Entenda a relação entre diabetes gestacional e o parto cesárea
Entenda a condição que afeta uma parcela significativa de mulheres, como Tatá Werneck, e pode trazer prejuízos tanto para a mãe quanto para o bebê.
A aguardada Clara Maria, primeira filha de Tatá Werneck e Rafael Vitti, chegou ao mundo via cesariana no último dia 23. Tatá declarou a uma seguidora no Instagram que o parto foi cirúrgico, porque ela foi diagnosticada com diabetes gestacional.
A condição, caracterizada pelo aumento nos níveis de açúcar no sangue, não é rara e pode trazer complicações para mãe e bebê, mas nem sempre exige a cesariana. Em manual sobre o assunto, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) estima que 18% das gestantes atendidas na rede pública tenha diabetes gestacional.
Dados mundiais citados pela entidade calculam que um em cada seis nascimentos ocorre em mulheres com algum tipo de hiperglicemia na gravidez. Essa alta é normal do período, pois, ao mesmo tempo em que o bebê demanda mais glicose, a placenta libera hormônios que dificultam a ação da insulina, hormônio que coloca a glicose para dentro das células da mãe.
“Nesse cenário, o pâncreas precisa produzir mais insulina para dar conta da glicose, mas em algumas mulheres isso não ocorre, e o nível de açúcar se eleva”, comenta Mario Macoto Kondo, coordernador da Obstetrícia da Maternidade Pro Matre Paulista. Ter histórico de diabetes na família, idade superior a 35 anos, obesidade e sedentarismo podem aumentar as chances do problema surgir.
Diagnóstico do diabetes gestacional
Geralmente, o diabetes gestacional não tem sintomas, e a mulher acaba descobrindo a situação durante o pré-natal. Logo no início da gestação, ela faz um exame simples de glicemia em jejum. Se o resultado estiver acima de 92mg/dL, o quadro já é considerado diabetes gestacional e ela precisa fazer um acompanhamento constante da glicemia, controlar a alimentação e realizar exercícios físicos constantemente.
Se a glicose estiver abaixo desse nível, é preciso fazer um novo exame, o teste oral de tolerância à glicose, ou TOTG, entre a 24ª e a 28ª semana. “A mulher colhe a glicemia em jejum, depois toma uma substância rica em glicose e faz duas novas coletas, uma hora e duas horas depois de ingerir”, comenta Macoto.
Nessa prova, os resultados devem ser abaixo de 92mg/dL em jejum, abaixo de 180mg/dL e 153mg/dL na segunda e na terceira coleta, respectivamente.
Como é feito o tratamento?
Geralmente, com medidas comportamentais, como o controle alimentar, a dosagem constante da glicemia e a prática regular de atividades físicas. “Se isso não for o suficiente, prescrevemos medicamentos e alguns poucos casos vão precisar de insulina”, aponta Macoto.
As complicações do diabetes gestacional e o parto
Uma das complicações do diabetes gestacional, especialmente nos casos de difícil controle, é a macrossomia, quando o bebê cresce além do esperado e pesa mais de quatro quilos. O peso de Clara Maria ao nascer não foi divulgado, mas a pequena já tinha esse peso antes mesmo do parto, como Tatá confirmou a uma seguidora no Twitter:
Outro problema é a hipoglicemia. “Como a glicose cai muito rapidamente pois ele deixa de a receber da mãe, o bebê pode ter crises que exigem ação rápida”, destaca Macoto. Dificuldades respiratórias, quedas nos níveis de cálcio e icterícia são outras condições associadas ao diabetes gestacional.
Para a mãe, um dos riscos é de que, depois do nascimento, haja uma atonia uterina. “Quando isso ocorre, o útero não se contrai como deveria, o que pode levar a sangramentos importantes”, comenta o médico.
Não necessariamente o diabetes gestacional impede o parto normal, mas quando o bem-estar de mãe e filho está ameaçado, os médicos podem optar pela cesariana para impedir complicações.
Como fica o futuro
É muito provável que o diabetes gestacional volte em uma próxima gravidez, e o quadro também aumenta as chances da mulher desenvolver diabetes tipo 2, a doença crônica, anos depois. Uma boa maneira de diminuir a probabilidade disso acontecer é fazer um acompanhamento com o endocrinologista depois do parto.
Ficar de olho no peso também é importante, pois a obesidade é um dos fatores mais ligados ao surgimento da diabetes hoje.