Continua após publicidade

Posso ir ao parquinho com as crianças em tempos de coronavírus?

E na piscina? E no supermercado? Especialista explica para quais lugares pode ou não levar as crianças durante o período de isolamento por causa da doença.

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 23 mar 2020, 16h16 - Publicado em 22 mar 2020, 10h01

Como uma forma de prevenção contra o coronavírus (Covid-19), muitas escolas paralisaram as aulas. E com as crianças em casa, os pais estão precisando ter muito jogo de cintura para mantê-las entretidas. Só que mesmo com as atividades mais criativas, o tédio e o cansaço também chegam para os pequenos. Nesses momentos, a primeira luzinha que pisca na mente dos adultos é: “vou passear com o meu filho aqui pertinho!”. Mas será que pode?

Para ajudá-los a solucionar essa dúvida, listamos cinco situações nas quais os pais podem se pegar pensando se estarão expondo demais as crianças, ainda que elas não façam parte do grupo de risco e sejam menos suscetíveis à doença.

Confira o que pode e o que deve ser evitado, mas tenha em mente que, por mais difícil que seja, o período é de reclusão e afastamento social para conter a doença. Quanto menos a gente sair de casa, melhor.

1. “Posso levar meu filho no parquinho do prédio?”

Não deveria. “Se for um parquinho a céu aberto e não tiver outras crianças, sim. O que estamos pedindo é para não misturar famílias diferentes. Se você descer com o seu filho e ficar brincando no local, está tranquilo. Mas se um grupo grande de crianças e pais vai se formando, fica mais difícil ter controle da situação”, explica Célia Regina Bocci, pediatra do Sabará Hospital Infantil.

Continua após a publicidade

A médica ainda alerta sobre monitorar as crianças ao máximo para que elas não coloquem as mãos nos olhos, no nariz e na boca. Afinal, não temos como ter controle sobre quem tocou nos aparelhos antes e, vale ressaltar, a maioria das crianças pode ter o vírus, mas não ter os sintomas.

Ou seja, quem é pai sabe como esta tarefa é quase impossível, no meio da brincadeira. Diante de todas estas dificuldades, entende-se que o melhor é evitar ir ao parquinho também.

Para quem insistir na atividade, a especialista pede para que os adultos deem preferência para lugares abertos e que se tenha fácil acesso para lavar as mãos das crianças com frequência. Caso não tenha, é preciso estar com um álcool em gel por perto, além de ensiná-las a usar a dobra do braço ou um lencinho descartável para cobrirem o rosto quando tossirem ou espirrarem.

Continua após a publicidade

E é importante lembrar que é preciso chegar em casa e lavar as mãos, evitar entrar com o sapato da rua pela casa e, sempre que possível, tomar banho.

2. “Posso levar meu filho na piscina?”

Depende. Se for na piscina particular da sua residência, onde somente sua família usa, é uma situação. Agora, nas piscinas de condomínios, clubes e prédios, a questão é outra e não é indicado.

“O coronavírus não é transmitido pela água se a piscina for bem tratada. Mas o problema é estar perto das outras pessoas, porque, normalmente, não se desce sozinho para a piscina. Outras famílias também descem. E tem o risco de contaminação pela superfície também. Se a criança senta na cadeira, espirra ou tosse e estiver contaminada, tem chances de uma outra criança pegar a doença ali também”, esclarece a pediatra.

Continua após a publicidade

Por isso, a decisão de levar o pequeno para dar um mergulho precisa ser muito cautelosa. Só vale se o lugar estiver higienizado corretamente e não houver contato com outras famílias no local.

3. “Posso levar meu filho ao parque?”

Não é indicado. O problema aqui é que são tantas ressalvas, que talvez não compense. Pessoas infectadas podem ter tocado nos bancos, portões e bebedouros, por exemplo. O mesmo vale para o parquinho.

Em teoria, a pediatra pontua que é possível frequentar lugares abertos, como os parques, desde que se tenha infraestrutura para cuidar das crianças corretamente, como lavar as mãos delas com frequência.

Continua após a publicidade

No entanto, é preciso ter em mente que controlar completamente as ações de uma criança durante as brincadeiras, é quase impossível e limitaria o divertimento também. Fora que a interação com outros pequenos, tão comum em lugares como parques, está fora de cogitação, pois é preciso respeitar a distância de segurança também.

“E sobre isso precisamos conversar muito com a criançada. Que vamos precisar restringir algumas coisas, mas que é por um período, até que tudo se resolva”, lembra Célia sobre a importância de explicar o coronavírus para os pequenos.

Em algumas cidades, como São Paulo – epicentro da doença no Brasil – 106 parques municipais e estaduais foram fechados no sábado, 21 de março, por tempo indeterminado.

Continua após a publicidade

4. “Posso levar meu filho ao supermercado?”

Não. “É melhor que ele fique em casa. O supermercado é um local fechado e estará cheio de gente. Você vai colocar a mão no carrinho, nos produtos e não conseguirá limpá-las do jeito que precisa ser feito. E a criança também vai querer pegar as coisas e é mais difícil para você cuidar e controlá-la no local”, esclarece a pediatra.

Para entender melhor o risco, Célia dá um exemplo de uma situação que pode acontecer. “Vamos supor que eu espirrei em cima de um pacote de bolacha, não vou levá-lo, e devolvi para a prateleira. Na sequência, vem alguém pegá-lo e não lava a mão. Nisso, ele vai passar o produto para a outra, e vai virando uma cadeia de transmissão”.

5. “Posso chamar os amiguinhos do meu filho para vir em casa?”

Não. “A gente pede para fazer encontros virtuais. Pode fazer video call, as redes sociais, mas, por enquanto, encontros presenciais não. A gente precisa esperar um pouco para que as festas de aniversário, e os encontros familiares e de amiguinhos possam acontecer”.

Célia explica que o principal motivo disso é porque as crianças, por apresentarem sintomas leves ou até mesmo nenhum sinal do coronavírus, ainda que estejam contaminadas, podem acabar transmitindo a doença para quem faz parte do grupo de risco. Ou ainda para outras pessoas que estão mais suscetíveis à doença no momento por motivos específicos.

(Juliana Pereira/Bebê.com.br)
Publicidade