas, porque a criança entende que pode tomar quando quiser”, avisa Alberto Helito. Outra dica é não tomar remédio na frente da meninada.

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O que fazer na hora do acidente

A primeira coisa que deve ser feita é ligar para o Centro de Controle de Intoxicação mais próximo de onde você estiver e descrever o que foi ingerido, em que quantidade e o horário em que isso aconteceu. Enquanto a ajuda não chega, evite que o pequeno pule ou fique muito agitado. “A criança de pé favorece que esse tóxico desça mais rápido”, explica o pediatra.

O que não deve ser feito

Se a criança tiver engolido um remédio ou um produto, não dê água, leite ou qualquer outro líquido, pois isso vai fazer com que a substância tóxica seja absorvida mais rápido. O mesmo vale para o vômito: nesses casos, nunca estimule a criança a colocar o que ingeriu para fora. Além disso, não deixe o pequeno sozinho.

6. Cortes

Eles podem ser causados tanto por objetos cortantes quando por uma queda, por exemplo. Por isso, mantenha facas, canivetes e tesouras longe da garotada. E, claro, esteja sempre por perto.

O que fazer na hora do acidente

Cortes de pequena proporção devem ser lavados com água e sabão. “Isso é importante para desintoxicar a ferida e remover bactérias que podem entrar ali”, explica Alberto Helito. Se houver sangramento, pressione a área o máximo que puder e procure atendimento médico o mais rápido possível.

O que não deve ser feito

Não passe remédio dentro do machucado ou outros produtos, como álcool. Isso só deve ser feito com indicação médica.

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7. Mordidas de animais

Eles fazem um bem dano para os pequenos, mas é preciso ter certo cuidado. “Os animais têm alguns micro-organismos na boca que podem causar infecções específicas”, informa o pediatra do Instituto da Criança. É importante que cães e gatos estejam sempre vacinados. Além disso, quando a bicharada estiver perto do pequeno, esteja sempre de olho. “O melhor é evitar o contato muito próximo até que o bebê complete 3 meses de vida”, prescreve Helito.

O que fazer na hora do acidente

Lave o local com água e sabão e procure atendimento médico. Se possível, observe o animal para ver se ele não tem alguma doença.

O que não deve ser feito

Não passe produtos por conta própria. A esterilização e o tratamento devem ser feitos sob a orientação de um especialista.

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